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Disfagia em cardiopatas idosos: teste combinado de ... - capes

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MARA DE OLIVEIRA RODRIGUES LUIZ DANTAS<strong>Disfagia</strong> <strong>em</strong> <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong>: <strong>teste</strong> <strong>combinado</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>glutição e monitorização dos sinais vitaisTese apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo para obtenção do título<strong>de</strong> Doutor <strong>em</strong> CiênciasÁrea <strong>de</strong> Concentração: Comunicação HumanaOrientadora: Profa. Dra. Claudia Regina Furquim <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong>São Paulo2008


Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação na Publicação (CIP)Preparada pela Biblioteca daFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo©reprodução autorizada pelo autorDantas, Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz<strong>Disfagia</strong> <strong>em</strong> <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong> : <strong>teste</strong> <strong>combinado</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e monitorizaçãodos sinais vitais / Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz Dantas. -- São Paulo, 2008.Tese(doutorado)--Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Departamento <strong>de</strong> Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional.Área <strong>de</strong> concentração: Comunicação Humana.Orientadora: Claudia Regina Furquim <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.Descritores: 1.Transtornos da <strong>de</strong>glutição/etiologia 2.Idoso 3.Deglutição 4.Infartodo miocárdio 5.Oximetria 6.Auscultação 7.Avaliação/métodosUSP/FM/SBD-208/08


DedicatóriaDedico este trabalho aos meus pais,Geraldo e Avanzil,e aos meus irmãos, Adalgisa, Carla e Alex, expressandomeu reconhecimento pelo amor, apoio e sabedoria<strong>em</strong> cada minuto da nossa vida. Ao meu marido Jefferson,que com enorme paciência acompanhou minha trajetóriatrazendo muito amor e incentivo.Ao nosso bebê que está chegando.


Agra<strong>de</strong>cimentosAgra<strong>de</strong>ço a Deus por permitir esta jornada repleta <strong>de</strong> bons momentos,encontros e amiza<strong>de</strong>s verda<strong>de</strong>iras e por trazer força para os momentosdifíceis.Agra<strong>de</strong>ço aos meus pais pelo incentivo à leitura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos<strong>de</strong> vida , pela orientação durante a vida e pelos conselhos, inesquecíveis.Agra<strong>de</strong>ço a minha orientadora Profa. Dra. Claudia Regina Furquim <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong> pelo incentivo, pelos conselhos, pelos ensinamentos e peloex<strong>em</strong>plo como profissional, professora e amiga. Serei eternamente gratapelo apoio e compreensão nos momentos mais difíceis <strong>de</strong>sta caminhada.Ao Prof. Dr. José Otávio Costa Auler Júnior que propiciou a minhaconvivência com os pacientes <strong>idosos</strong> e com a realida<strong>de</strong> da UTI Cirúrgicano InCor e ensinou a valorizar o humanismo nas ações profissionais.À Profa. Dra. Maria José Carvalho Carmona que s<strong>em</strong>pre incentivou aspesquisas científicas e mostrou que a busca ao saber é valiosa.Ao Prof. Dr. Wilson Jacob Filho pelos excelentes conselhos e pelo apoioao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa.Ao Dr. Omar Jaluul pelos esclarecimentos às minhas dúvidas, peladisponibilida<strong>de</strong> no gerenciamento do local da pesquisa e pelo ex<strong>em</strong>plopessoal e profissional.Às amigas Suely Pereira Zeferino, Magda Aparecida dos Santos Silva eDra. Mara Helena Corso Pereira que acompanharam <strong>de</strong> perto asaflições e alegrias <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ste trabalho e souberam ouvir , opinar eacalmar.Às amigas Danielle Pedroni <strong>de</strong> Moraes, Rosane <strong>de</strong> Deus Chaves eLaura Mangilli por todo apoio e disponibilida<strong>de</strong> mesmo na correria dosnossos dias.Em especial, à Profa. Dra. Débora Maria Befi Lopes pelascontribuições muito importantes durante o exame <strong>de</strong> qualificação.A todas as professoras que participaram da minha formação no Curso<strong>de</strong> Graduação <strong>em</strong> Fonoaudiologia da FMUSP e principalmente àProfa. Dra. Suelly Cecília Olivan Limongi e à Profa. Dra. FernandaDreux Miranda Fernan<strong>de</strong>s, pela alegria que d<strong>em</strong>onstram <strong>em</strong> seutrabalho.A todos os colegas da Secretaria do Serviço <strong>de</strong> Anestesiologia do InCor;principalmente ao Marco Antonio Santos, à Vilma Fernan<strong>de</strong>s Macedoe à Cristiane Oliveira Lima, que trouxeram boas resoluções <strong>de</strong>probl<strong>em</strong>as, principalmente <strong>de</strong> informática.A todos os funcionários da UTI Cirúrgica do InCor-HCFMUSP e doAmbulatório <strong>de</strong> Geriatria do HC-FMUSP.E principalmente aos queridos pacientes que gentilmente aceitaramparticipar <strong>de</strong>ste estudo e colaboraram com esta pesquisa.


NORMALIZAÇÃO ADOTADAEsta tese está <strong>de</strong> acordo com as seguintes normas, <strong>em</strong> vigor no momento <strong>de</strong>stapublicação:Referências: adaptado <strong>de</strong> International Committee of Medical Journals Editors(Vancouver)Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina. Serviço <strong>de</strong> Biblioteca eDocumentação. Guia <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> dissertações, teses e monografias.Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Júlia <strong>de</strong> A. L. Freddi, Maria F.Crestana, Marinalva <strong>de</strong> Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 2ªed. São Paulo: Serviço <strong>de</strong> Biblioteca e Documentação; 2005.Abreviaturas dos títulos dos periódicos <strong>de</strong> acordo com List of Journals In<strong>de</strong>xed inIn<strong>de</strong>x Medicus.


SUMÁRIOLista <strong>de</strong> siglasLista <strong>de</strong> tabelasResumoSummary1 APRESENTAÇÃO........................................................................................................... 121.1 Doença Arterial Coronária e Revascularização Miocárdica .................. 151.2 <strong>Disfagia</strong> Orofaríngea <strong>em</strong> <strong>idosos</strong> após RM................................................ 172 ESTUDO I - AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS SAUDÁVEIS:CONTRIBUIÇÃO DA AUSCULTA CERVICAL E DA OXIMETRIA DE PULSO .. 31Introdução............................................................................................................. 31Método .................................................................................................................. 32Resultados............................................................................................................ 37Discussão ............................................................................................................. 40Referências .......................................................................................................... 453 ESTUDO II - AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO DE IDOSOS COM INDICAÇÃO DEREVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA...................................................................... 51INTRODUÇÃO..................................................................................................... 51MÉTODO .............................................................................................................. 52RESULTADOS..................................................................................................... 58DISCUSSÃO ........................................................................................................ 61CONCLUSÃO ...................................................................................................... 67REFERÊNCIAS ................................................................................................... 684 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 755 ANEXOS ...............................................................................................................776 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 84


LISTA DE SIGLASAVDsAVEBpmCVDACDODPDPOCFCFRGCGPHC-FMUSPIAMICInCorIOTIpmNQRMSpO 2UTIAtivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diáriaAci<strong>de</strong>nte vascular encefálicoBatimentos por minutoCoeficiente <strong>de</strong> variaçãoDoença arterial coronária<strong>Disfagia</strong> orofaríngeaDesvio padrãoDoença pulmonar obstrutiva crônicaFreqüência cardíacaFreqüência respiratóriaGrupo controleGrupo <strong>de</strong> pesquisaHospital das Clínicas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloInfarto agudo do miocárdioIntervalo <strong>de</strong> confiançaInstituto do CoraçãoIntubação orotraquealInspirações por minutoNúmeroQuartilRevascularização miocárdicaSaturação periférica <strong>de</strong> oxigênioUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia intensiva


LISTA DE TABELASESTUDO ITabela 1 - Comparação dos sinais vitais na linha <strong>de</strong> base inicial, durante o <strong>teste</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e na linha <strong>de</strong> base final ....................................................39Tabela 2 - Distribuição do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições <strong>em</strong> relação ao volume <strong>de</strong> água 40Tabela 3 - Comparação entre os sons da <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> acordo com aclassificação ...........................................................................................40ESTUDO IITabela 1 - Comparação <strong>de</strong> FC nas linhas <strong>de</strong> base inicial e final e durante o <strong>teste</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição ..........................................................................................60Tabela 2 - Comparação do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição nos grupos com FC abaixo <strong>de</strong>60 durante o <strong>teste</strong>...................................................................................60Tabela 3 - Comparação do som tipo 1 entre GP e GC............................................61


