21.07.2015 Views

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O OLHAR INOCENTE É CEGO 106forma errática, em diferentes regiões do planeta, com influências diferencia<strong>da</strong>s emca<strong>da</strong> uma delas. Bayly chega a mencionar a existência de “múltiplasmoderni<strong>da</strong>des” 201 para acentuar as diferenças entre a moderni<strong>da</strong>de ocidental e amoderni<strong>da</strong>de de países asiáticos ou africanos. Embora a <strong>construção</strong> <strong>da</strong> experiênciamoderna apresente uma relação estreita com a dinâmica capitalista do mundoindustrial ocidental (Europa e Estados Unidos), a desigual<strong>da</strong>de entre a experiênciamoderna dos “avançados” e a que <strong>é</strong> observa<strong>da</strong> nos habitantes de países“perif<strong>é</strong>ricos” nos <strong>é</strong> útil para ressaltar as descontinui<strong>da</strong>des observa<strong>da</strong>s naconstituição <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> moderna, de acordo com o conceito de sua<strong>construção</strong> se fazer em cama<strong>da</strong>s. Neste contexto, a moderni<strong>da</strong>de brasileira, porexemplo, não se mostra simplesmente como um reflexo do que <strong>é</strong> ditado pelospaíses desenvolvidos, mas constitui uma articulação particular dentro de uma nova<strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de.Em relação às demarcações temporais, consideramos que estas acabamsendo convenciona<strong>da</strong>s de acordo com o enfoque pretendido pelo autor, embora operíodo compreendido, aproxima<strong>da</strong>mente, <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do s<strong>é</strong>culo XIX at<strong>é</strong> oinício <strong>da</strong> Primeira Guerra Mundial seja amplamente reconhecido pela ocorrênciade transformações sem precedentes na história mundial. Neste contexto, asconvenções em relação à demarcação temporal não apresentam variaçõesextremas entre os diversos autores estu<strong>da</strong>dos. Kern 202 , Smil 203 , Hobsbawm 204 eBayly 205 parecem concor<strong>da</strong>r com o início <strong>da</strong> Primeira Guerra como o momento deconclusão de um período de grandes inovações, embora apresentem diferentespremissas para a determinação do marco inicial. Kern 206 considera que asmu<strong>da</strong>nças na tecnologia e na <strong>cultura</strong> ocorri<strong>da</strong>s no período que vai de 1880 at<strong>é</strong> aerupção <strong>da</strong> Primeira Guerra criaram novos modos de pensar as experiências detempo e espaço. No entanto, seu estudo estende-se at<strong>é</strong> 1918, de forma acontemplar o que nomeia de “guerra cubista”. Smil destaca o período de 1867 a201 Ibid., p. 10.202 KERN, Stephen. The culture of time and space. 1880-1918. Cambridge, Massachusetts: HarvardUniversity Press, 1994. Seventh Printing.203 SMIL, Vaclav. Creating the Twentieth Century. Technical Innovations of 1867-1914 and their LastingImpact. New York: Oxford University Press, 2005.204 HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos. O breve s<strong>é</strong>culo XX: 1914-1991. São Paulo: Editora Schwarcz,2003.205 BAYLY, C. A. op. cit.206 KERN, S. op. cit., p. 1.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!