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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 108ruptura com o quadro anterior, quando, de fato, observa-se que as etapas deindustrialização são processos lentos e gra<strong>da</strong>tivos 212 , surgidos mais a partir deuma evolução do que de uma ou mais revoluções. Castells considera que aintrodução de um novo paradigma tecnológico <strong>é</strong> capaz de instituir, com granderapidez, uma descontinui<strong>da</strong>de nas bases materiais <strong>da</strong> economia, <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><strong>cultura</strong>, apesar de acreditar que os novos paradigmas tecnológicos funcionamcomo pontuações em meio a períodos mais ou menos estáveis. 213 Talvez por estemotivo, este autor não se oponha à utilização do termo “revolução” paracaracterizar a penetrabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s novas tecnologias que alteram processos nosdiversos domínios <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de humana, al<strong>é</strong>m de gerar novos produtos.A importância <strong>da</strong> Revolução Industrial no s<strong>é</strong>culo XVIII vem sendorelativiza<strong>da</strong> em estudos recentes e a literatura acadêmica aponta duas diferentesvisões em relação a este processo. 214 A narrativa mais tradicional vê a RevoluçãoIndustrial como produtora de uma grande mu<strong>da</strong>nça na economia e socie<strong>da</strong>deBritânica. Outros autores consideram que a “Revolução Industrial” foi umfenômeno localizado e restrito que trouxe mu<strong>da</strong>nças significativas para umaspoucas indústrias (têxteis com utilização do algodão e do ferro), enquanto aeconomia Britânica permanecia tradicionalmente manufatureira. 215Há ain<strong>da</strong> questionamentos sobre a presença de embasamento científico nosavanços tecnológicos <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de M<strong>é</strong>dia e dos primeiros anos <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Moderna. Deacordo com Smil, apesar de serem baseados em observação e experimentos, estesprocessos não proviam conhecimento que explicasse o porquê de alguns artefatose processos funcionarem enquanto outros simplesmente falhavam. 216 Este quadroteria permanecido at<strong>é</strong> as primeiras d<strong>é</strong>ca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Revolução Industrial, mas apenasna segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX <strong>é</strong> que se presenciaram avanços tecnológicosbaseados em conhecimentos científicos sofisticados e – pela primeira vez nahistória – a ligação freqüente e ágil entre pesquisa, produção e comercialização foicapaz de produzir novos conhecimentos e, conseqüentemente, novos produtos. Adiscussão sobre a relação entre pesquisa cientifica e o desenvolvimento de novas212 Cf. “industrialização” e “revolução” em OUTHWAITE, William e BOTTOMORE, Tom. Dicionário doPensamento Social do S<strong>é</strong>culo XX. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1996.213 CASTELLS, Manuel. A Socie<strong>da</strong>de em Rede. A era <strong>da</strong> informação: economia, socie<strong>da</strong>de e <strong>cultura</strong>. Vol. 1.São Paulo: Editora Paz e Terra, 2000.214 TEMIN, Peter. Two views of the British Industrial Revolution. The Journal of Economic History, vol. 47,No. 1 (Mar, 1997).215 SMIL, V. Creating…, p. 43.

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