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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 165O grande número de produtos disponíveis permitia uma ampla margem deescolha e tamb<strong>é</strong>m uma eventual substituição, no caso de não se encontrar oproduto desejado originalmente. Finalmente, a diminuição na margem dos lucrospossibilitou uma grande rapidez de reposição de mercadoria. As mercadoriastamb<strong>é</strong>m podiam ser escolhi<strong>da</strong>s atrav<strong>é</strong>s de catálogos e remeti<strong>da</strong>s para qualquerparte do planeta. Itens acima de 25 centavos eram enviados sem custo paradiversos países <strong>da</strong> Europa: “Entregamos tão longe quanto um cavalo possaalcançar em Paris”. 331 Outra grande invenção foi a liqui<strong>da</strong>ção de inverno cria<strong>da</strong>para aju<strong>da</strong>r a “queimar” o estoque de produtos não vendido no natal e na vira<strong>da</strong> doano, reforçando a rotativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mercadoriasDiferentemente do que ocorria em outros empreendimentos relacionados àindústria, Boucicaut e sua esposa eram reconhecidos por se preocuparem com ascondições de trabalho dos empregados. Al<strong>é</strong>m <strong>da</strong>s comissões origina<strong>da</strong>s a partir<strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, os empregados contavam com assistência m<strong>é</strong>dica e um fundo deprevidência para a aposentadoria. Recebiam refeições no local de trabalho efolgavam aos domingos. Este tratamento paternalista acontecia muito antes dequalquer obrigação trabalhista legal. As obrigações e benefícios dos empregadoseram divulgados em publicações impressas que ressaltavam o papel filantrópicodo empreendimento. 332 Quando iniciou a <strong>construção</strong> do grande edifício <strong>da</strong> loja,em 1869, Boucicaut fez acrescentar uma placa com um pequeno texto ondedeixava claro que desejava fazer <strong>da</strong> instituição uma organização filantrópica comogratidão pelos “seus esforços sempre terem sido recompensados pelaProvidência”. 333Qualquer um podia circular – mesmo que por pura diversão – pelospavimentos dos grands magasins de noveaut<strong>é</strong>. O espaço físico <strong>da</strong>s lojas dedepartamento incorporava outros usos al<strong>é</strong>m <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> de produtos. Em Paris estesespaços se estabeleceram entre as atrações turísticas mais importantes <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de. 334 Na loja do Bon March<strong>é</strong> havia visitas guia<strong>da</strong>s diárias, comacompanhantes em diversos idiomas, al<strong>é</strong>m de uma galeria para exposição de331 LE BON MARCHÉ RIVE GAUCHE - press release new edition October 2004. p. 6.332 Au Bon March<strong>é</strong>. R<strong>é</strong>sum<strong>é</strong> du r<strong>é</strong>glement g<strong>é</strong>n<strong>é</strong>ral ; en Institutions philanthropiques en faveur du personnel /Au Bon March<strong>é</strong>, nouveaut<strong>é</strong>s, Maison Aristide Boucicault,... Publication: Paris: Maison A. Boucicaut, 1894.In: Acesso em 25/07/2007 às 20:15.333 History of Le Bon March<strong>é</strong>. Acesso em 25/07/2007.334 TIERSTEN, Lisa. Marianne in the market: envisionig consumer society in fin-de-siècle France. LosAngeles: University of California Press, 2001. p. 26.

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