O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes
O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes
O OLHAR INOCENTE É CEGO 114um agente catalisador ou facilitador de determinadas conseqüências - que podemou não se realizar em sociedade ou períodos específicos. 225 Para nós, odeterminismo torna-se problemático quanto assume o enfoque evolucionista epassa a considerar as mudanças sócio-culturais de acordo com uma linhaevolucionária sempre em direção ao “progresso” material e, também, muitasvezes, moral – obtido a partir dos sucessivos estágios de desenvolvimentotecnológico, considerados verdadeiras revoluções. Deste modo, ao se acatar avocação evolucionista, algumas vezes de forma inconsciente, os períodoscaracterizados por uma determinada tecnologia passam a ser chamados como “erada informação” ou “da imprensa”. Não é preciso dizer que esta abordagem, alémde relegar a influência social a um segundo plano, tende a considerar asubstituição de uma tecnologia por outra mais moderna, quando na verdade elasmuitas vezes se sobrepõem: a televisão não destruiu o cinema nem pareceameaçada pela internet. As diversas tecnologias não se encontram simplesmenteajustadas em linhas sucessivas em direção ao “progresso”.Em nosso ponto de vista, mais do que um agente modificador, cadatecnologia é um processo que atua na construção do ambiente e das relaçõessociais, econômicas, políticas e culturais, mas, também sofrendo influênciasdestas. O conceito de tecnologia como processo procura não fixá-la como umevento detido no tempo, quando na verdade sua implantação ocorre em diversasetapas a partir da sua invenção 226 , passando pela sua formalização,institucionalização e absorção e, algumas vezes, descontinuidades. Deste modo,faremos algumas colocações relacionadas ao desenvolvimento da energia elétrica,uma “nova tecnologia” surgida no século XIX, com o intuito de observar o quechamamos de processo.A imagem do planisfério que vemos aqui (Figura 44) é uma montagem defotos tiradas por satélites. 227 Ela cria um desenho do nosso planeta a partir dautilização da iluminação noturna em áreas urbanas. Se uma montagem como estapudesse ter sido produzida há duzentos anos atrás, o desenho resultante teria sido225 FINNEGAN, Ruth. Literacy and Orality: Studies in the Technology of Communication. Oxford: BasilBlackwell, 1988. apud CHANDLER, Daniel (1995): Technological or Media Determinismhttp://www.aber.ac.uk/media/Documents/tecdet/tecdet.html Acesso em 12 de fevereiro de 2008 às 16:07.226 Embora reconheçamos grandes valores a quem são atribuídas importantes “invenções”, em nosso ponto devista, uma tecnologia surge mais como o resultado de um longo processo de estudos científicos anteriores.Seria algo como a pessoa certa estar corretamente preparada, no lugar e na hora certos.227 A sugestão desta imagem foi obtida a partir de SMIL, V. op. cit..
O OLHAR INOCENTE É CEGO 115muito diferente. De modo que, o resultado que temos em mãos nos sugere umamudança impactante gerada pelo desenvolvimento de uma tecnologia específica -a eletricidade - capaz de “imprimir” alterações na própria face da Terra.Figura 44. Terra à noite. NASA/DMSP. 27 de novembro de 2000.Retirado de (5/06/07).A “montagem” realizada duzentos anos atrás talvez nos mostrasse um brilhopálido em alguns pontos da Europa e dos Estados Unidos. A comparação com aimagem atual geraria admiração pelo desenvolvimento proporcionado peloemprego desta tecnologia, chegando a sugerir uma verdadeira revolução. Nãoresta dúvida que o emprego da energia elétrica atuou de forma revolucionária naconstituição do olhar moderno, minimamente, por interferir na influência naturaldos tempos diurnos e noturnos, além de possibilitar energia para a utilização dediversos aparatos como o projetor de cinema. No entanto, a provisão deiluminação noturna que mudou de forma direta a vida cotidiana nas ruas e nascasas, foi iniciada com a iluminação a gás na primeira metade do século XIX.Sobre a luz a gás, Guy de Maupassant chegou a afirmar que “as noitesresplandecentes são mais alegres que os grandes dias de sol”. 228A partir do final do século XIX, a eletricidade foi um fator predominantepara o desenvolvimento tecnológico, não somente por promover iluminação pararesidências e empresas, apartando o tempo da influência direta da natureza, mastambém por transformar inúmeros processos de produção, particularmente nasindústrias químicas e de metalúrgicas.228 MAUPASSANT, Guy de. Clair de Lune, Paris, 1909, p. 222. apud BENJAMIN, Walter. A fotografia.Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. p. 613. [T 5,1].