RESUMODantas MORL. <strong>Disfagia</strong> <strong>em</strong> <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong>: <strong>teste</strong> <strong>combinado</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>glutição e monitorização dos sinais vitais [tese]. São Paulo: Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo; 2008. 94p.<strong>Disfagia</strong> orofaríngea ocorre <strong>em</strong> pacientes após cirurgias cardíacas eprolonga o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> internação. O objetivo da presente Tese foi i<strong>de</strong>ntificaras características da <strong>de</strong>glutição nos <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong> indicados à cirurgia<strong>de</strong> Revascularização Miocárdica. Foi utilizado um protocolo <strong>combinado</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água, ausculta cervical e monitorização dos sinais vitais. Oregistro da freqüência cardíaca e da saturação <strong>de</strong> oxigênio (FC e SpO 2 ) foirealizado com oxímetro <strong>de</strong> pulso antes, durante e após o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição<strong>de</strong> água com 1,3,5,10, 15 e 20 ml. A ausculta cervical foi realizada comestetoscópio eletrônico para a análise do número, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta eclassificação do som da <strong>de</strong>glutição. Foram registradas a freqüênciarespiratória (FR) e a presença <strong>de</strong> tosse e engasgo. Os resultados foramanalisados através <strong>de</strong> dois estudos. O primeiro avaliou 60 <strong>idosos</strong> saudáveis,sendo 45 mulheres e 11 homens, com média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 74,5 anos. Osresultados mostraram aumento da FC durante o <strong>teste</strong> e diminuição logoapós. Houve aumento <strong>de</strong> SpO 2 e FR após o <strong>teste</strong>. Houve <strong>de</strong>glutição única<strong>em</strong> todas as medidas exceto <strong>em</strong> 20 ml. O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição<strong>em</strong> todos os volumes foi menor que 1 segundo exceto <strong>em</strong> 1 e 3 ml. Aausência <strong>de</strong> tosses e engasgos foi predominante. O som do tipo 3predominou <strong>em</strong> todos os volumes exceto <strong>em</strong> 20 ml on<strong>de</strong> predominou o somdo tipo 1. Concluindo, as características da <strong>de</strong>glutição dos <strong>idosos</strong> saudáveisrepresentaram alterações compatíveis com as mudanças fisiológicas<strong>de</strong>correntes da ida<strong>de</strong> e não evi<strong>de</strong>nciaram a disfagia. No segundo estudo, 38<strong>idosos</strong> com doença arterial coronária constituíram o Grupo <strong>de</strong> Pesquisa (GP)e foram comparados a 30 <strong>idosos</strong> saudáveis no Grupo Controle (GC). Foramavaliados 27 homens e 11 mulheres no GP, com média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 68 anos.No GC foram avaliados 15 homens e 15 mulheres, com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 70anos. Houve diferença significativa no t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição nos<strong>cardiopatas</strong> com FC abaixo <strong>de</strong> 60 , sendo mais curto <strong>em</strong> 3 ml, 10 ml, 15 ml e20 ml. A FC permaneceu mais baixa nos <strong>cardiopatas</strong>. Não houve diferençasignificativa nos outros parâmetros, ou seja, os <strong>idosos</strong> <strong>cardiopatas</strong> forams<strong>em</strong>elhantes aos <strong>idosos</strong> saudáveis, exceto pelo t<strong>em</strong>po curto para a respostada <strong>de</strong>glutição. Concluindo, a presente pesquisa mostrou que os <strong>idosos</strong><strong>cardiopatas</strong> apresentam diferença na função <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> relação aos<strong>idosos</strong> saudáveis. Os <strong>cardiopatas</strong> apresentam alterações da coor<strong>de</strong>naçãot<strong>em</strong>poral entre respiração e <strong>de</strong>glutição, revelando risco para a disfagia. Astécnicas <strong>de</strong> ausculta cervical e oximetria <strong>de</strong> pulso favoreceram a análiseobjetiva <strong>de</strong>sses dados.Descritores: 1. Transtornos <strong>de</strong> Deglutição/etiologia 2. Idoso 3. Deglutição 4.Infarto do Miocárdio 5. Oximetria 6. Auscultação 7. Avaliação/métodos


SUMMARYDantas MORL. Dysphagia in ol<strong>de</strong>r people with heart diseases: a combinedvital sign monitoring and swallowing test [thesis]. São Paulo: “Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo”; 2008. 94p.Oropharyngeal dysphagia affects patients after heart surgery and increasesthe length of the hospitalization. The objective of the present research wasto i<strong>de</strong>ntify the swallowing function caractheristics of aged people with heartdiseases who were referred to the coronary artery surgery. A combinedprotocol of sign vital monitoring and water swallowing evaluation was usedtogether with cervical auscultation. The heart rate (HR) and oxygensaturation (SpO 2 ) were recor<strong>de</strong>d by pulse oximetry before, during and afterthe water test for 1,3,5,10,15 and 20 ml. Cervical auscultation was done byelectronic stethoscope in or<strong>de</strong>r to analyse the number, time of swallowingresponse and swallowing sound classification. Respiration rate (RR), coughand choking were recor<strong>de</strong>d. The results were analysed by two studies. In thefirst one, sixty healthy aged individuals were assessed. There were 45women and 11 men; mean age was 74,5 years. There were SpO 2 and RRincreasing after the water test. There were single swallow for all volumeexcept 20 ml. The time of swallowing response for all volumes occurredbefore 1 second except for 1 and 3 ml. Cough and choking were notpredominant in the water test. The type 3 sound was predominant for allvolumes except 20ml where there was type 1 sound. In summary, thecharacteristics of swallowing in healthy aged individuals representedalterations due to physiological changes in aging and there was no evi<strong>de</strong>nceof dysphagia. In the second study, 38 aged subjects with coronary arterydisease composed the research group (RG) and they were compared to 30healthy aged subjects in the control group (CG). There were 27 men and 11women assessed in the RG; mean age was 68 years. There were 15 womenand 15 men assessed in the CG, mean age was 70 years. There wassignificant difference in the time of swallowing response in the RG when HRwas below 60. It was shorter for 3, 10, 15 and 20 ml. HR was minor in heartdisease individuals. There were no significant difference in other parameter,that is, aged patients with heart disease were similar to healthy agedindividuals, except for the short time of swallowing response. Therefore, thepresent study presented a different swallowing function between agedpatients with heart disease and healthy aged individuals. The heart diseasepatients have alterations in the t<strong>em</strong>poral coordination between swallowingand respiration function, disclosing risk of dysphagia. Cervical auscultationand pulse oximetry were advantageous for the objective analysis of the data.Key words: 1. Deglutition disor<strong>de</strong>rs/etiology 2. Aged 3. Deglutition 4.Myocardial infarction 5. Oximetry 6. Auscultation 7. Evaluation/methods


Apresentação


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação121 APRESENTAÇÃOA elevação da expectativa <strong>de</strong> vida e o conseqüente aumento dapopulação <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> é um fenômeno mundial. No Brasil, o crescimento donúmero <strong>de</strong> indivíduos nessa faixa etária é b<strong>em</strong> acelerado, sendo que todoano, 650 mil novos <strong>idosos</strong> são incorporados à população brasileira (Veras,2007). No ano 2000, 17% dos <strong>idosos</strong> tinham a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 80 anos ou mais; <strong>em</strong>2050 provavelmente a taxa chegará a 28% (Carvalho e Rodriguez-Wong,2008).Essa realida<strong>de</strong> d<strong>em</strong>ográfica brasileira ocasiona, <strong>em</strong> conseqüência, omaior número <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> com doenças crônicas e progressivas. Atualmente,entre os <strong>idosos</strong> brasileiros, é cada vez maior a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentopara doenças cardiovasculares <strong>de</strong>vido à alta prevalência nessa faixa etária(Loures et al.,2000).Vários estudos mostram que as alterações da <strong>de</strong>glutição ou <strong>Disfagia</strong>Orofaríngea (DO) são i<strong>de</strong>ntificadas nos <strong>idosos</strong> hospitalizados, favorecendo oaumento das taxas <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> e dos custos com areabilitação. Os melhores resultados terapêuticos são obtidos a partir dodiagnóstico precoce e do esclarecimento da etiologia, ainda que multifatoriale complexa no idoso (Suzuki et al.,2003).A DO é o maior mecanismo fisiopatológico que ocasiona pneumonia<strong>em</strong> <strong>idosos</strong> porque favorece a entrada <strong>de</strong> saliva, secreções e alimentos na viaaérea. Esse evento é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> aspiração e reflete a gravida<strong>de</strong> da


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação13disfagia (Leslie et al.,2003; Marik e Kaplan,2003; Dziewas et al.,2004).A DO po<strong>de</strong> aparecer <strong>em</strong> qualquer fase do tratamento clínico oucirúrgico do idoso favorecendo a <strong>de</strong>snutrição e a aspiração comconseqüente aumento do risco <strong>de</strong> pneumonia e morte. Além disso, interferediretamente na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos indivíduos (Kikawada et al.,2005;Yoshikawa et al.,2005; Men<strong>de</strong>ll e Log<strong>em</strong>ann, 2007; Smithard et al.,2007).Esses fatos, segundo vários estudos, justificam a necessida<strong>de</strong> da avaliaçãofonoaudiológica para a <strong>de</strong>glutição nos <strong>idosos</strong> hospitalizados.Com a preocupação voltada para a redução da morbida<strong>de</strong> <strong>em</strong>ortalida<strong>de</strong> após as cirurgias cardíacas, alguns estudos mostraram apresença <strong>de</strong> DO nos <strong>idosos</strong> no período pós-operatório cirúrgico, mas nãopu<strong>de</strong>ram apresentar conclusões a respeito das causas específicas,tampouco trouxeram dados a respeito da função <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição prévia <strong>de</strong>ssespacientes (Hogue et al.,1995; Rousou et al.,2000; Ferraris et al.,2001).Entretanto, a conclusão dos estudos é que a DO existe na fase pósoperatóriae prolonga o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> internação. De maneira específica, osautores referiram que os fonoaudiólogos são importantes para realizar aavaliação e o tratamento precoce da DO visando reduzir os custos dainternação e o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> estadia dos pacientes na UTI.Dessa forma, uma questão interessante e até então não abordadanos estudos seria verificar as características da função <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição nospacientes <strong>idosos</strong> antes da cirurgia cardíaca, propiciando o conhecimentosobre as alterações da <strong>de</strong>glutição relativas ao envelhecimento e às


