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O OLHAR INOCENTE É CEGO 190Novas percepções no ambiente dos deslocamentosDiversos meios de transporte e comunicação tiveram influência nasmodificações ocorridas no tempo e no espaço ao longo do século XIX e napercepção do ambiente como, por exemplo, as viagens em balões, que permitiu àfotografia aérea mudar as percepções da superfície da terra. 380 A bicicleta,redesenhada em 1886, quando passou a contar com rodas de mesmo tamanho, eem 1890 quando ganhou pneus (pneumatic tires) favoreceu uma nova percepção apartir da velocidade obtida, quatro vezes maior do que ao se caminhar. Na gravurado periódico The Graphic vemos um policial perseguindo um ciclista em suaPenny Farthing (Figura 125), por andar pelas ruas sem o emprego de um cinto [?]ou apito. Os passantes parecem mobilizados pelo deslocamento de um veículo quenão parece ser de simples utilização, como podemos observar no anúncio depneumáticos de borracha para bicicleta (Figura 126). Uma curiosidadeinteressante sobre este anúncio é que, nele, o texto encontra-se em um balão deestórias em quadrinhos. Ao companheiro que caía da bicicleta, o outro homemdisse: “Você deveria ter utilizado o processo Bown's ‘Perfect”.Figura 125. Policial perseguindo um ciclista, "PennyFarthing". The Graphic, 1880. The Illustrated London NewsPicture Library. (05/06/07)380 HARVEY, D. op. cit., p. 240.
O OLHAR INOCENTE É CEGO 191Figura 126. Anúncio de Bown's "Perfect", processo perfeitopara fixação de pneumáticos de bicicletas. Sporting andDramatic News, 1887. The Illustrated London News PictureLibrary. (05/06/07)Em 1892, Sylvester Baxter observava que a bicicleta “acelerou asfaculdades perceptivas dos jovens, tornando-as mais alertas”. 381 Um tipo deobservação que, nos dias atuais, é dirigida aos jovens que utilizam jogoseletrônicos.As questões relativas à percepção na metrópole não se limitavam ao fato deacostumar-se a dividir as ruas com veículos “velozes” ou perigosos. Napublicação científica Revue Scientifique, publicada em Paris no ano de 1896, umcerto Du Pasquier apresenta um artigo investigativo, na área de psicologia, sobreas razões da obtenção de prazer ao utilizar a bicicleta 382 . Para o autor a razão desteprazer encontra-se no movimento, na sensação de liberdade do seu gesto à custade um baixo custo de energia necessária para a obtenção da velocidade. Citandotrabalhos anteriores, Du Pasquier rejeita a idéia de que o prazer de andar debicicleta possa estar relacionado à busca e alcance do equilíbrio necessário a essafunção.As observações dos contemporâneos em relação ao uso da bicicleta mostramque a preocupação com o novo não ser reduzia apenas às ferrovias, mas trata-se deum embate mais amplo entre o novo e o moderno. Os críticos dos novos meios detransporte gostavam de fazer crer que as tecnologias antigas e pré-industriais381 BAXTER, Sylvester, Economic and Social Influences of the Bicycle, The Arena, Outubro de 1982, apudKERN, Stephen. The culture of time and space : 1880-1918. Cambridge: Harvard Univ., 1983. p. 111.
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