21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 131significou uma obra de grandes proporções, estendendo-se por to<strong>da</strong> a d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de1860, entre projeto e <strong>construção</strong>. Dentre os requisitos principais doempreendimento encontrava-se a <strong>construção</strong> de um novo sistema de esgoto e deuma larga calça<strong>da</strong> ao longo do rio. De suas margens lamacentas surgiramaveni<strong>da</strong>s, calça<strong>da</strong>s, estra<strong>da</strong>s de ferro e túneis subterrâneos.Embora o Tamisa há muito figurasse entre os principais temas <strong>da</strong> pinturainglesa, as obras que mu<strong>da</strong>ram seu curso e sua relação com a ci<strong>da</strong>de ofereceramnovas possibili<strong>da</strong>des de representação. A representação antropomórfica do rioTamisa parece ter sido relega<strong>da</strong> ao passado na medi<strong>da</strong> em que a modernização <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de passou a receber um tratamento gráfico digno <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de. Nestecontexto, a pintura de Hull (Figura 63), apesar de utilizar uma t<strong>é</strong>cnica derepresentação tradicional para ilustrar a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> modernização quetransformava a ci<strong>da</strong>de, apresenta uma nova possibili<strong>da</strong>de de compreensão doambiente urbano em transformação. No trabalho de Hull, a dimensão <strong>da</strong> obrareduz a proporção <strong>da</strong> figura humana a um mero conjunto de pontos integrados aterra e à madeira. A velha Londres permanece ao fundo, parcialmente oculta pelabruma, assistindo ao surgimento <strong>da</strong> nova Londres. Já a ilustração publica<strong>da</strong> noIllustrated London News (Figura 64) utiliza uma nova t<strong>é</strong>cnica de representaçãopara expressar as mu<strong>da</strong>nças produzi<strong>da</strong>s tanto acima como abaixo <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong>terra e <strong>da</strong> água. Nela, as obras de represamento do rio Tamisa mostram-se atrav<strong>é</strong>sde um corte de seção transversal do terreno que permite a <strong>visual</strong>ização de to<strong>da</strong>s asbenfeitorias realiza<strong>da</strong>s no período: esgotos, transportes e melhoramento est<strong>é</strong>tico –tudo em constante movimento. Uma locomotiva cruza a ponte Waterloo enquantouma barca a vapor navega o Tamisa. Os cortes dos túneis desven<strong>da</strong>m o metrô emcirculação. Nos tubos embaixo <strong>da</strong> terra circulam água, gás e detritos. A ci<strong>da</strong>demoderna apresenta-se como um mundo devotado ao movimento constante,“habitado pelo novo ci<strong>da</strong>dão ideal, o homem-locomotiva”. 251 Novas tecnologias eseu emprego na vi<strong>da</strong> urbana cotidiana começam a traçar as mu<strong>da</strong>nças perceptivasdo homem urbano.251 NEAD, Lyn<strong>da</strong>. Victorian Babylon. People, streets and images in nineteenth-century London. New Haven& London: Yale University Press, 2000. p. 54.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!