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação14alterações da cardiopatia.O interesse sobre esse t<strong>em</strong>a nasceu da experiência fonoaudiológicana UTI Cirúrgica do Instituto do Coração do HC-FMUSP. Des<strong>de</strong> o ano 2000,a assistência fonoaudiológica foi estruturada com apoio da diretoria da UTIpara aten<strong>de</strong>r aos pacientes com DO <strong>de</strong> várias etiologias. No entanto, os<strong>idosos</strong> s<strong>em</strong> lesão neurológica favoreceram discussões complexas a respeitodo diagnóstico e etiologia da DO nos <strong>cardiopatas</strong>, principalmente naquelessubmetidos à cirurgia <strong>de</strong> Revascularização Miocárdica (RM).Dessa forma, a existência <strong>de</strong> literatura escassa a respeito da<strong>de</strong>glutição nos <strong>cardiopatas</strong> e a importância <strong>de</strong>sse conhecimento para amelhor assistência fonoaudiológica nos casos <strong>de</strong> DO, antes ou <strong>de</strong>pois daRM, propiciou a elaboração <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> nível <strong>de</strong> Doutorado eoriginou a pesquisa aqui apresentada.O objetivo da presente pesquisa foi i<strong>de</strong>ntificar as características da<strong>de</strong>glutição nos pacientes <strong>idosos</strong> portadores <strong>de</strong> doença arterial coronária(DAC) e indicados à cirurgia <strong>de</strong> RM pela primeira vez, através <strong>de</strong> umprotocolo <strong>combinado</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água e monitorização dos sinaisvitais.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação151.1 DOENÇA ARTERIAL CORONÁRIA E REVASCULARIZAÇÃOMIOCÁRDICAA Doença Arterial Coronária (DAC) é a doença cardiovascular qu<strong>em</strong>ais acomete indivíduos <strong>idosos</strong>, havendo estimativa <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong> ocorrênciaacima <strong>de</strong> 70 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. No Brasil, a DAC é a maior causa <strong>de</strong> morte <strong>em</strong>ambos os sexos e a doença continua com as maiores taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>no mundo, incluindo os países <strong>de</strong>senvolvidos (Silva et al., 1997; Rassi Jr,2004; Giffhorn, 2008).A DAC é causada por lesões ateroscleróticas que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>nas pare<strong>de</strong>s das artérias coronárias (Ianni,1999). Durante a formação dasplacas <strong>de</strong> ateroma po<strong>de</strong> haver ruptura do endotélio, h<strong>em</strong>orragia ou aindaformação <strong>de</strong> trombos aumentando o grau <strong>de</strong> estenose da artéria (Giral<strong>de</strong>z etal.,2001). Ao existir redução da luz arterial, ocorre diminuição do fluxosanguíneo coronário, restringindo a perfusão miocárdica ou limitando oaumento proporcional quando há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior fluxo. Taiscondições levam a um <strong>de</strong>sequilíbrio entre a oferta e d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong> oxigênio aomiocárdio (Iglézias et al., 2001).O quadro clínico <strong>de</strong>ssa doença po<strong>de</strong> se manifestar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a isqu<strong>em</strong>iasilenciosa até o infarto agudo do miocárdio (IAM) passando pela anginapectoris estável e instável. O IAM é a situação extr<strong>em</strong>a da insuficiênciacoronária, havendo isqu<strong>em</strong>ia miocárdica e necrose celular (Ianni, 1999;Soares e Barreto Filho, 2001).A análise da extensão da lesão coronária obstrutiva é importante fator


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação16<strong>de</strong> prognóstico. Se houver<strong>em</strong> obstruções multiarteriais e áreas extensas <strong>de</strong>isqu<strong>em</strong>ia, associadas ainda à disfunção contrátil do ventrículo esquerdo,então, haverá maior risco <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> (Neto e Martinez Filho, 2001).Quando o tratamento clínico é insuficiente para a melhorasintomática, a cirurgia <strong>de</strong> Revascularização Miocárdica (RM) é indicada(Iglézias et al., 2001). No procedimento cirúrgico, um vaso sanguíneo <strong>de</strong>outra parte do corpo é utilizado como enxerto no vaso sanguíneo ocluído, d<strong>em</strong>odo que o sangue irrigue novamente a área prejudicada. A veia safena e aartéria torácica interna são os materiais mais <strong>em</strong>pregados para o enxerto,com o objetivo <strong>de</strong> fornecer ao miocárdio o suprimento <strong>de</strong> nutrição e oxigêniopara a função contrátil (Carvalho et al., 2006; Gomes et al., 2008).Os resultados mais evi<strong>de</strong>nte da RM são a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alíviosintomático da angina, a melhora da tolerância ao exercício e da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida, possibilitando retorno à vida ativa e ao trabalho, além do aumento<strong>de</strong> sobrevida <strong>em</strong> subgrupos <strong>de</strong> pacientes (La<strong>de</strong>ira et al., 2006).O aperfeiçoamento da técnica operatória, dos métodos, materiais,anestesia e cuidados pós-operatórios intensivos permitiram a redução dastaxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e morbida<strong>de</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados grupos <strong>de</strong> <strong>idosos</strong>.Esses excelentes resultados fizeram da RM uma das cirurgias maisrealizadas no mundo (Deininger et al.,1999; Lima et al., 2005; Carvalho etal., 2006 ).Entretanto, esses pacientes tornaram-se mais susceptíveis àscomplicações cardiovasculares, pulmonares, renais, gastrointestinais,


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação17neurológicas e cognitivas após a RM (Deininger et al.,1999 Carvalho etal.,2006), <strong>de</strong>vido ao próprio aumento da ida<strong>de</strong> associado à perda dasreservas fisiológicas (Kikawada et al.,2005; El Solh e Ramadan, 2006;Men<strong>de</strong>ll e Log<strong>em</strong>ann.,2007).Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>ssas complicações, os pacientes <strong>idosos</strong> pod<strong>em</strong>lentificar a recuperação na fase pós-operatória, apresentando dificulda<strong>de</strong>snutricionais, disfunção neuromuscular, distúrbio respiratório, insuficiênciacardíaca, úlcera <strong>de</strong> pressão, disfunção gastrointestinal e diminuição daimunida<strong>de</strong> (Rosenthal e Kavic, 2004;Carvalho et al.,2006).Assim, um procedimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte como este po<strong>de</strong> tornar-seb<strong>em</strong> mais dispendioso do que o previsto (Iglézias et al., 2001; Haddad et al.,2007).Uma das principais causas <strong>de</strong> prolongamento da internaçãohospitalar <strong>em</strong> <strong>idosos</strong> é a presença dos distúrbios da <strong>de</strong>glutição ou <strong>Disfagia</strong>Orofaríngea (DO).1.2 DISFAGIA OROFARÍNGEA EM IDOSOS APÓS RMA <strong>de</strong>glutição envolve uma série complexa <strong>de</strong> eventos motores esensoriais orofaríngeos especificamente coor<strong>de</strong>nados para transportaralimentos, saliva e secreções da boca até o estômago. A dinâmica <strong>de</strong>sseseventos modifica-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da ida<strong>de</strong> e é associada às alteraçõesestruturais, <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação da boca,


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação18laringe, faringe e esôfago (Bass e Morrell, 1992; Murry e Carrau,2001;Men<strong>de</strong>ll e Log<strong>em</strong>ann,2007).Os nervos cranianos situados no tronco cerebral participam da<strong>de</strong>glutição, assim como várias regiões do córtex cerebral com funçãoreguladora como o giro pré-central, o giro pós-central e a ínsula (Martin etal.,2004).A conexão a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong>termina a <strong>de</strong>glutição eficaz,<strong>de</strong>scrita <strong>em</strong> quatro fases: preparatória oral, oral, faríngea e esofágica. A fasepreparatória oral correspon<strong>de</strong> ao preparo do bolo para a ejeção à orofaringe,com a mastigação propriamente dita e o posicionamento a<strong>de</strong>quado do bolosobre a língua. A fase oral correspon<strong>de</strong> ao transporte coor<strong>de</strong>nado doalimento da boca até a orofaringe; a fase faríngea correspon<strong>de</strong> ao transporte<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a orofaringe até o esôfago, ocorrendo o fechamento do vestíbulolaríngeo e a abertura do esfíncter esofágico superior. A fase esofágicacorrespon<strong>de</strong> ao transporte do alimento do esôfago até o estômago (Viú<strong>de</strong>,2005; Luiz, 2004;Marchesan, 2003).Todos esses eventos <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> diretamente da regulação neural nosist<strong>em</strong>a nervoso central e periférico, possibilitando a sincronia entre asações voluntárias e involuntárias para que a <strong>de</strong>glutição seja efetiva(Junqueira, 2003; Marchesan,2003;Murry e Carrau, 2001; Bass e Morrell,1992).A DO é o prejuízo da <strong>de</strong>glutição relacionado ao funcionamento dasestruturas orofaríngeas <strong>em</strong> qualquer fase da <strong>de</strong>glutição. As causas para


