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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 160vi<strong>da</strong> rural extrai”. 308 Opondo os ritmos de vi<strong>da</strong> urbano e rural, observa que naúltima “o conjunto sensorial de imagens mentais flui mais lentamente, de modomais habitual e mais uniforme. 309 O ci<strong>da</strong>dão urbano sujeito a estímuloscontrastantes acaba por adotar uma atitude blas<strong>é</strong>. “Uma vi<strong>da</strong> em perseguiçãodesregra<strong>da</strong> ao prazer torna uma pessoa blas<strong>é</strong> porque agita os nervos at<strong>é</strong> seu pontode mais forte reativi<strong>da</strong>de por um tempo tão longo que eles finalmente cessamcompletamente de reagir”. 310 Esta manifestação fisiológica consiste “noembotamento do poder de discriminar”. 311 Os objetos são percebidos como“destituídos de substância” e aparecem à pessoa blas<strong>é</strong> num tom uniformementeplano e fosco, sem grandes relevâncias. “Objeto algum merece preferência sobre ooutro”. 312 O excesso de estímulos faz como que a atitude blas<strong>é</strong> surja como umaforma de autopreservação. O resultado <strong>é</strong> que para que venha a interagir comobjetos ou imagens, o homem moderno irá precisar de estímulos ca<strong>da</strong> vezmaiores. Já em 1910 o termo “hiperestímulo” aparece associado ao novo ambientemetropolitano <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de. 313 A teoria de Simmel ain<strong>da</strong> ecoa com bastanteatuali<strong>da</strong>de em nossos dias, inclusive sendo reforça<strong>da</strong> pelas modificações ocorri<strong>da</strong>sna natureza e intensi<strong>da</strong>de dos estímulos surgidos nas últimas d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong>s comoconseqüência do aparecimento de novas de comunicação.Walter Benjamin, influenciado por Simmel, avalia a experiência <strong>da</strong>moderni<strong>da</strong>de a partir <strong>da</strong> transformação de Erfahrung em Erlebnis 314 . Erfahrungtrata <strong>da</strong> “experiência” relaciona<strong>da</strong> à obtenção de um conhecimento semintervenção <strong>da</strong> consciência, mas sedimentado com o tempo. Erlebnis <strong>é</strong> a vivênciaimediata, “do indivíduo privado, isolado <strong>é</strong> a impressão forte, que precisa serassimila<strong>da</strong> às pressas, que produz efeitos imediatos”. 315 É relaciona<strong>da</strong> à impressãodo indivíduo desconsiderando sua inserção na comuni<strong>da</strong>de. Erfahrung pertence aodomínio do artesanal, relaciona-se à continui<strong>da</strong>de, à memória, à narrativa e a umarelação significativa com o passado enquanto Erlebnis <strong>é</strong> própria <strong>da</strong> experiência308 Id.309 SIMMEL, G. op. cit., p. 12.310 Ibid., p. 16.311 Id.312 Id.313 DAVIS, Michel M. The explotation of pleasure. Nova York: Russel Sage Foungation, 1911 p. 33-36,apud SINGER, B. op. cit., p 119.314 A questão <strong>da</strong> experiência aparece em diversos textos de Benjamin. Cf. BENJAMIN, Walter. Sobre algunstemas em Baudelaire.... p. 104 a 149.315 BARBOSA, Jos<strong>é</strong> Carlos Martin, re<strong>da</strong>tor t<strong>é</strong>cnico, citando KONDER, Leandro. BENJAMIN, W. Sobrealguns temas em Baudelaire... p. 146.

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