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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 189apontados por Hall mostram-se pertinentes à experiência do homem urbano dos<strong>é</strong>culo XIX, o que nos permite imaginar este processo de aceleração como umaespiral, sobre a qual o homem vem sendo movido aos solavancos. Neste contexto,cabe antecipar uma curta reflexão sobre os efeitos <strong>da</strong> “aniquilação do espaço e dotempo” na <strong>construção</strong> <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> moderna. Na medi<strong>da</strong> em quecompreendemos o <strong>olhar</strong> como uma atitude perceptiva atuante em conjunturaespecífica de tempo e espaço, que efeitos podem ser observados com amodificação deste contexto?Criamos uma metáfora <strong>visual</strong> para explicar como compreendemos os efeitos<strong>da</strong> modernização do tempo e do espaço sobre a <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de. Imaginamos umambiente, uma sala, por exemplo, com paredes móveis. Neste ambiente, foramdispostas algumas figuras. Para travar contato com estas imagens, o observadordisporia de um tempo determinado, ao fim do qual uma campainha soaria. Emcerto ponto do nosso experimento, passamos a deslocar as paredes, aproximandoas,de forma a reduzir o espaço interno <strong>da</strong> exposição. Ao mesmo tempo, ointervalo disponível para a observação foi sendo diminuído de alguns segundos,enquanto o número de imagens permaneceu constante. Em um primeiro momento,a nossa tendência seria acreditar, na medi<strong>da</strong> em que o tempo e o espaço fossemsendo restringidos, na ocorrência de uma diminuição <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de perceptiva.No entanto, devemos considerar que este processo não acontece de formarepentina e sim paulatina. Analogamente, as observações dos autorescontemporâneos às mu<strong>da</strong>nças provoca<strong>da</strong>s pelas ferrovias evidenciam um processoanterior à a<strong>da</strong>ptação a essas novas condições. Na medi<strong>da</strong> em que estas mu<strong>da</strong>nçasvão sendo incorpora<strong>da</strong>s como uma segun<strong>da</strong> natureza elas vão ser absorvi<strong>da</strong>sdentro <strong>da</strong> nova capaci<strong>da</strong>de perceptiva. No contexto criado pela metáfora acima,cremos que mais importante do que assinalar uma per<strong>da</strong> na percepção (em relaçãoà compressão do tempo e do espaço), <strong>é</strong> considerar a <strong>construção</strong> de um novoesquema perceptivo.379 HALL, Stuart. A identi<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l na pós-moderni<strong>da</strong>de. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1992. p. 69.

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