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação19esse distúrbio pod<strong>em</strong> ser neurológicas, sistêmicas, infecciosas, mecânicas etraumáticas (Bretan, 2003; Furia, 2004).A sintomatologia da DO é <strong>de</strong>corrente das alterações sensóriomotorasorofaríngeas prejudicando acoor<strong>de</strong>nação e a dinâmica da<strong>de</strong>glutição. Estudos relatam alterações na força, nocontrole e naorganização dos movimentos da língua, aumento do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> mastigação e<strong>de</strong> alimentação, acúmulo <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> alimentos na boca, na faringe e noesfíncter esofágico superior, ausência ou redução da elevação laríngea,regurgitação nasal dos alimentos, presença <strong>de</strong> tosses, engasgos e asfixiadurante a alimentação, além da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> saliva e d<strong>em</strong>anejo <strong>de</strong> secreções orofaríngeas (Finestone e Greene-Finestone, 2003;Ramsey et al. 2003; Pettigrew e O’Toole, 2007).Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>ssas alterações, a DO po<strong>de</strong> ocasionar a aspiração.A entrada freqüente <strong>de</strong> alimentos, saliva e secreções nas regiões da laringe,brônquios e pulmões favorece a ocorrência <strong>de</strong> pneumonia aspirativa (Mari etal., 2005; Marik e Kaplan, 2003).Com o avanço da ida<strong>de</strong>, mudanças contínuas ocorr<strong>em</strong> na <strong>de</strong>glutição,<strong>de</strong>vido à mudança na força muscular, na mobilida<strong>de</strong> e na coor<strong>de</strong>naçãoorofaríngea, somadas à sensibilida<strong>de</strong> faríngea diminuída. Na presença <strong>de</strong>condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quadas, tais mudanças são b<strong>em</strong> compensadas epermanec<strong>em</strong> pouco evi<strong>de</strong>ntes nos <strong>idosos</strong> (Gleeson, 1999).Entretanto, na presença <strong>de</strong> doenças agudas ou progressivas e nainstabilida<strong>de</strong> das comorbida<strong>de</strong>s, os pacientes pod<strong>em</strong> rapidamente per<strong>de</strong>r a


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação20habilida<strong>de</strong> compensatória e apresentar DO com aspiração (Schindler e Kelly,2002).Desta forma, a i<strong>de</strong>ntificação da DO e o tratamento precoce são <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> importância para os <strong>idosos</strong> internados (El Solh e Ramadan, 2006).Especificamente no caso dos <strong>idosos</strong> após RM, a <strong>de</strong>glutição po<strong>de</strong> serprejudicada pela existência dos distúrbios cognitivos <strong>de</strong>correntes doprocedimento cirúrgico, pelas conseqüências da intubação orotraqueal epelos efeitos medicamentosos (Lima et al., 2005).As implicações clínicas do distúrbio cognitivo pod<strong>em</strong> ser graves, umavez que prolongam o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> internação e aumentam a utilização dosrecursos humanos e tecnológicos durante a internação. Muitas vezes aimportância <strong>de</strong>sse distúrbio é minimizada no período pós-operatório <strong>de</strong> RM,principalmente porque o probl<strong>em</strong>a parece ser transitório. No entanto aincidência do distúrbio é <strong>de</strong> 50 a 80% na alta hospitalar, 20 a 50% após asprimeiras seis s<strong>em</strong>anas e 10 a 30% após seis meses. Um dos fatores <strong>de</strong>risco é a própria ida<strong>de</strong> avançada (Newman et al, 2001; Yin et al., 2007).O interesse sobre as causas possíveis para o distúrbio cognitivogerou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos utilizando ressonância magnética paraa <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> isqu<strong>em</strong>ia cerebral após RM. Os resultados são controversosporque mostram que há relação entre o tipo <strong>de</strong> procedimento cirúrgico, operfil do paciente, a presença <strong>de</strong> isqu<strong>em</strong>ia cerebral prévia, o t<strong>em</strong>potranscorrido entre a data da cirurgia e a data da avaliação e ainda os <strong>teste</strong>sselecionados para a avaliação das funções cognitivas. N<strong>em</strong> todos os


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação21pacientes <strong>idosos</strong> com distúrbio cognitivo após RM apresentam novaisqu<strong>em</strong>ia cerebral que justifique a DO. Assim, algumas explicações surg<strong>em</strong>para esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio cognitivo como a hipoperfusão e a ativação daresposta inflamatória sistêmica <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência do procedimento cirúrgico(Barber et al., 2008).Os resultados da aplicação dos protocolos <strong>de</strong> avaliação cognitiva prée pós cirurgia <strong>de</strong> RM mostram que há alteração <strong>em</strong> um ou mais dosseguintes domínios: atenção, linguag<strong>em</strong>, m<strong>em</strong>ória verbal e visual, funçãoexecutiva e agilida<strong>de</strong> motora (Newman et al, 2001; Yin et al., 2007; Barber etal., 2008).Dessa forma, as alterações cognitivas após RM também interfer<strong>em</strong>com a integrida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>glutição porque lentificam o processamento dasinformações sensoriais e a programação das respostas motoras inerentes àtarefa. O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reação po<strong>de</strong> ser maior, especialmente se houvernecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> das respostas motoras. Essas alterações sãosomadas à diminuição da percepção gustativa e olfatória comum <strong>em</strong> <strong>idosos</strong>(Ekberg e Feinberg, 1991; Sellars et al., 2007).Além <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> susceptíveis aos distúrbios cognitivos associados aoprocedimento cirúrgico, os <strong>idosos</strong> <strong>cardiopatas</strong> também apresentam risco <strong>de</strong>Aci<strong>de</strong>nte Vascular Encefálico (AVE), que é a maior causa <strong>de</strong> DO nessa faixaetária.Estudos mostram que DO após AVE acomete <strong>de</strong> 40 a 70% doscasos. A aspiração ocorre <strong>em</strong> até 50% dos pacientes, principalmente na fase


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação22aguda da doença e constitui risco <strong>de</strong> pneumonia (Marik e Kaplan, 2003;Martino et al., 2000; Parker et al., 2004; Sellars et al., 2007; Smithard et al.,2007).Após RM, a ocorrência <strong>de</strong> AVE é <strong>de</strong> 1,5 a 6% e está associada aoaumento da mortalida<strong>de</strong> durante a internação e à redução do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>sobrevida (Floyd et al.,2006; Filsoufi et al.,2008). Se houver DO <strong>em</strong><strong>de</strong>corrência do AVE, então haverá pior prognóstico, aumentando o risco <strong>de</strong>infecção pulmonar, <strong>de</strong>snutrição, <strong>de</strong>sidratação e <strong>de</strong>pendência (Ramsey et al.,2003). Um estudo mostrou que a mortalida<strong>de</strong> é aumentada se os probl<strong>em</strong>as<strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição estiver<strong>em</strong> presentes no paciente após AVE, mesmo s<strong>em</strong>alterações cognitivas (Smithard et al., 1996).Outro fator relacionado à DO <strong>em</strong> <strong>idosos</strong> após RM é a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> intubação orotraqueal (IOT).Embora as doenças pulmonares como apneumonia e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) sejamresponsáveis pela maioria dos casos <strong>de</strong> IOT <strong>em</strong> <strong>idosos</strong>, outras alteraçõestambém pod<strong>em</strong> estar envolvidas como a gravida<strong>de</strong> da cardiopatia, osdistúrbios nutricionais e as conseqüências do AVE (El Solh e Ramadan,2006) .A ocorrência do prejuízo da <strong>de</strong>glutição é estimada entre 20 a 83%nos pacientes intubados por mais <strong>de</strong> 48 horas (Solh et al., 2003).Estudos mostraram que a DO nestes casos é t<strong>em</strong>poráriaecaracterizada pela disfunção do reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição. Tal fato é <strong>de</strong>correnteda alteração nos receptores químicos e mecânicos situados <strong>em</strong> uma área


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação23ampla que inclui a base da língua, a pare<strong>de</strong> faríngea posterior, a epiglote, opalato mole e a mucosa da laringe e da faringe. Esses receptores sãofundamentais para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a fase reflexa da <strong>de</strong>glutição, a qual envolvetodos os mecanismos <strong>de</strong> proteção das vias aéreas durante a fase faríngeada <strong>de</strong>glutição (<strong>de</strong> Larminat et al.,1995).A falha do reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição associada ao efeito da não utilizaçãoda musculatura orofaríngea e laríngea durante a IOT prolongada favorece orisco <strong>de</strong> aspiração após a extubação (Barquist et al., 2001).Geralmente a aspiração é silente durante a IOT e após a extubação,ou seja, os sinais <strong>de</strong> tosse, engasgo ou asfixia não ocorr<strong>em</strong> para evi<strong>de</strong>nciara aspiração. Após as cirurgias cardíacas, quando a DO é associada àaspiração silente, geralmente torna-se um fator <strong>de</strong> complicação para aevolução do paciente (Harrington et al.,1998).Um estudo mostrou a avaliação da <strong>de</strong>glutição após extubação <strong>em</strong><strong>idosos</strong> e jovens <strong>em</strong> UTI s<strong>em</strong> história <strong>de</strong> doenças neurológicas. Foi utilizada avi<strong>de</strong>oendoscopia para o diagnóstico da DO e a aspiração foi registrada <strong>em</strong>52% dos <strong>idosos</strong> e 36% dos jovens. Após duas s<strong>em</strong>anas não foi <strong>de</strong>tectadaDO entre os jovens, mas 13% dos <strong>idosos</strong> continuaram com DO (El Solh etal., 2003).Outro estudo utilizou a eletromiografia <strong>de</strong> superfície e a avaliaçãovisual dos movimentos laríngeos para <strong>de</strong>tectar a ocorrência da <strong>de</strong>glutição.Foi verificada a maior latência do reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição nos indivíduos comIOT acima <strong>de</strong> 24 horas comparados àqueles que não tiveram IOT na UTI. Os


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação24participantes não apresentavam alterações neurológicas. Um dos achadosimportantes foi a redução progressiva da latência do reflexo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia daextubação até o segundo dia após o evento. Sete dias após a extubaçãoessa diferença foi significativa, com melhora importante da <strong>de</strong>glutição (<strong>de</strong>Larminat et al., 1995).Outras características da DO <strong>em</strong> <strong>idosos</strong> <strong>de</strong>correntes da ventilaçãomecânica (VM) são <strong>de</strong>scritas nos estudos, incluindo alterações napreparação do bolo e no trânsito oral, latência para o início da <strong>de</strong>glutição,acúmulo <strong>de</strong> resíduos alimentares na faringe e seios piriformes e redução dot<strong>em</strong>po <strong>de</strong> fechamento das pregas vocais durante a <strong>de</strong>glutição. Essasdificulda<strong>de</strong>s pod<strong>em</strong> causar riscos importantes <strong>de</strong> pneumonia aspirativa ecomplicar o estado nutricional (Tolep et al., 1996; Davis et al., 2004).Além disso, as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação entre a respiração e a<strong>de</strong>glutição, a elevação laríngea reduzida e a pressão subglótica alteradapod<strong>em</strong> influenciar a habilida<strong>de</strong> do controle sobre a tosse e colaborar para afalha na extubação. Na ausência da tosse, a entrada <strong>de</strong> saliva e secreçõespermanece constante nas vias aéreas po<strong>de</strong>ndo até mesmo causar obstruçãona passag<strong>em</strong> do ar, ocasionando falha da ventilação pulmonar (Tolep et al.,1996; Aj<strong>em</strong>ian et al., 2001; Davis et al., 2004).Um estudo mostrou a existência <strong>de</strong>ssa correlação. Entre 175 <strong>idosos</strong><strong>em</strong> UTI com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> VM <strong>em</strong> UTI, a inabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manejo dassecreções orofaríngeas foi a principal causa da falha na extubação,ocorrendo <strong>em</strong> 20% dos casos (El Solh et al., 2004).