- Page 63 and 64: O OLHAR INOCENTE É CEGO 63Las Meni
- Page 65 and 66: O OLHAR INOCENTE É CEGO 65Figura 1
- Page 67 and 68: O OLHAR INOCENTE É CEGO 67Embora a
- Page 69 and 70: O OLHAR INOCENTE É CEGO 69Figura 2
- Page 71 and 72: O OLHAR INOCENTE É CEGO 71contradi
- Page 73 and 74: O OLHAR INOCENTE É CEGO 73embora c
- Page 75 and 76: O OLHAR INOCENTE É CEGO 75de produ
- Page 77 and 78: O OLHAR INOCENTE É CEGO 77imagem f
- Page 79 and 80: O OLHAR INOCENTE É CEGO 79correspo
- Page 81 and 82: O OLHAR INOCENTE É CEGO 81manteve
- Page 83 and 84: O OLHAR INOCENTE É CEGO 83permanec
- Page 85 and 86: O OLHAR INOCENTE É CEGO 85Figura 3
- Page 87 and 88: O OLHAR INOCENTE É CEGO 87Figura 3
- Page 89 and 90: O OLHAR INOCENTE É CEGO 89Figura 3
- Page 91 and 92: O OLHAR INOCENTE É CEGO 91pinturas
- Page 93 and 94: O OLHAR INOCENTE É CEGO 93antes do
- Page 95 and 96: O OLHAR INOCENTE É CEGO 95permitim
- Page 97 and 98: O OLHAR INOCENTE É CEGO 97A aborda
- Page 99 and 100: O OLHAR INOCENTE É CEGO 99pelo dom
- Page 101 and 102: O OLHAR INOCENTE É CEGO 101partir
- Page 103 and 104: O OLHAR INOCENTE É CEGO 103substit
- Page 105 and 106: O OLHAR INOCENTE É CEGO 105utiliza
- Page 107 and 108: O OLHAR INOCENTE É CEGO 1071914 20
- Page 109 and 110: O OLHAR INOCENTE É CEGO 109tecnolo
- Page 111 and 112: O OLHAR INOCENTE É CEGO 111trabalh
- Page 113: O OLHAR INOCENTE É CEGO 1133.1.2.
- Page 117 and 118: O OLHAR INOCENTE É CEGO 117Figura
- Page 119 and 120: O OLHAR INOCENTE É CEGO 119Figura
- Page 121 and 122: O OLHAR INOCENTE É CEGO 121regime
- Page 123 and 124: O OLHAR INOCENTE É CEGO 123tecnol
- Page 125 and 126: O OLHAR INOCENTE É CEGO 125No praz
- Page 127 and 128: O OLHAR INOCENTE É CEGO 127Figura
- Page 129 and 130: O OLHAR INOCENTE É CEGO 129ao mesm
- Page 131 and 132: O OLHAR INOCENTE É CEGO 131signifi
- Page 133 and 134: O OLHAR INOCENTE É CEGO 133Figura
- Page 135 and 136: O OLHAR INOCENTE É CEGO 135ruas e
- Page 137 and 138: O OLHAR INOCENTE É CEGO 137acompan
- Page 139 and 140: O OLHAR INOCENTE É CEGO 139piadas,
- Page 141 and 142: O OLHAR INOCENTE É CEGO 141Neste t
- Page 143 and 144: O OLHAR INOCENTE É CEGO 143caso o
- Page 145 and 146: O OLHAR INOCENTE É CEGO 145alcanç
- Page 147 and 148: O OLHAR INOCENTE É CEGO 147(Figura
- Page 149 and 150: O OLHAR INOCENTE É CEGO 149seus ob
- Page 151 and 152: O OLHAR INOCENTE É CEGO 151Figura
- Page 153 and 154: O OLHAR INOCENTE É CEGO 15384). O
- Page 155 and 156: O OLHAR INOCENTE É CEGO 155Figura
- Page 157 and 158: O OLHAR INOCENTE É CEGO 157Figura
- Page 159 and 160: O OLHAR INOCENTE É CEGO 159múltip
- Page 161 and 162: O OLHAR INOCENTE É CEGO 161descont
- Page 163 and 164: O OLHAR INOCENTE É CEGO 163sucess
O OLHAR INOCENTE É CEGO 115muito diferente. De modo que, o resultado que temos em mãos nos sugere umamu<strong>da</strong>nça impactante gera<strong>da</strong> pelo desenvolvimento de uma tecnologia específica -a eletrici<strong>da</strong>de - capaz de “imprimir” alterações na própria face <strong>da</strong> Terra.Figura 44. Terra à noite. NASA/DMSP. 27 de novembro de 2000.Retirado de (5/06/07).A “montagem” realiza<strong>da</strong> duzentos anos atrás talvez nos mostrasse um brilhopálido em alguns pontos <strong>da</strong> Europa e dos Estados Unidos. A comparação com aimagem atual geraria admiração pelo desenvolvimento proporcionado peloemprego desta tecnologia, chegando a sugerir uma ver<strong>da</strong>deira revolução. Nãoresta dúvi<strong>da</strong> que o emprego <strong>da</strong> energia el<strong>é</strong>trica atuou de forma revolucionária naconstituição do <strong>olhar</strong> moderno, minimamente, por interferir na influência naturaldos tempos diurnos e noturnos, al<strong>é</strong>m de possibilitar energia para a utilização dediversos aparatos como o projetor de cinema. No entanto, a provisão deiluminação noturna que mudou de forma direta a vi<strong>da</strong> cotidiana nas ruas e nascasas, foi inicia<strong>da</strong> com a iluminação a gás na primeira metade do s<strong>é</strong>culo XIX.Sobre a luz a gás, Guy de Maupassant chegou a afirmar que “as noitesresplandecentes são mais alegres que os grandes dias de sol”. 228A partir do final do s<strong>é</strong>culo XIX, a eletrici<strong>da</strong>de foi um fator predominantepara o desenvolvimento tecnológico, não somente por promover iluminação pararesidências e empresas, apartando o tempo <strong>da</strong> influência direta <strong>da</strong> natureza, mastamb<strong>é</strong>m por transformar inúmeros processos de produção, particularmente nasindústrias químicas e de metalúrgicas.228 MAUPASSANT, Guy de. Clair de Lune, Paris, 1909, p. 222. apud BENJAMIN, Walter. A fotografia.Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. p. 613. [T 5,1].