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O olhar inocente é cego. A construção da cultura visual ... - capes

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O OLHAR INOCENTE É CEGO 101partir do avanço <strong>da</strong> industrialização e do surgimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de moderna. Osegundo eixo segue as percepções produzi<strong>da</strong>s a partir do emprego de tecnologiasgeradoras <strong>da</strong> compressão tempo-espaço.Embora ressaltando que as tecnologias não devem ser considera<strong>da</strong>s agentesmodificadores autônomos, verificamos que nos últimos vinte e cinco anos dos<strong>é</strong>culo XIX, a área que constituiu a comunicação de massa viu surgir cincoinvenções fun<strong>da</strong>mentais: telefone, fonógrafo, luz el<strong>é</strong>trica, comunicação sem fio ecinema. 181 Neste sentido, as tecnologias que atuam nas modificações <strong>da</strong><strong>visual</strong>i<strong>da</strong>de podem constituir ponto de parti<strong>da</strong> privilegiado para uma investigaçãono campo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong>. Neste contexto, embora a ascensão de novastecnologias de produção, transporte e comunicação possam insinuar-se como umfator determinante, <strong>é</strong> importante destacar que as mu<strong>da</strong>nças tecnológicas ocorremem estreita ligação com as instituições sociais, políticas e econômicas dedetermina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e em um período específico. Deste modo, embora odesenvolvimento tecnológico ocorrido ao longo do s<strong>é</strong>culo XIX, mostre-se umelemento fun<strong>da</strong>mental nas modificações ocorri<strong>da</strong>s na <strong>cultura</strong> <strong>visual</strong> do período,seria restritivo considerar a tecnologia como único crit<strong>é</strong>rio de análise. Aimplementação de novas tecnologias esteve diretamente relaciona<strong>da</strong> à emergênciade um sistema de mercado atrelado aos princípios <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong>, àexistência de governos fortes e imperialistas e ao desenvolvimento <strong>da</strong>s ciências,dentre outros fatores. 182 As tecnologias de ca<strong>da</strong> <strong>é</strong>poca devem ser articula<strong>da</strong>s àspráticas de recepção e discurso e aos regimes de poder, de forma a seremcompreendi<strong>da</strong>s dentro do sistema em que foram construí<strong>da</strong>s e se desenvolveram.Na medi<strong>da</strong> em que as tecnologias, considerando-se fun<strong>da</strong>mentalmente astecnologias produtoras de imagens, se encontram entrelaça<strong>da</strong>s aos interesseseconômicos de determina<strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> indústria de informação,sua força será maior sobre os modelos dominantes de <strong>visual</strong>ização. Deste modo,as <strong>cultura</strong>s do <strong>olhar</strong> permanecem atrela<strong>da</strong>s às revoluções t<strong>é</strong>cnicas que, em ca<strong>da</strong><strong>é</strong>poca, modificam os formatos, materiais e a quanti<strong>da</strong>de de imagens que uma181 Segundo Marvin, estes produtos são proto-mass media. MARVIN, Carolyn. When old technologies werenew. New York: Oxford University Press, 1990. p.3.182 HEILBRONER, Robert L. Do Machines Make History? Technology and Culture, Vol. 8, No. 3. (Jul.,1967), pp. 335-345.

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