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação25Frente a esses dados, é possível concluir que o sucesso daextubação também está relacionado à preservação dos reflexos <strong>de</strong> tosse e<strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, auxiliando a eliminação das secreções orofaríngeas e laringotraqueais(Twibell et al., 2003).A preocupação com as condições propícias para a extubação <strong>de</strong>pacientes gerou a documentação <strong>de</strong> recomendações específicas para aformação <strong>de</strong> uma equipe multidisciplinar na UTI. O objetivo é aten<strong>de</strong>rprontamente as necessida<strong>de</strong>s do paciente, favorecendo a segurança e amanutenção da extubação. O fonoaudiólogo está incluído nessa equipe paraa avaliação e tratamento dos distúrbios da <strong>de</strong>glutição e para a recuperaçãodas habilida<strong>de</strong>s comunicativas (MacIntyre et al., 2005).Após a extubação, os <strong>idosos</strong> pod<strong>em</strong> apresentar probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação entre respiração e <strong>de</strong>glutição, já que ambas funções utilizamas mesmas estruturas e requer<strong>em</strong> sincronia perfeita entre si (Leslie et al.,2005).As variações na coor<strong>de</strong>nação entre respiração e <strong>de</strong>glutição ocorr<strong>em</strong>durante o envelhecimento e são expressas pelo aumento no t<strong>em</strong>po daapnéia da <strong>de</strong>glutição, que é o fechamento da via aérea durante a fasefaríngea da <strong>de</strong>glutição.Os eventos neuromotores envolvidos na apnéia da <strong>de</strong>glutição sãob<strong>em</strong> complexos e realmente exig<strong>em</strong> sincronia perfeita para evitar aaspiração. Estudos <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> que na apnéia da <strong>de</strong>glutição ocorrefechamento das pregas vocais, movimento medial das pregas vestibulares,


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação26aproximação da aritenói<strong>de</strong> à base da epiglote, inversão epiglótica e tensãodas pregas ariepiglóticas (Hiss et al., 2001; 2004).A coor<strong>de</strong>nação t<strong>em</strong>poral a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> todas essas ocorrênciasdurante a apnéia da <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características do fluxo do bolono momento do fechamento da via aérea, da fase da respiração <strong>em</strong> que a<strong>de</strong>glutição ocorre (inspiração ou expiração),do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> duração da apnéiae dos movimentos estruturais da cavida<strong>de</strong> oral, faringe e laringe (Dozier etal., 2006).A apnéia da <strong>de</strong>glutição t<strong>em</strong> sido estudada como um evento ligado aosist<strong>em</strong>a nervoso central, o qual respon<strong>de</strong> pela integração neuromusculardurante a dinâmica da <strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> relação à presença constante darespiração (Hiss et al., 2001).Estudos mostram que a apnéia da <strong>de</strong>glutição é prolongada nos<strong>idosos</strong>. No entanto, na presença <strong>de</strong> AVE ou <strong>de</strong> outras condições que<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>i<strong>em</strong> a DO, a coor<strong>de</strong>nação da apnéia po<strong>de</strong> falhar e favorecer aocorrência da aspiração e da pneumonia (Kendall e Leonard, 2001; Leslie etal., 2004).O estudo <strong>de</strong> Iglézias et al. (2001) mostrou que a infecção pulmonarfoi a maior causa <strong>de</strong> infecção no pós-operatório <strong>de</strong> RM entre <strong>idosos</strong>. Foramavaliados 361 pacientes com ida<strong>de</strong> entre 70 e 90 anos e a infecçãopulmonar acometeu 53,5% dos casos.Este probl<strong>em</strong>a é abordado <strong>em</strong> outros estudos, os quais indicam que


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação27os <strong>idosos</strong> com diagnóstico <strong>de</strong> pneumonia <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser avaliados quanto àpresença da <strong>Disfagia</strong> Orofaríngea (DO) para que sejam i<strong>de</strong>ntificados etratados, principalmente aqueles com riscos <strong>de</strong> aspiração (Hammond eGoldstein, 2006; Marik e Kaplan, 2003).Vários estudos mostram as características e conseqüências da DO<strong>em</strong> <strong>idosos</strong>, principalmente quando a causa é neurológica, como na presença<strong>de</strong> AVE e d<strong>em</strong>ências. Dessa forma a DO t<strong>em</strong> sido mais valorizada entre os<strong>idosos</strong> com distúrbios neurológicos do que entre aqueles submetidos àscirurgias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte (Marik e Kaplan, 2003).Em relação à DO após as cirurgias cardíacas, poucos estudostrouxeram dados a respeito do perfil dos pacientes e das causas prováveis.Ferraris et al. (2001) encontraram DO <strong>em</strong> 3% dos casos, sugerindocomo causas os distúrbios cognitivos e a presença <strong>de</strong> AVE pós-operatório.Rousou et al. (2000) encontraram DO <strong>em</strong> 1,8% dos pacientes quenão sofreram procedimentos esofágicos invasivos (ecocardiografiatransesofágica) durante a cirurgia. Nos pacientes com tais procedimentos, aDO ocorreu <strong>em</strong> 7,9% dos casos. .Hogue et al. (1995) estudaram pacientes submetidos à RM eincluíram aqueles que precisaram da ecocardiografia transesofágica . Oresultado mostrou a ocorrência <strong>de</strong> DO <strong>em</strong> 4% dos casos. Os principaisfatores <strong>de</strong> risco foram a ida<strong>de</strong> e a intubação prolongada.Assim, a DO po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um fator etiológico para a


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação28pneumonia após as cirurgias cardíacas mesmo que esteja <strong>de</strong>svinculada doAVE.Essas referências a respeito da DO na fase pós-operatória dascirurgias cardíacas <strong>de</strong>flagaram o interesse sobre a condição prévia da<strong>de</strong>glutição nos <strong>idosos</strong> com DAC e com indicação <strong>de</strong> tratamento cirúrgico.Dessa forma, a presente pesquisa apresenta uma proposta <strong>de</strong>avaliação da <strong>de</strong>glutição dos <strong>idosos</strong> <strong>cardiopatas</strong> levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução da avaliação na fase pós-operatória na UTI. Foiutilizado, então, o Protocolo <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Risco para <strong>Disfagia</strong> por TesteCombinado <strong>de</strong> Deglutição e Monitorização dos Sinais Vitais (PADTC),composto por um <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água associado à ausculta cervicale à oximetria <strong>de</strong> pulso (Anexo A).A elaboração do protocolo foi baseada na literatura. A seleção dastécnicas específicas <strong>de</strong>correu das referências dos estudos experimentaissobre a <strong>de</strong>glutição. A oximetria <strong>de</strong> pulso é indicada para medir a saturaçãoperiférica <strong>de</strong> oxigênio (SpO 2 ) e a frequência cardíaca (FC). É uma técnicanão invasiva, não expõe o paciente à radiação, o instrumento é portátil,disponível na UTI e requer pouca colaboração do paciente. Atualmente atécnica t<strong>em</strong> sido associada ao <strong>teste</strong> <strong>de</strong> água como proposta metodológicapara <strong>de</strong>tectar o risco <strong>de</strong> aspiração. A ocorrência da queda nos valores <strong>de</strong>SpO 2 durante a <strong>de</strong>glutição indica que a aspiração está presente ou ésuspeita (Sherman et al., 1999; Smith et al., 2000; Lim et al., 2001; Higo etal., 2003).


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasApresentação29A ausculta cervical também t<strong>em</strong> sido utilizada na avaliação da<strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> beira <strong>de</strong> leito para <strong>de</strong>tectar pacientes com disfagia. Possibilitaamplificar os sons da <strong>de</strong>glutição e distinguir os sons normais dos sonsalterados (Takahashi et al., 1994; McKaig, 1999; Cichero e Murdoch, 2002;Monière et al., 2006; Borr et al., 2007).Para melhor análise dos dados e discussão dos resultados, a tese foidividida <strong>em</strong> dois estudos. O primeiro teve como objetivo caracterizar afunção <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição dos <strong>idosos</strong> saudáveis, com in<strong>de</strong>pendência nasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária (AVDs). O segundo teve como objetivo caracterizara função <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição dos <strong>idosos</strong> com diagnóstico <strong>de</strong> DAC, indicados à RMpela primeira vez e compará-los com os <strong>idosos</strong> saudáveis.Os estudos foram apresentados aten<strong>de</strong>ndo às normas parasubmissão <strong>de</strong> artigos <strong>em</strong> periódicos internacionais relacionados à área dapresente pesquisa.O Comitê <strong>de</strong> Ética para Análise <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Pesquisa da DiretoriaClínica do Hospital das Clínicas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Paulo aprovou a realização <strong>de</strong>ste estudo: CAPPesq nº. 807/06(Anexo B).Os participantes assinaram o Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre eEsclarecido (TCLE) e foram avaliados no Instituto do Coração e noAmbulatório <strong>de</strong> Geriatria do HC- FMUSP (Anexo C).


