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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 112de 1851, em Londres e que consistia na produção em larga escala de produtospadronizados, com partes intercambiáveis, utilizando máquinas-ferramentas,numa seqüência de operações mecânicas simplifica<strong>da</strong>s. Este sistema, que haviasurgido simultaneamente e de forma independente na França e na Inglaterra,mostrou-se bem sucedido posteriormente na indústria de armamentos dos EstadosUnidos, provavelmente graças ao apoio governamental em uma socie<strong>da</strong>de semtradição de corporações artesanais. 222 Este processo e a existência de uma extensavarie<strong>da</strong>de de partes e acessórios fabricados, inclusive porcas e parafusos, apontoupara a necessi<strong>da</strong>de de uma padronização no sistema de medi<strong>da</strong>s.No decorrer <strong>da</strong> guerra com a França entre 1870 e 1871, o imp<strong>é</strong>rio prussianoobservou as dificul<strong>da</strong>des de mobilização e utilização <strong>da</strong>s ferrovias para finsmilitares. Deste modo, atentou para a importância <strong>da</strong> padronização do sistemaferroviário e estatizou as ferrovias do seu território, visando a unificação. A partirde 1877, começou a produzir locomotivas padroniza<strong>da</strong>s. 223 Na Grã-Bretanha, arede ferroviária, desenvolvi<strong>da</strong> pela iniciativa priva<strong>da</strong>, nunca se concluiu como umtodo unificado, permanecendo como a soma de linhas regionais operando deforma independente e competitivamente. As dificul<strong>da</strong>des deste sistema erambastante claras: embora houvesse linhas ligando as diversas locali<strong>da</strong>des, o seupercurso envolvia mu<strong>da</strong>nça de trens e transferência de carga entre linhas,onerando os custos de transporte de mercadoria. Deste modo, a adoção <strong>da</strong>padronização do sistema ferroviário estabelece-se como um elemento deinfluência direta sobre o desenvolvimento do país. No decorrer deste capítuloveremos como a ferrovia atuou de forma revolucionária na produção do <strong>olhar</strong>moderno, a partir <strong>da</strong> compressão sobre as dimensões de tempo e espaço. Nestemomento, desejamos apenas acentuar, de um lado, a proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>stransformações tecnológicas e estruturais na reformulação do <strong>olhar</strong> e, de outro, ofato de que ambas caminham de forma não teleológica sofrendo influências,muitas vezes não previsíveis, como políticas e econômica.221 HESKETT, John. Desenho Industrial. Rio de Janeiro: Jos<strong>é</strong> Olympio, 1998. p. 29.222 HEILBRONER, Robert L. Do Machines Make History? Technology and Culture, Vol. 8, No. 3. (Jul.,1967), p. 343.223 HESKETT, J. op. cit., p. 70-71.

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