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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 135ruas e casas de forma individual, sem garantir a manutenção <strong>da</strong> escala, de modoque nenhum projeto de engenharia poderia ser construído sobre dele. Sua força <strong>é</strong>est<strong>é</strong>tica e narrativa ao contrário do pragmatismo e <strong>da</strong> precisão geom<strong>é</strong>trica domapa <strong>da</strong> Ordnance Survey. 254 Embora sem seguir diretamente as regras <strong>da</strong>perspectiva, o mapa de Banks encontra-se relacionado à racionali<strong>da</strong>dedesenvolvi<strong>da</strong> com o <strong>olhar</strong> ciclópico porque estabelece um ponto de vista único apartir do qual a ci<strong>da</strong>de pode ser observa<strong>da</strong>. Um ponto de vista que planifica aci<strong>da</strong>de garantindo a manutenção de suas proporções e medi<strong>da</strong>s. O mapa <strong>da</strong>Ordnance Survey divide a ci<strong>da</strong>de de forma geom<strong>é</strong>trica entre espaços livres eespaços construídos. A ci<strong>da</strong>de perde sua dimensão tridimensional e transforma-seem uma superfície plana codifica<strong>da</strong>. Não há um ponto de vista específico namedi<strong>da</strong> em que ela pode ser vista, ao mesmo tempo, a partir de todos os pontos ede lugar nenhum. 255 A narrativa que se desprende do mapa <strong>da</strong> Ordnance Survey <strong>é</strong>muito diferente <strong>da</strong>s pequenas narrativas detalha<strong>da</strong>s pelo mapa de Banks. Trata-se<strong>da</strong> grande narrativa do progresso e do desenvolvimento pretendido com amodernização, do compromisso com a serie<strong>da</strong>de desenvolvimentista. Sua acuráciaelimina as convenções representativas por semelhança para requerer um modo de<strong>olhar</strong> mais abstrato e concentrado. Um <strong>olhar</strong> racional e convencional a sercompartilhado por uma população que começava a sentir-se moderna.3.2.2. Um <strong>olhar</strong> sobre as reformas urbanasAs reformas urbanas podem ser compreendi<strong>da</strong>s como o grande signo <strong>da</strong>modernização, principalmente quando se considera a remodelação de Paris naúltima metade do s<strong>é</strong>culo XIX. A nova feição <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de moderna foi conduzi<strong>da</strong>,em um processo muitas vezes criticado, pelo Barão Haussmann, indicado prefeitode Paris (1852-1870) pelo imperador Napoleão III. No entanto, as vozes queapontavam para o desaparecimento <strong>da</strong> antiga Paris, já podiam ser ouvi<strong>da</strong>s desde ad<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de 1830, muito antes do início <strong>da</strong>s obras de Haussmann. Esta situaçãopode ser compreendi<strong>da</strong> de diversos modos. Se a percepção <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça talvezindicasse um desejo oculto por esta renovação, os sinais concretos desta254 Ibid., p. 22.255 Id.

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