Estudo I


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I312 ESTUDO I - AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO EM IDOSOSSAUDÁVEIS: CONTRIBUIÇÃO DA AUSCULTA CERVICAL E DAOXIMETRIA DE PULSOINTRODUÇÃOA <strong>de</strong>glutição envolve uma série complexa <strong>de</strong> eventos motores esensoriais orofaríngeos especificamente coor<strong>de</strong>nados para transportaralimentos, saliva e secreções da boca até o estômago [1].A dinâmica <strong>de</strong>sses eventos modifica-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da ida<strong>de</strong> e éassociada às alterações estruturais, <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação da boca, laringe, faringe e esôfago. Os achados mais comunsentre os <strong>idosos</strong> saudáveis são: aumento do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> duração da <strong>de</strong>glutição,lentidão dos movimentos <strong>de</strong> língua, lentidão da fase faríngea, redução davelocida<strong>de</strong> do peristaltismo esofágico e abertura prolongada do esfíncteresofágico superior [1–3].Outras alterações envolv<strong>em</strong> a coor<strong>de</strong>nação entre <strong>de</strong>glutição erespiração, a maior incidência <strong>de</strong> inspiração após a <strong>de</strong>glutição e o aumentoda freqüência respiratória [4]. Essas modificações reflet<strong>em</strong> compensaçõesfrente às mudanças gradativas na reserva muscular e óssea, afetando asfases da <strong>de</strong>glutição [1–5].Entretanto, esse distúrbio da <strong>de</strong>glutição po<strong>de</strong> tornar-se grave e ocontrole ina<strong>de</strong>quado do alimento no trânsito orofaríngeo po<strong>de</strong> ocasionar<strong>de</strong>svios do alimento no trajeto faríngeo, provocando a entrada <strong>de</strong> alimento


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I32na laringe e nas vias aéreas inferiores. Esse evento é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong>aspiração e está diretamente relacionado à disfagia orofaríngea.Estudos mostram que as modificações <strong>de</strong>correntes da ida<strong>de</strong> não sãosuficientes para gerar disfagia. Entretanto, no estabelecimento <strong>de</strong> doençasagudas ou progressivas, os <strong>idosos</strong> pod<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r rapidamente a habilida<strong>de</strong><strong>de</strong> compensar a <strong>de</strong>glutição frente às mudanças relativas ao envelhecimento.Quando disfagia e aspiração ocorr<strong>em</strong> juntas, então o risco <strong>de</strong>pneumonia e morte aumenta. Outras complicações inclu<strong>em</strong> <strong>de</strong>snutrição,<strong>de</strong>sidratação e perda <strong>de</strong> peso [6–9].Portanto, na avaliação da <strong>de</strong>glutição dos <strong>idosos</strong>, a ação maisimportante é <strong>de</strong>terminar o risco <strong>de</strong> disfagia.O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi i<strong>de</strong>ntificar as características da <strong>de</strong>glutição<strong>de</strong> <strong>idosos</strong> saudáveis utilizando um protocolo <strong>de</strong> avaliação composto por um<strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição água e registros da oximetria <strong>de</strong> pulso e da auscultacervical.MÉTODOEstudo da populaçãoOs participantes foram selecionados do Programa <strong>de</strong> Promoção daSaú<strong>de</strong> ao Idoso <strong>em</strong> um hospital geral. Inicialmente, 327 prontuários médicosforam consultados para revisão dos dados da avaliação geriátrica global,


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I33in<strong>de</strong>pendência para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária (AVDs), funções cognitivas edoenças prévias e atuais. Os critérios <strong>de</strong> inclusão no presente estudo foram:ida<strong>de</strong> igual ou superior a 60 anos, ambos os gêneros, s<strong>em</strong> história <strong>de</strong>doenças respiratórias, gastrointestinais, neurológicas e cardíacas; cirurgiasorofaríngeas e laringo-traqueais e s<strong>em</strong> internação hospitalar nos últimosdoze meses. Os dados sobre a in<strong>de</strong>pendência nas AVDs e os resultados doMini-exame do Estado Mental compatíveis com a ida<strong>de</strong> e escolarida<strong>de</strong><strong>de</strong>veriam ter no máximo 60 dias <strong>de</strong> registro. Dessa forma, 60 <strong>idosos</strong>preencheram os critérios <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong>ste estudo e assinaram o termo <strong>de</strong>consentimento. O Comitê <strong>de</strong> Ética do hospital aprovou o estudo.MateriaisFoi utilizado o Protocolo <strong>de</strong> Avaliação do Risco <strong>de</strong> <strong>Disfagia</strong> por TesteCombinado <strong>de</strong> Deglutição e Monitorização dos Sinais Vitais (PADTC),elaborado com base nas propostas <strong>de</strong> um <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água [10]associado à oximetria <strong>de</strong> pulso [11–13] e à ausculta cervical [14–19].Os materiais utilizados foram: um copo <strong>de</strong>scartável contendo 60 ml <strong>de</strong>água filtrada, seringa <strong>de</strong>scartável <strong>de</strong> 20 ml, estetoscópio eletrônico (Littmann4100; 3M Health Care, St. Paul, MN, USA), cronômetro (Technos,Esaote,Italy) e um oxímetro <strong>de</strong> pulso (DX-2515; Dixtal/Novametrix, Manaus,Brasil).


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I34Procedimentos• Registro da linha <strong>de</strong> base inicial dos sinais vitaisFoi utilizado o oxímetro <strong>de</strong> pulso para registrar os valores dafreqüência cardíaca (FC) e da saturação arterial <strong>de</strong> oxigênio (SpO 2 ) a cadaminuto, durante cinco minutos.O participante ficou sentado <strong>em</strong> uma ca<strong>de</strong>ira com o sensor acopladono <strong>de</strong>do indicador direito. Foi calculada a média <strong>de</strong> FC e SpO 2 ao final dos 5minutos.Para a obtenção da freqüência respiratória (FR), foi utilizada a técnicamanual que consistiu <strong>em</strong> manter a mão do examinador sobre o diafragma dosujeito e contar o número <strong>de</strong> inspirações durante o último minuto do registroda linha <strong>de</strong> base inicial dos sinais vitais.• Registro da <strong>de</strong>glutiçãoFoi constituído pelo <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água, ausculta cervicalsimultânea e registro contínuo dos sinais vitais durante a <strong>de</strong>glutição.Teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> águaFoi realizado com o participante sentado na ca<strong>de</strong>ira. Dois toquesdigitais rápidos na face, próximo à bochecha esquerda, foram estabelecidos


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I35como o sinal para realizar a <strong>de</strong>glutição. O participante foi instruído a abrir aboca e foi instilado 1 ml <strong>de</strong> água filtrada sobre a língua, através <strong>de</strong> seringa<strong>de</strong>scartável <strong>de</strong> 20 ml.O participante foi instruído a fechar a boca e <strong>de</strong>glutir o conteúdo d<strong>em</strong>aneira natural, mediante o sinal. Esse procedimento foi repetido com osvolumes <strong>de</strong> 3, 5, 10, 15 e 20 ml.Ausculta cervicalO estetoscópio eletrônico foi posicionado na borda lateral esquerdada traquéia, inferior à cartilag<strong>em</strong> cricói<strong>de</strong> [14,18] para a gravação do som da<strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> cada volume ofertado. O participante não estava ciente dagravação, visando evitar alterações comportamentais.A análise dos sons foi realizada através do software 3M LittmannVersão 2.0, extraindo-se dados a partir da acústica e da visualização doespectograma colorido. Os sons gravados foram registrados da seguinteforma:• som tipo 1 – foram i<strong>de</strong>ntificados dois cliques audíveis seguidos dosopro expiratório [18];• som tipo 2 – foram i<strong>de</strong>ntificados dois cliques audíveis seguidos dosom inspiratório [4,19];• som tipo 3 – foram i<strong>de</strong>ntificados dois cliques audíveis mas não foii<strong>de</strong>ntificada a expiração ou a inspiração;


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I36• som tipo 4 – não foram i<strong>de</strong>ntificados os dois cliques da <strong>de</strong>glutiçãopor interferência <strong>de</strong> ruídos.O t<strong>em</strong>po para resposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição foi medido <strong>em</strong> segundos, sendo<strong>de</strong>finido como o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sinal prévio até o início do som da<strong>de</strong>glutição. Foram utilizados o espectograma e o cursor para i<strong>de</strong>ntificar oponto exato on<strong>de</strong> o som iniciou.O número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições foi registrado para cada volume durante 8segundos após o sinal para <strong>de</strong>glutição, indicando o limite da disfagia [10].registrada.A presença <strong>de</strong> intercorrências como tosse e/ou engasgos foiRegistro dos sinais vitais durante o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutiçãoApós cada <strong>de</strong>glutição, FC e SpO 2 foram registrados através daoximetria <strong>de</strong> pulso.Os critérios <strong>de</strong> interrupção do protocolo foram: presença <strong>de</strong> doisengasgos consecutivos ou <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> 4% ou mais nos valores da SpO 2quando comparado à linha <strong>de</strong> base inicial.• Registro da linha <strong>de</strong> base final dos sinais vitaisFoi realizado através dos mesmos procedimentos <strong>de</strong>scritos noregistro da linha <strong>de</strong> base inicial.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I37Análise EstatísticaO grau <strong>de</strong> relação entre a ida<strong>de</strong> dos participantes e as variáveisprovenientes do registro da linha <strong>de</strong> base inicial, linha <strong>de</strong> base final e registroda <strong>de</strong>glutição foi analisado através da Correlação <strong>de</strong> Spearman. Para validaras correlações foi utilizado o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> correlação. O <strong>teste</strong> <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>duas proporções foi utilizado para caracterizar a distribuição do gênero e osresultados qualitativos intra-grupo. A comparação dos dados quantitativos foirealizada pelo <strong>teste</strong> <strong>de</strong> Wilcoxon. As diferenças foram consi<strong>de</strong>radassignificantes quando p


