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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 125No prazo de aproxima<strong>da</strong>mente cem anos to<strong>da</strong> a estrutura de produção deartefatos foi modifica<strong>da</strong> com a conseqüente mu<strong>da</strong>nça dos artesãos para asfábricas. Manchester, que em 1760 tinha 12.000 habitantes, alcançou 40.000 nametade do s<strong>é</strong>culo XIX. 246 Londres e Paris expandiram-se como grandes ci<strong>da</strong>desmanufatureiras. Durante a primeira metade do s<strong>é</strong>culo XIX a população de Londrestriplicou e a de Paris dobrou. 247 Nos Estados Unidos, a população urbana mais doque quadruplicou entre 1870 e 1910, de menos de 10 milhões para mais de 42milhões. 248 Ao lado <strong>da</strong> expansão populacional, uma gama de novas tecnologias eprodutos passou a exercer influência sobre o modo de vi<strong>da</strong> dos homens e mulheresque moravam nas ci<strong>da</strong>des. A partir do s<strong>é</strong>culo XIX, o aumento na produção debens de consumo e aumento exponencial na quanti<strong>da</strong>de de informações visuaisproduziu marcas permanentes sobre as formas de relacionamento com o ambientee a formação de um novo modo de ver. A ci<strong>da</strong>de moderna que surge no s<strong>é</strong>culoXIX apresenta o avanço <strong>da</strong> máquina, <strong>da</strong> indústria, do excesso de estímulos e deuma nova experiência de vi<strong>da</strong>, mas, tamb<strong>é</strong>m, mostra-se como personagemprincipal deste novo momento. Neste contexto, impõe uma certa autonomia queaos poucos vai sendo exposta em diversos tipos de representação, como <strong>é</strong> o caso<strong>da</strong> obra The City, de 1919, onde a face <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>é</strong> retrata<strong>da</strong> como uma mistura defragmentos de elementos urbanos, passantes, máquinas, textos, formas planas,ângulos, curvas, áreas escuras e luminosas (Figura 55). Embora a obra de L<strong>é</strong>gerapresente influência de tecnologias que ain<strong>da</strong> não se encontravam disponíveis emmeados do s<strong>é</strong>culo anterior, sua síntese pictórica pode ser utiliza<strong>da</strong> para explicitar omovimento urbano que já se mostrava evidente neste período.246 BENEVOLO, Leonardo. História <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de. São Paulo: Editora Perspectiva, 2005. p. 551.247LOWE, Donald. History of bourgeois perception. Chicago: The University of Chicago Press, 1982. p. 36.248 U. S. Bureau of the Census, 1980 Census of the Population, Washington, D. C..: Government PrintingOffice, 1980, tabela 3. apud SINGER, Ben. Moderni<strong>da</strong>de, hiperestímulo e o início do sensacionalismopopular. In CHARNEY, Leo e SCHWARTZ, Vanessa (orgs). O cinema e a invenção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> moderna. SãoPaulo: Cosac & Naify, 2001. p 142.

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