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O OLHAR INOCENTE É CEGO 120Figura 52. Liberdade faiscando para omundo. Le Journal Illustré de 10 de outubrode 1875. In: CORDULACK, S. op. cit. p.149.Figura 51. O Farol elétrico da Torre Eiffel,ilustração da capa para Exposition de Paris de1889. No. 14, 1 o . de junho de 1889. In:CORDULACK, Shelley Wood. A Franco-American Battle of Beams: Electriciy and theSelling of Modernity. Journal of Design History.Summer 2005; 18: 157.Figura 53. A estrela da esperança: uma novaode naval. Punch, or the London Charivari,Vol. 104, 11 de fevereiro de 1893.The Project Gutenberg. (21/11/07).As noções de modernidade e progresso, sugeridas a partir da aliança comnovas descobertas científicas, passaram a ser aplicadas ostensivamente no designde produtos elétricos, após a Segunda Guerra, utilizando-se referências explícitasa carros e aviões. Deste modo, embora a sua utilização tenha sido praticamente“empurrada”, a energia elétrica é hoje fundamental na vida cotidiana e nodesenvolvimento de qualquer país, participando ativamente na construção doolhar moderno.No Brasil, a introdução da energia elétrica encontrou as mesmasdificuldades iniciais, mas a principal diferença pode ser observada na totalinexistência de artigos elétricos, que durante muitos anos, eram importados. Asprimeiras experimentações aconteceram no período imperial embora adisseminação tenha ocorrido apenas nos últimos anos do século XIX, sob o

O OLHAR INOCENTE É CEGO 121regime republicano. No entanto, poucas companhias de eletricidade demonstraraminvestimentos no sentido de tentar ampliar o consumo. A Central Elétrica RioClaro, localizada no interior de São Paulo é um destes exemplos. Esta empresaincluía em seus negócios a revenda de lâmpadas, ventiladores, fusíveis, lustres emotores. Em 1910 passou a vender campainhas de porta e ferros elétricos deengomar e, em 1920, geladeiras. A AMFORP, Companhia Central Brasileira deForça Elétrica, localizada no Espírito Santo no final da década de 1920, vendia acrédito nas dependências de seus escritórios, produtos elétricos importados.Assim, até 1930 embora se observasse um crescimento da capacidade instalada, aprodução de equipamentos elétricos era virtualmente inexistente. A conta de luzde 1937 da “Companhia Douradense de Electricidade” apresenta um pequeno boxcom propaganda do rádio: “Encha o seu lar de alegria com o rádio GeneralElectric” (Figura 54). Deste modo, embora o desenvolvimento da eletricidadetenha encontrado no Brasil os mesmos obstáculos da Inglaterra, não se tem notíciade nenhum investimento específico na criação de produtos que pudessem expandiro consumo, muito menos de sinais do papel que o design teria a desempenharnesse processo.Figura 54. Recibo de luz, emitido em 1937. Arquivo museu históricoCPFL. In: DIAS, Renato Feliciano (coord.) Panorama do setor deenergia elétrica no Brasil. Centro da memória da eletricidade noBrasil. Rio de Janeiro, 1988. p. 97.Este quadro nos permite destacar a urgência ao estímulo do consumo e oprocesso de criação de uma necessidade. A eletricidade, isto é, uma novatecnologia, que hoje nos parece essencial à vida moderna, necessitou de“estímulos” ao seu consumo através do desenvolvimento de objetos quefuncionassem baseados neste tipo de energia. Alguns destes artefatos, em um

O OLHAR INOCENTE É CEGO 121regime republicano. No entanto, poucas companhias de eletrici<strong>da</strong>de demonstraraminvestimentos no sentido de tentar ampliar o consumo. A Central El<strong>é</strong>trica RioClaro, localiza<strong>da</strong> no interior de São Paulo <strong>é</strong> um destes exemplos. Esta empresaincluía em seus negócios a reven<strong>da</strong> de lâmpa<strong>da</strong>s, ventiladores, fusíveis, lustres emotores. Em 1910 passou a vender campainhas de porta e ferros el<strong>é</strong>tricos deengomar e, em 1920, geladeiras. A AMFORP, Companhia Central Brasileira deForça El<strong>é</strong>trica, localiza<strong>da</strong> no Espírito Santo no final <strong>da</strong> d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de 1920, vendia acr<strong>é</strong>dito nas dependências de seus escritórios, produtos el<strong>é</strong>tricos importados.Assim, at<strong>é</strong> 1930 embora se observasse um crescimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong>, aprodução de equipamentos el<strong>é</strong>tricos era virtualmente inexistente. A conta de luzde 1937 <strong>da</strong> “Companhia Douradense de Electrici<strong>da</strong>de” apresenta um pequeno boxcom propagan<strong>da</strong> do rádio: “Encha o seu lar de alegria com o rádio GeneralElectric” (Figura 54). Deste modo, embora o desenvolvimento <strong>da</strong> eletrici<strong>da</strong>detenha encontrado no Brasil os mesmos obstáculos <strong>da</strong> Inglaterra, não se tem notíciade nenhum investimento específico na criação de produtos que pudessem expandiro consumo, muito menos de sinais do papel que o design teria a desempenharnesse processo.Figura 54. Recibo de luz, emitido em 1937. Arquivo museu históricoCPFL. In: DIAS, Renato Feliciano (coord.) Panorama do setor deenergia el<strong>é</strong>trica no Brasil. Centro <strong>da</strong> memória <strong>da</strong> eletrici<strong>da</strong>de noBrasil. Rio de Janeiro, 1988. p. 97.Este quadro nos permite destacar a urgência ao estímulo do consumo e oprocesso de criação de uma necessi<strong>da</strong>de. A eletrici<strong>da</strong>de, isto <strong>é</strong>, uma novatecnologia, que hoje nos parece essencial à vi<strong>da</strong> moderna, necessitou de“estímulos” ao seu consumo atrav<strong>é</strong>s do desenvolvimento de objetos quefuncionassem baseados neste tipo de energia. Alguns destes artefatos, em um

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