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I38aumento da ida<strong>de</strong> foi relacionado à diminuição <strong>em</strong> SpO 2 antes e durante o<strong>teste</strong> <strong>de</strong> água e também foi relacionado à diminuição no t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta eao aumento <strong>de</strong> engasgos <strong>em</strong> 15 ml <strong>de</strong> água.Características da linha <strong>de</strong> base dos sinais vitaisA comparação dos sinais vitais nas linhas <strong>de</strong> base inicial e finalmostrou que não houve diferença significativa nos valores <strong>de</strong> FC e SpO 2 .Entretanto, a comparação entre a linha <strong>de</strong> base inicial e os sinais vitaisdurante o registro da <strong>de</strong>glutição mostrou que houve aumento da FC duranteo <strong>teste</strong> e esta diferença foi significativa (p = 0,022). Não houve diferença <strong>em</strong>SpO 2 . Já a comparação dos sinais vitais durante o registro da <strong>de</strong>glutição e alinha <strong>de</strong> base final (tabela 1) mostrou diferença significante com diminuiçãodos valores <strong>de</strong> FC (p = 0,004) e aumento nos valores <strong>de</strong> SpO 2 (p = 0,002).Em relação à FR, verificou-se diferença significativa na linha <strong>de</strong> baseinicial e na final, com aumento <strong>de</strong> 18,47 ± 0,70 para 19,30 ± 0,70 inspiraçõespor minuto (ipm).Características do registro da <strong>de</strong>glutiçãoQuanto ao número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições, houve <strong>de</strong>glutição única <strong>em</strong> todasas medidas, exceto <strong>em</strong> 20 ml. A diferença foi estatisticamente significante(Tabela 2).


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I39Quanto ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, houve diferença significativa entre osvolumes. A resposta foi menor do que 1 segundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 5 até 20 ml <strong>de</strong> água(p < 0,001). Em 1 e 3 ml a <strong>de</strong>glutição ocorreu entre 1 e 2 segundos (p


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I40Tabela 2 - Distribuição do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições <strong>em</strong> relação ao volume <strong>de</strong> águaVolumeDeglutição ÚnicaDeglutição MúltiplaN % N %p-valor1ml 50 83,3% 8 13,3%


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I41A recuperação da FC após o exercício é esperada e a lentidão doretorno t<strong>em</strong> sido indicada como possível preditor <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> [21].Como houve recuperação da FC, é possível sugerir que houveresposta fisiológica a<strong>de</strong>quada durante a <strong>de</strong>glutição nesse grupo, estando<strong>de</strong>ntro da normalida<strong>de</strong>, apesar das referências sobre a diminuição dasreservas muscular, óssea e neural <strong>em</strong> <strong>idosos</strong> [1,6,22]. O aumentosignificativo da FR <strong>de</strong>pois do <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição po<strong>de</strong> também representardados da normalida<strong>de</strong>.As mudanças na FC e FR durante a <strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> <strong>idosos</strong>comparados aos pacientes disfágicos foram pouco estudadas, ao contráriodo registro <strong>de</strong> SpO 2 [11–13, 23–26].Estudos mostraram que, nos <strong>idosos</strong> disfágicos, os valores da SpO 2diminu<strong>em</strong> significativamente durante a alimentação <strong>em</strong> comparação à linha<strong>de</strong> base, enquanto que <strong>idosos</strong> saudáveis apresentaram valores estáveisantes e durante a tarefa [23,24]. O fator ida<strong>de</strong> não foi preditor <strong>de</strong> aspiração.Entretanto, a associação entre ida<strong>de</strong>, Aci<strong>de</strong>nte Vascular Encefálico (AVE) eDoença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) foi preditiva [24].Outro estudo mostrou a comparação <strong>de</strong> SpO 2 entre <strong>idosos</strong> com AVE,<strong>idosos</strong> hospitalizados s<strong>em</strong> AVE e jovens saudáveis num <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição.Houve diferença significativa entre os <strong>idosos</strong> com AVE , com queda dosníveis <strong>de</strong> SpO 2 durante a <strong>de</strong>glutição [25].No presente estudo não houve diferença entre os valores <strong>de</strong> SpO 2 ,


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I42antes e <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>glutição, mas houve diferença significativa durante eapós a <strong>de</strong>glutição, com aumento <strong>de</strong> SpO 2 na linha <strong>de</strong> base final.Estudos sugeriram que as mudanças na pare<strong>de</strong> torácica e na funçãopulmonar dos <strong>idosos</strong> contribu<strong>em</strong> para o <strong>de</strong>clínio da função respiratória, comimpacto sobre o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> oxigenação.De forma contrária, é provável que os <strong>idosos</strong> <strong>de</strong>ste estudo tenhamobtido a melhor oxigenação <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> uma melhor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aten<strong>de</strong>r à d<strong>em</strong>anda respiratória inerente à função da <strong>de</strong>glutição já que nãoeram portadores <strong>de</strong> doenças neurológicas e respiratórias [6,22].Ou ainda, como os <strong>idosos</strong> do presente estudo são na maioriamulheres, é possível sugerir que exista diferença entre os gêneros nacoor<strong>de</strong>nação da função respiratória com a <strong>de</strong>glutição.Um estudo mostrou que as mulheres idosas e saudáveisapresentaram maior nível <strong>de</strong> SpO 2 <strong>em</strong> relação aos homens. Porém, napresença <strong>de</strong> AVE, os níveis foram s<strong>em</strong>elhantes entre os gêneros [26].As alterações respiratórias nos <strong>idosos</strong> caracterizam um <strong>de</strong>clínioprogressivo na função pulmonar, o que conduz ao alto risco <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>pneumonia naqueles com baixa imunida<strong>de</strong> ou doenças agudas [6,7,9,22,27].Um dos fatores envolvidos é o <strong>de</strong>créscimo da força diafragmática edo volume expiratório [22,27]. Talvez essas modificações estejamrelacionadas à predominância do som tipo 3 (dois cliques audíveis mas s<strong>em</strong>a i<strong>de</strong>ntificação da expiração ou inspiração) nos vários volumes <strong>de</strong> água


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I43utilizados no presente estudo.Portanto, no presente estudo, a respiração dos <strong>idosos</strong> durante a<strong>de</strong>glutição foi pouco audível. É provável que a redução do volume expiratóriotenha interferido na captação do som respiratório através da auscultacervical.Embora a coor<strong>de</strong>nação entre a respiração e a <strong>de</strong>glutição seja muitoimportante para a avaliação do risco <strong>de</strong> aspiração [28], o estetoscópio nãod<strong>em</strong>onstrou ser o melhor instrumento para <strong>de</strong>tectar tal dado no presenteestudo.Estudos mostraram a captação satisfatória da expiração ou inspiraçãona <strong>de</strong>glutição quando foi utilizada uma cânula nasal para a análise dodirecionamento do fluxo aéreo durante a <strong>de</strong>glutição [29, 30].Por outro lado, o som da <strong>de</strong>glutição única foi obtido pela ausculta <strong>em</strong>todos os volumes exceto <strong>em</strong> 20 ml, on<strong>de</strong> foi obtido o som das <strong>de</strong>glutiçõesmúltiplas.Estudos referiram que a <strong>de</strong>glutição múltipla revela a compensação dadificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, sendo que um indivíduo reduz o tamanho do boloalimentar para conseguir ingerir o volume total s<strong>em</strong> engasgo. Essa alteraçãopo<strong>de</strong> ser efeito da ida<strong>de</strong> [10].Em relação ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição, os resultados forams<strong>em</strong>elhantes aos outros estudos on<strong>de</strong> o aumento do volume correlacionouseà diminuição da latência para <strong>de</strong>glutição [1–4].


