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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 122primeiro momento, funcionavam melhor com outra energia ou eram mesmocompletamente desnecessários.De volta à montagem <strong>da</strong>s fotos noturnas retira<strong>da</strong>s por sat<strong>é</strong>lites (Figura 44)temos ain<strong>da</strong> algumas observações, desta vez unicamente em relação à imagemcontemporânea. Nesta figura, observamos que os pontos claros que marcam amaior incidência de utilização de eletrici<strong>da</strong>de parecem concentrar-se maisfortemente na Europa, Am<strong>é</strong>rica do Norte (com predomínio em sua costa leste) eJapão. Com menos intensi<strong>da</strong>de, as luzes situam-se ain<strong>da</strong> na Índia e regiõescosteiras <strong>da</strong> Am<strong>é</strong>rica do Sul, Ásia e Austrália. As regiões centrais <strong>da</strong> Ásia e <strong>da</strong>África parecem às escuras. Se ao pensarmos nesta mesma imagem ao longo dotempo tivemos a certeza do poder de influência desta tecnologia, o contrasteluminoso entre as diversas regiões nos sugere que esta influência esteve sensível aoutras questões, predominantemente econômicas e sociais.Em nosso ponto de vista, a <strong>construção</strong> social <strong>da</strong> tecnologia compreendenegociação e <strong>construção</strong> de significados por parte de produtores e consumidores.Considerando os estudos de comunicação, este enfoque aproxima-se <strong>da</strong>decodificação “negocia<strong>da</strong>” aponta<strong>da</strong> por Stuart Hall 236 . O modelo de Hall apontapara uma cadeia comunicativa que não opera de forma unilateral. Ele mostra queuma mensagem <strong>visual</strong>, por exemplo, <strong>é</strong> uma estrutura complexa, com váriascama<strong>da</strong>s de sentido e que sua recepção não <strong>é</strong> algo perfeitamente transparente.Esta visão, que apresenta a “negociação” <strong>da</strong> recepção e a existência demúltiplos vetores de influência, pode ser utiliza<strong>da</strong> para explicar, em parte, porque,em alguns casos, a tecnologia que acabou tornando-se propulsora <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças,encontrava-se disponível d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong>s antes do início de seu uso e do conseqüenteprocesso de reconfiguração <strong>da</strong>s condições sociais existentes. Em ver<strong>da</strong>de, asalterações desencadea<strong>da</strong>s por uma nova tecnologia deman<strong>da</strong>m, dentre outrascoisas: um determinado estágio de conhecimento; um ambiente institucional eindustrial específico; disponibili<strong>da</strong>de de talentos; certa mentali<strong>da</strong>de econômica egrupos sociais capazes de absorver a produção gera<strong>da</strong>. Em resumo, “a inovação236 HALL, Stuart. Reflexões sobre o modelo de codificação/decodificação: uma entrevista com Stuart Hall.In: Da Diáspora: identi<strong>da</strong>des e mediações <strong>cultura</strong>is. Org. Liv Sovik. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003a.p. 357.

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