21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 1133.1.2. A tecnologia e o novo <strong>olhar</strong> <strong>da</strong> eletrici<strong>da</strong>deUma análise que busque compreender as transformações <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>em um período tão pleno de inovações tecnológicas, como <strong>é</strong> o caso <strong>da</strong> últimametade do s<strong>é</strong>culo XIX, terá que necessariamente considerar questões liga<strong>da</strong>s àstecnologias de comunicações <strong>da</strong> <strong>é</strong>poca. Ao longo de to<strong>da</strong> a moderni<strong>da</strong>de, astecnologias parecem ter despertado paixões e aversões. As instâncias teóricas queabor<strong>da</strong>m o grau de influência <strong>da</strong>s tecnologias e a existência de um valor intrínsecoa elas constituem um vasto campo de disputa entre diferentes perspectivas. Destemodo, questiona-se em que medi<strong>da</strong> uma tecnologia de comunicação trata-se <strong>da</strong>uma força determinante em uma mu<strong>da</strong>nça social e, em que medi<strong>da</strong> ela pode serneutra, ou seja, pode ser tão boa ou má quanto o uso que dela <strong>é</strong> feito. Apesar deconsiderarmos a segun<strong>da</strong> questão como um desdobramento <strong>da</strong> primeira, <strong>é</strong> delaque partiremos.Marshall McLuhan, que foi muito influente na d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong> de 1960, consideravaesta dúvi<strong>da</strong> como fora de questão. Para ele seria equivalente a questionar se ovírus <strong>da</strong> varíola ou as armas de fogo seriam, em si mesmos, bons ou maus - seuvalor dependendo <strong>da</strong> forma como seriam utilizados. 224 De acordo com McLuhanto<strong>da</strong>s as tecnologias de comunicação atuam diretamente na <strong>construção</strong> do nossopensamento e de nossa percepção, independente do conteúdo e do contexto social.Em nosso ponto de vista, as conclusões de McLuhan parecem excessivamentedeterministas (a mensagem seria apenas encontra<strong>da</strong> nos meios?). Sua rejeição àsanálises de conteúdo e às questões de recepção enfraquece e limita o seuposicionamento. Al<strong>é</strong>m do quê, nos perguntamos, como ficaria a sua análise sobreos meios frios e quentes a partir <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças, fusões e alterações quefreqüentemente sofri<strong>da</strong>s pelos próprios meios. A HDTV, televisão de altadefinição, por exemplo, continuaria a ser considera<strong>da</strong> um meio frio como a antigatelevisão em preto e branco?Apesar <strong>da</strong>s nossas críticas em relação ao posicionamento de McLuhan,consideramos que o determinismo tecnológico não chega a constituir umproblema na medi<strong>da</strong> em que ele <strong>é</strong> matizado. Deste modo, consideramos que apresença ou implantação de uma determina<strong>da</strong> tecnologia de comunicação pode ser224 McLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Ed. Cultrix,1969. 15 a . reimpressão. p. 25.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!