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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 102socie<strong>da</strong>de pode absorver 183 . Da mesma maneira que um livro de horas do s<strong>é</strong>culoXIII, enorme, raro e pesado, não se lia como um livro de bolso dos nossos dias,uma tela de TV ou de computador exige um <strong>olhar</strong> diferente do que durantes<strong>é</strong>culos foi dirigido ao retábulo de uma igreja gótica. Este enlace entretecnologias, socie<strong>da</strong>de e poder estabelece que imagens e mídias não podem sercompreendi<strong>da</strong>s como enti<strong>da</strong>des fixas, mas como organismos em mu<strong>da</strong>nça 184 .Al<strong>é</strong>m disso, a atuação de uma tecnologia produtora de <strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de em umdeterminado período, dentro de uma socie<strong>da</strong>de específica, pode não encontrarcorrespondência em outra socie<strong>da</strong>de ou outra <strong>é</strong>poca.Esta visão colabora com a id<strong>é</strong>ia de que as tecnologias, assim como as mídiase os modos de <strong>olhar</strong>, coexistem com modos anteriores de expressão; não deixamde existir nem são abandona<strong>da</strong>s quando surge um outro modo. Diversastecnologias, mídias e modos de <strong>olhar</strong> coexistem e interagem em um mesmoperíodo histórico. No entanto, a busca por uma determinação de causas e efeitosobjetivos <strong>é</strong> hoje considera<strong>da</strong> um ranço de pesquisas ultrapassa<strong>da</strong>s. Os primeirosestudos de “análise de efeitos” na área de comunicação <strong>da</strong>tam <strong>da</strong> Primeira Guerrae foram voltados para o impacto <strong>da</strong> propagan<strong>da</strong>. Segundo o modelo <strong>da</strong> “agulhahipod<strong>é</strong>rmica”de Harold Lasswell, a audiência <strong>é</strong> como uma massa amorfa queobedece cegamente ao esquema estímulo-resposta. Nesta hipótese, a propagan<strong>da</strong> <strong>é</strong>um mero instrumento, nem mais moral nem mais imoral que “a manivela <strong>da</strong>bomba d’água”, podendo ser utiliza<strong>da</strong> tanto para bons como para maus fins. 185 Aid<strong>é</strong>ia de um receptor “esvaziado” e que recebe influências diretas <strong>da</strong> mídia <strong>é</strong> umpensamento que encontra coerência em teorias <strong>da</strong> psicologia em voga na <strong>é</strong>poca 186 ,mas que hoje são questiona<strong>da</strong>s.Neste momento, <strong>é</strong> importante retomar como ressalva, a reflexão de que a<strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> de um determinado período não se desenvolve simplesmente como183 DEBRAY, R<strong>é</strong>gis. Vi<strong>da</strong> y muerte de la imagen. Historia de la mira<strong>da</strong> en Occidente. Buenos Aires:Editorial Paidós, 1994. p. 38.184 Pesquisas recentes mostraram que jovens bretões, entre 15 e 24 anos têm dispensado 30% menos de tempopara a leitura de jornais desde o surgimento <strong>da</strong> internet. Anunciantes e tiragens parecem minguar e há quemarrisque o ano de 2043 como <strong>da</strong>ta para o último suspiro do jornal impresso. Dados extraídos de Theeconomist. Este mesmo periódico cita a <strong>da</strong>ta acima a partir do livro de Philip Meyer, The VanishingNewspaper. THE ECONOMIST. Who killed the newspaper? United Kingdom: The economist group, August26th 2006.185 MATTELART, Armand e Mich<strong>é</strong>le. História <strong>da</strong>s teorias <strong>da</strong> comunicação. São Paulo: Edições Loylola,2001. p. 37.

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