21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 185de índice que aponta para o resultado de uma exposição a uma enti<strong>da</strong>depreexistente, seu aspecto icônico que remete à semelhança direta com o objetopermitindo o reconhecimento imediato e, finalmente, sua natureza destacável quelhe permite referenciar-se a um objeto ausente, distante em tempo e espaço. 367Neste contexto, a fotografia compartilha uma esp<strong>é</strong>cie de poder. Algo queBenjamin, sem associar diretamente à fotografia, sugere ao comparar rastro eaura: “O rastro <strong>é</strong> a aparição de uma proximi<strong>da</strong>de, por mais longínquo esteja aquiloque o deixou. A aura <strong>é</strong> a aparição de algo longínquo, por mais próximo estejaaquilo que a evoca. No rastro, apoderamo-nos <strong>da</strong> coisa; na aura, ela se apodera denós”. 368 A evidência revela<strong>da</strong> na fotografia assume, como um testemunhotecnológico, uma correspondência com a ver<strong>da</strong>de, na medi<strong>da</strong> em que “o aparelhonão pode mentir” 369 e traz consigo o rastro do corpo que <strong>é</strong> examinado. É nestecontexto que, na sinal<strong>é</strong>tica, a fotografia <strong>é</strong> emprega<strong>da</strong> visando à instrumentação dorealismo e a racionalização <strong>da</strong> visão sobre fun<strong>da</strong>mentos científicos. A fotografiapolicial permitiu o reconhecimento do referente do mesmo modo que, comovimos anteriormente, a perspectiva e a gravura impressa haviam atuado,ampliando as possibili<strong>da</strong>des de uma <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> atrav<strong>é</strong>s <strong>da</strong> padronização e <strong>da</strong>estruturação <strong>da</strong>s convenções visuais.A análise <strong>da</strong>s configurações visuais do s<strong>é</strong>culo XIX a partir do emprego denovas tecnologias e de uma nova configuração urbana aponta para uma aparentecontradição. De um lado, possibilitando um novo modo de <strong>olhar</strong>, a rec<strong>é</strong>m cria<strong>da</strong>configuração urbana que abre novos espaços, modifica o ambiente e as relaçõessociais al<strong>é</strong>m <strong>da</strong>s novas tecnologias que interferem na compreensão do tempo e doespaço. O <strong>olhar</strong> se torna panorâmico e lhe <strong>é</strong> arbitrado o poder de absorver milcoisas. No entanto, esta abertura que o <strong>olhar</strong> obt<strong>é</strong>m a partir <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de,tamb<strong>é</strong>m clama por limites que o organize. Surge, em paralelo uma tendência àpadronização e à criação de convenções que tente estruturar, organizar e controlaro que já não tem controle. As influências do <strong>olhar</strong> são “naturaliza<strong>da</strong>s”, apadronização precisa ser realimenta<strong>da</strong> e o novo acena como alimento permanentepara este <strong>olhar</strong>.367 GUNNING, T. op. cit., p 45-46.368 BENJAMIN, Walter. O Flâneur. In: Passagens... [M 16a 4], p. 490.369 GUNNING, T. op. cit., p 66.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!