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21.07.2015 Views

O OLHAR INOCENTE É CEGO 150determinados produtos? Em busca de algumas destas respostas, realizamos umlevantamento na coleção British Library procurando localizar impressos dasegunda metade do século XIX: peças efêmeras, de divulgação ou materialjornalístico. O resultado obtido indicou um amplo e surpreendente cardápio deobjetos e temas oferecidos ao olhar e ao desejo do consumidor moderno.Em primeiro lugar, destacou-se na nossa investigação, a grande quantidadede impressos jornalísticos, alguns ilustrados. As novas invenções relacionadas àreprografia e à impressão ao longo do século XIX fizeram nascer a imprensamoderna ilustrada. Ao menos vinte revistas ilustradas surgiram na Europa. NovaYork tinha seis, enquanto México, Brasil, Uruguai, Canadá, Austrália e África doSul também possuíam cada um sua publicação. Havia também os jornais satíricoscomo o Le Charivari de 1832 e o Punch de 1841, além da revista científica TheScientific American que começou a circular em 1845. Em Londres os periódicosse dirigiam a diversos segmentos da sociedade. Algumas publicações dedicadas àclasse trabalhadora eram vendidas a um penny (Figura 79; Figura 80) ou mesmomeio penny (Figura 81). O grande número de títulos evidencia a popularidadedeste material voltado tanto para a informação quanto para o entretenimento. Nasfiguras aqui reproduzidas, vemos a reprodução de um folheto do periódicoMoonshine (Figura 80) que incluía ilustrações e comentários políticos organizadosde uma maneira próxima ao que hoje classificamos como comics. O anúnciopublicado no Penny Illustrated (Figura 81) divulga o lançamento de um jornalcom sete edições diárias ao custo de meio penny. O texto do anúncio destaca aenorme pretensão do novo jornal londrino em ser o jornal “da casa”, “dostrabalhadores”, “dos políticos”, “dos amantes do esporte”, “dos que procuramdiversão”, “dos que procuram negócios”, enfim, dos que se ocupam e dos queprocuram lazer.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 151Figura 79. Folheto depropaganda do periódicoThe Million. EvanionCollection of Ephemera.The British Library.(2/12/07)Figura 80. Folheto depropaganda do comicsMoonshine. EvanionCollection of Ephemera.The British Library.(2/12/07)Figura 81. The evening times. Sete ediçõesdiárias. Penny Illustrated, 29 de outubro de1910. The British Library. (2/12/07)O avanço de peças impressas em ritmo industrial sistemático e contínuo emdireção ao infinito é compartilhado em diversos outros campos do cotidianotransitório do homem urbano, o que pode ser evidenciado através do exame defolhetos publicitários. Nesta parte do trabalho iremos analisar exemplosdiretamente relacionados ao cotidiano da vida dos moradores urbanos e que tratamda sua alimentação e higiene. Um exemplo relevante é encontrado em um anúnciode rótulos para embalagens (Figura 82) de diversos tipos de alimentos. Os rótulospassaram a ser utilizados na embalagem de produtos das grandes manufaturas, apartir da segunda metade do século XIX. Até esta data, as mercearias e lojas dealimentos realizavam o empacotamento de seus produtos em jarras ou pacotes depapel na própria loja. No mostruário reproduzido no folheto de propaganda daFell & Briant, apesar da ausência de imagens, os rótulos de produtos diversoscomo pastilhas para a tosse, balas de gengibre e confeitos utilizam até três coresde impressão e uma ampla variedade de fontes tipográficas. É interessanteobservar que os produtos alimentícios ao deixarem de mostrar-se diretamente aopúblico antes de serem embalados, acabaram tendo que buscar valor no nome damarca.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 151Figura 79. Folheto depropagan<strong>da</strong> do periódicoThe Million. EvanionCollection of Ephemera.The British Library.(2/12/07)Figura 80. Folheto depropagan<strong>da</strong> do comicsMoonshine. EvanionCollection of Ephemera.The British Library.(2/12/07)Figura 81. The evening times. Sete ediçõesdiárias. Penny Illustrated, 29 de outubro de1910. The British Library. (2/12/07)O avanço de peças impressas em ritmo industrial sistemático e contínuo emdireção ao infinito <strong>é</strong> compartilhado em diversos outros campos do cotidianotransitório do homem urbano, o que pode ser evidenciado atrav<strong>é</strong>s do exame defolhetos publicitários. Nesta parte do trabalho iremos analisar exemplosdiretamente relacionados ao cotidiano <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos moradores urbanos e que tratam<strong>da</strong> sua alimentação e higiene. Um exemplo relevante <strong>é</strong> encontrado em um anúnciode rótulos para embalagens (Figura 82) de diversos tipos de alimentos. Os rótulospassaram a ser utilizados na embalagem de produtos <strong>da</strong>s grandes manufaturas, apartir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX. At<strong>é</strong> esta <strong>da</strong>ta, as mercearias e lojas dealimentos realizavam o empacotamento de seus produtos em jarras ou pacotes depapel na própria loja. No mostruário reproduzido no folheto de propagan<strong>da</strong> <strong>da</strong>Fell & Briant, apesar <strong>da</strong> ausência de imagens, os rótulos de produtos diversoscomo pastilhas para a tosse, balas de gengibre e confeitos utilizam at<strong>é</strong> três coresde impressão e uma ampla varie<strong>da</strong>de de fontes tipográficas. É interessanteobservar que os produtos alimentícios ao deixarem de mostrar-se diretamente aopúblico antes de serem embalados, acabaram tendo que buscar valor no nome <strong>da</strong>marca.

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