21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 164para compensar “na escala coletiva os efeitos nefastos do esquecimento. Quantomais efêmera <strong>é</strong> uma <strong>é</strong>poca, tanto mais ela se orienta pela mo<strong>da</strong>”. 326A mo<strong>da</strong> <strong>é</strong> o fun<strong>da</strong>mento sobre o qual as lojas exercem seu poder de atraçãosobre o <strong>olhar</strong> do transeunte. Em um texto de 1822, reproduzido por Benjamin,lemos:Os olhos são conduzidos como que à força, <strong>é</strong> preciso <strong>olhar</strong> para cima e ficar paradoat<strong>é</strong> que o <strong>olhar</strong> seja restituído. O nome do comerciante ou de sua mercadoria estáescrito dez vezes em tabuletas pendura<strong>da</strong>s por to<strong>da</strong> parte, sobre as portas, acima<strong>da</strong>s janelas, o lado externo <strong>da</strong> abóba<strong>da</strong> assemelha-se ao caderno de uma criança deescola, que repete continuamente as poucas palavras a serem copia<strong>da</strong>s. 327At<strong>é</strong> a segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX, as lojas de varejo eramespecializa<strong>da</strong>s. Em geral pertenciam a um indivíduo ou família e disponibilizavamartigos produzidos artesanalmente. Os compradores se dirigiam a estesestabelecimentos em busca de itens específicos e, de uma maneira geral, tinhamem mente o que iriam encontrar.A partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX, os espaços comerciais passarama se organizar em cadeias, como na Inglaterra, ou em lojas de departamento, comoLe Bon March<strong>é</strong>, Le Louvre e La Belle Jardinière 328 , nasci<strong>da</strong>s na França. A novadinâmica comercial foi estabeleci<strong>da</strong>, principalmente, a partir <strong>da</strong> produção deartigos em massa e <strong>da</strong>s transformações urbanas.Le Bon March<strong>é</strong> era uma pequena loja parisiense, quando em 1863,Boucicaut comprou a parte dos sócios e passou a imprimir novas características aoempreendimento que at<strong>é</strong> os dias de hoje se assina como “Maison AristideBoucicaut”. Buscando caracterizar a casa por sua honesti<strong>da</strong>de, qualquer compraque não satisfizesse o consumidor poderia ser troca<strong>da</strong> por outra ou ter restituído ovalor pago. 329 Todos os produtos tinham preço fixo, indicado sobre etiquetas. Estainovação ousa<strong>da</strong> suprimia a pechincha e a ‘ven<strong>da</strong> segundo a cara do freguês’. 330326 BENJAMIN, Walter. Passagens... p. 104-105. [B 2,4].327 Ludwig Börne, Schilderungen aus Paris, 1822 e 1823, VI (“Die Läden”), in: Gesammelte Schriften,Hamburgo / Frankfurt a. M., 1862, III, pp. 46-49. apud, BENJAMIN, W. Passagens... p. 99-100. [A, 12a].328 Benjamin aponta o nascimento <strong>da</strong>s três lojas francesas a partir de 1852. BENJAMIN, W. Passagens.. p.89. [A 6,2].329 Souvenir of the Bon Marche, Paris. Impresso por The Bon Marche by Imprimerie Lahure, 9, rue deFleures, a Paris. Lipinsky Family Collection, D.H. Ramsey Library Special Collections, UNCA, USA. In: Acesso em21/07/2007 às 11:00.330 George d’Avenel, “Le m<strong>é</strong>canisme de la vie moderne: Les grands magazins”, Revue de Deux Mondes,Paris, 1894, pp. 335-336; 124 tomos” apud BENJAMIN, Walter. Passagens... p. 98. [A 12,1].

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!