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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 219exemplos <strong>da</strong> Inglaterra, França e Estados Unidos, onde eram chama<strong>da</strong>s,respectivamente de Great Exhibitions, Expositions Universelles e World’s Fairs.No entanto, exibições artesanais e industriais de caráter nacional tinham sidofreqüentes na França e na Inglaterra a partir do s<strong>é</strong>culo XVIII e, mesmo antes, naI<strong>da</strong>de M<strong>é</strong>dia, geralmente relaciona<strong>da</strong>s a festivi<strong>da</strong>des religiosas. Com o passar dotempo, elas foram aumentando em importância e em itens exibidos. Uma destas serealizou em 1798, no Campo de Marte em Paris. Na Inglaterra, na d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de1830, diversas exibições liga<strong>da</strong>s a institutos de tecnologia chegaram a atrairpúblicos de at<strong>é</strong> trinta mil pessoas. 453 A primeira Exposição considera<strong>da</strong> de caráteruniversal foi realiza<strong>da</strong> em Londres em 1851. Embora esta palavra não constassedo seu nome, The Great Exhibition of the Works of Industry of All Nations, apretensão encontrava-se profun<strong>da</strong>mente arraiga<strong>da</strong>. Para o historiador Asa Briggs,a Exposição de 1851 foi o ponto culminante de uma longa e entrelaça<strong>da</strong> história, enão um evento surpreendente. 454 De forma análoga, consideramos que a história<strong>da</strong>s Exposições Universais encontra-se profun<strong>da</strong>mente relaciona<strong>da</strong> à <strong>construção</strong><strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> moderna.As Exposições Universais atuaram como difusores de valores, mas em umposicionamento mais amplo do que <strong>é</strong> freqüentemente sugerido em estudosrecentes 455 , onde elas aparecem como veículos de propagan<strong>da</strong> de massa. Em nossoponto de vista, os valores modernos transmitidos nas Exposições e suaascendência sobre o sentido <strong>visual</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de burguesa do s<strong>é</strong>culo XIX sãodemarcadores <strong>da</strong> <strong>construção</strong> de um habitus coletivo que definiu a <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de noperíodo. As próprias exposições podem ser analisa<strong>da</strong>s como representaçõesvisuais 456 , já que são compreendi<strong>da</strong>s “como modelos de mundo materialmenteconstruídos e <strong>visual</strong>mente apreensíveis”. 457 Para Barbuy, trata-se de um “veículopara instruir (ou industriar) as massas sobre os novos padrões <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>deindustrial (um dever-ser de ordem social)”. 458 De forma semelhante, Reberieux453 KUSAMITSU, Toshio. Great Exhibitions before 1851. History Workshop. n. 9. (Spring 1980): 70-89.apud The Books of the fairs. p. 5. http://microformguides.gale.com/Data/Introductions/10020FM.htm.Acesso em 25 de fevereiro de 2007 às 12:57h.454 BRIGGS, Asa. Exhibiting the Nation. History To<strong>da</strong>y, January 2000. p. 18455 Cf. PLUM, Werner. Exposições mundiais no s<strong>é</strong>culo XIX: espetáculos <strong>da</strong> transformação sócio-<strong>cultura</strong>l.Bonn : Friedrich-Ebert-Stiftung, 1979. e REBERIOUX, Madeleine. Approches de l’histoire de expositionsuniverselles à Paris du Second Empire a 1900. Bulletin du Centre d’histoire <strong>é</strong>conomique et sociale de lar<strong>é</strong>gion lyonnaise, n. 1, pp. 1-17, 1979.456 BARBUY, Heloisa. A exposição universal de 1889 em Paris. São Paulo: Edições Loyola, 1999. p. 24.457 Ibid., p. 17.458 Id.

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