21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 220considera que as Exposições são criações do mais alto grau de representaçõesmentais e de imaginários coletivos. 459As grandes feiras privilegiavam a exibição e aquisição de conhecimentossobre tecnologias, lugares e socie<strong>da</strong>des distantes, divulgando um saber compretensões enciclop<strong>é</strong>dicas e ideais evolucionistas. Mas, ao mesmo tempo, atuavamcom propósitos de entretenimento e espetáculo. As Exposições ofereciam odeslumbre que a tecnologia podia proporcionar, de um <strong>olhar</strong> para o passado apartir do ponto de vista privilegiado do homem moderno, senhor de suasuperiori<strong>da</strong>de sobre a natureza, mas tamb<strong>é</strong>m de um <strong>olhar</strong> para o futuro a partir <strong>da</strong>spossibili<strong>da</strong>des sugeri<strong>da</strong>s pelos novos inventos e descobertas. Neste contexto, asExposições amplificaram o mito do novo e o conceito de “socie<strong>da</strong>de doespetáculo” 460 , baseado na indústria moderna, onde o “desenrolar <strong>é</strong> tudo”. 461Apesar de Guy Debord ter demarcado a d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de 1920 como o início do queconceituou como socie<strong>da</strong>de do espetáculo 462 , em nosso ponto de vista esteprocesso <strong>é</strong> anterior. Iniciou-se no s<strong>é</strong>culo XIX, predominantemente na sua segun<strong>da</strong>metade, com as mu<strong>da</strong>nças urbanas e com o início <strong>da</strong>s Exposições Universais.Nossa convicção encontra apoio em textos de Walter Benjamin e T. J. Clark. ParaBenjamin, foi a partir <strong>da</strong>s exposições universais que o valor de troca <strong>da</strong>smercadorias passou a ser idealizado, relegando o valor de uso para o segundoplano. Neste momento, inaugura-se uma “fantasmagoria a qual o homem seentrega para divertir-se”. 463 Clark, considerando as dificul<strong>da</strong>des de definição dosconceitos de “espetáculo” e “socie<strong>da</strong>de do espetáculo”, aponta as origens dotermo para a d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de 1960 nos estudos teóricos do grupo InternacionalSituacionista, interessado em “regular ou suplantar a esfera do pessoal, doprivado, do cotidiano”. 464 Para Clark, embora reconhecendo a impossibili<strong>da</strong>de deuma temporali<strong>da</strong>de precisa, a origem do espetáculo coincide com o modernismo.As novas formas de vi<strong>da</strong> e lazer encaminhavam “um movimento em direção aomundo dos grands boulevards e grands magasins, bem como <strong>da</strong>s grandes459 REBERIOUX, M. op. cit. p. 3.460 DEBORD, Guy. A socie<strong>da</strong>de do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2004.461 Ibid., p. 17.462 DEBORD, Guy. Comentários sobre a socie<strong>da</strong>de do espetáculo. In: A socie<strong>da</strong>de do espetáculo. Rio deJaneiro: Contraponto Editora, 2004. p. 168-169.463 BENJAMIN, Walter. Paris, a capital do s<strong>é</strong>culo XIX. . In: Passagens. Belo Horizonte:Editora UFMG, São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. p. 44.464 CLARK, T. J. A pintura <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> moderna: Paris na arte de Manet e de seus seguidores. São Paulo:Companhia <strong>da</strong>s Letras, 2004. p. 42-43.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!