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I44Em resumo, a <strong>de</strong>glutição múltipla apenas no volume maior <strong>de</strong> água ea dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção do som respiratório durante a <strong>de</strong>glutição foram asalterações encontradas neste estudo, através da oximetria <strong>de</strong> pulso e daausculta cervical. Tais alterações foram compatíveis com as mudançasfisiológicas nos <strong>idosos</strong> saudáveis e não foram características <strong>de</strong> disfagia.Outros estudos são necessários para o entendimento do efeito daida<strong>de</strong> sobre a <strong>de</strong>glutição.Pontos relevantes• Idosos apresentam mudanças na <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>correntes doprocesso <strong>de</strong> envelhecimento.• <strong>Disfagia</strong> Orofaríngea acomete muito mais a população idosaprincipalmente quando surge <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> doenças agudasou progressivas. Nesses casos, a pneumonia po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vidoà ida<strong>de</strong> e à aspiração <strong>de</strong> saliva e secreções.• A associação entre oximetria <strong>de</strong> pulso, ausculta cervical e um<strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água po<strong>de</strong> auxiliar a diferenciar <strong>idosos</strong>disfágicos daqueles não disfágicos.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I45REFERÊNCIAS1. Men<strong>de</strong>ll DA, Log<strong>em</strong>ann JA. T<strong>em</strong>poral sequence of swallow events duringoropharyngeal swallow. J Speech Lang Hear Res. 2007; 50: 1256–171.2. Log<strong>em</strong>ann JA, Pauloski BR, Rad<strong>em</strong>aker AW, Kahrilas PJ. Oropharyngealswallow in younger and ol<strong>de</strong>r women: vi<strong>de</strong>ofluoroscopic analysis. JSpeech Lang Hear Res. 2002; 45: 434–445.3. Log<strong>em</strong>ann JA, Pauloski BR, Rad<strong>em</strong>aker AW, Colangelo LA, Kahrilas PJ,Smith CH. T<strong>em</strong>poral and biomechanical characteristics of oropharyngealswallow in younger and ol<strong>de</strong>r men. J Speech Lang Hear Res. 2000; 43:1264–1274.4. Hirst LJ, Ford GA, Gibson GJ, Wilson JA. Swallow-induced alterations inbreathing normal ol<strong>de</strong>r people. Dysphagia. 2002; 17: 152–161.5. Leslie P, Drinnan MJ, Ford GA, Wilson JA. Swallow respiratory patternsand aging: presbyphagia or dysphagia? J Gerontol. 2005; 60 A (3): 391–395.6. Kikawada M, Iwamoto T, Takasaki M. Aspiration and infection in theel<strong>de</strong>rly: epid<strong>em</strong>iology, diagnosis and manag<strong>em</strong>ent. Drugs Aging. 2005; 22(2): 115–130.7. Langmore SE, Terpenning MS, Schork A, Chen Y, Murray JT, Lopatin D,Loesche WJ. Predictors of aspiration pneumonia: how important isdysphagia? Dysphagia. 1998; 13: 69–81.


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Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I4823. Rowat AM, Wardlaw J, Dennis MS, Warlow CP. Does feeding alterarterial oxygen saturation in patients with acute stroke? Stroke. 2000;31(9): 2134– 2140.24. Colodny N. Comparison of dysphagics and nondysphagics on pulseoximetry during oral feeding. Dysphagia. 2000; 15: 68–73.25. Zaidi NH, Smith HA, King SC, Park C, O’Neill PA, Connolly MJ. Oxygen<strong>de</strong>saturation on swallowing as a potential marker of aspiration in acutestroke. Age Aging. 1995; 24: 267–270.26. Colodny N. Effects of age, disease, and multisyst<strong>em</strong> involv<strong>em</strong>ent onoxygen saturation levels in dysphagic persons. Dysphagia. 2001; 16:48–57.27. Smith CA, Goldstein LB. Cough and aspiration of food and liquids due tooral-pharyngeal dysphagia: AACP evi<strong>de</strong>nce-based clinical practicegui<strong>de</strong>lines. Chest.2006; 129: 154–168.28. Leslie P, Drinnan MJ, Ford GA, Wilson JA. Resting respiratory indysphagic patients following acute stroke. Dysphagia. 2002; 17: 208–213.29. Lazareck LJ, Moussavi ZMK. Classification of normal and dysphagicswallows by acoustical means. IEEE Trans on Biomedl Eng. 2004; 51(12): 2103–2112.30. Aboofazeli M, Moussavi Z. Automated classification of swallowingandbreath sounds. Proceedings of the 26 thAnnual International


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo I49Conference of the IEEE EMBS, San Francisco, CA, USA. Sept<strong>em</strong>ber 1–5, 2004: p.3816–3819.


Estudo II


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II513 ESTUDO II - AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO DE IDOSOS COMINDICAÇÃO DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICAINTRODUÇÃOAtualmente os pacientes que realizam cirurgias cardíacasapresentam ida<strong>de</strong> avançada e um maior número <strong>de</strong> doenças associadas. Acirúrgia cardíaca mais realizada entre <strong>idosos</strong> é a RevascularizaçãoMiocárdica (RM). É indicada para tratamento da Doença Arterial Coronária(DAC), na qual a obstrução das artérias coronárias por placas <strong>de</strong> ateromapo<strong>de</strong> ocasionar o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). O risco <strong>de</strong> complicaçõesapós a cirurgia <strong>de</strong> RM t<strong>em</strong> sido investigado nessa população, sendopropostas estratégias para diminuir a morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> 1,2 .A <strong>Disfagia</strong> Orofaríngea (DO) ou distúrbio da <strong>de</strong>glutição acomete<strong>idosos</strong> após as cirurgias cardíacas, conforme apontam os estudos. Osautores inclusive suger<strong>em</strong> investigações específicas sobre o risco <strong>de</strong>aspiração e as complicações respiratórias relacionadas com a pneumonia.Assim, o tratamento para DO é valorizado visando diminuir o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>internação e favorecer a recuperação do paciente no período pós-operatóriona UTI 3-5 .Da mesma forma, outros estudos mostram que o índice <strong>de</strong>complicações pulmonares <strong>em</strong> <strong>idosos</strong> na UTI diminui quando ocorre aavaliação dos mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição por fonoaudiólogos. Tal condutapossibilita a <strong>de</strong>tecção precoce da DO, a redução da ocorrência <strong>de</strong>


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II52pneumonia e a diminuição do risco <strong>de</strong> morte 6, 7 .Não há dados na literatura sobre as características da <strong>de</strong>glutição nospacientes <strong>idosos</strong> antes da RM. As referências sobre DO após as cirurgiascardíacas provêm <strong>de</strong> estudos com populações heterogêneas, não sendoconclusivas 3-5 .O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi i<strong>de</strong>ntificar as características da <strong>de</strong>glutição<strong>de</strong> <strong>idosos</strong> com DAC e com indicação <strong>de</strong> RM, utilizando um protocolo <strong>de</strong>avaliação composto por um <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição água com ausculta cervical eregistros da oximetria <strong>de</strong> pulso.MÉTODOO Comitê <strong>de</strong> Ética da Instituição participante aprovou a realização dopresente estudo, o qual ocorreu entre março e set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2007. Todos osparticipantes assinaram o Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido.Participantes• Grupo <strong>de</strong> Pesquisa (GP)Os participantes <strong>de</strong>sse grupo foram selecionados a partir da lista <strong>de</strong>pacientes convocados para cirurgia <strong>de</strong> RM num hospital <strong>de</strong> referência <strong>em</strong>cardiologia. Os participantes estavam internados na enfermaria, <strong>em</strong> preparopara a RM eletiva e com t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> internação variando <strong>de</strong> 24 a 48 horas. Os


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II53prontuários médicos foram consultados para revisão dos dados da avaliaçãoclínica global, in<strong>de</strong>pendência para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária (AVDs), funçõescognitivas e doenças prévias e atuais. Os critérios <strong>de</strong> inclusão no presenteestudo foram: ida<strong>de</strong> igual ou superior a 60 anos, ambos os gêneros, comindicação <strong>de</strong> RM eletiva, s<strong>em</strong> história <strong>de</strong> cirurgia cardíaca prévia, <strong>de</strong>doenças respiratórias, gastrointestinais e neurológicas; <strong>de</strong> cirurgiasorofaríngeas e laringo-traqueais. Os dados sobre a in<strong>de</strong>pendência nas AVDse funções cognitivas <strong>de</strong>veriam ter no máximo 48 horas <strong>de</strong> registro. Dessaforma, 38 <strong>idosos</strong> preencheram os critérios <strong>de</strong> inclusão.• Grupo Controle (GC)Os participantes <strong>de</strong>sse grupo foram selecionados entre os indivíduosnão internados e matriculados no Ambulatório <strong>de</strong> Geriatria da Instituição.Inicialmente, 327 prontuários médicos foram consultados para revisão dosdados da avaliação geriátrica global, in<strong>de</strong>pendência para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vidadiária (AVDs), funções cognitivas e doenças prévias e atuais. Os critérios <strong>de</strong>inclusão no presente estudo foram: ida<strong>de</strong> igual ou superior a 60 anos e até75 anos, ambos os gêneros, s<strong>em</strong> história <strong>de</strong> doenças respiratórias,gastrointestinais, neurológicas e cardíacas; cirurgias orofaríngeas e laringotraqueaise s<strong>em</strong> internação hospitalar nos últimos doze meses. Os dadossobre a in<strong>de</strong>pendência nas AVDs e os resultados do Mini-exame do EstadoMental compatíveis com a ida<strong>de</strong> e escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam ter no máximo 60dias <strong>de</strong> registro. Dessa forma, 30 <strong>idosos</strong> preencheram os critérios <strong>de</strong>inclusão <strong>de</strong>ste estudo e assinaram o termo <strong>de</strong> consentimento.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II54MaterialFoi utilizado o Protocolo <strong>de</strong> Avaliação do Risco <strong>de</strong> <strong>Disfagia</strong> por TesteCombinado <strong>de</strong> Deglutição e Monitorização dos Sinais Vitais (PADTC),elaborado com base nas propostas <strong>de</strong> um <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água 8associado à oximetria <strong>de</strong> pulso 9,10 e à ausculta cervical 11-14 .Os materiais utilizados foram: um copo <strong>de</strong>scartável contendo 60 ml <strong>de</strong>água filtrada, seringa <strong>de</strong>scartável <strong>de</strong> 20 ml, estetoscópio eletrônico Littmann4100, fabricado pela 3M Health Care, cronômetro Technos, oxímetro <strong>de</strong>pulso marca Dixtal, mo<strong>de</strong>lo DX- 2515.Procedimentos• Registro da linha <strong>de</strong> base inicial dos sinais vitaisFoi utilizado o oxímetro <strong>de</strong> pulso para registrar os valores dafreqüência cardíaca (FC) e da saturação arterial <strong>de</strong> oxigênio (SpO 2 ) a cadaminuto, durante cinco minutos. O participante ficou sentado <strong>em</strong> uma ca<strong>de</strong>iracom o sensor acoplado no <strong>de</strong>do indicador direito. Foi calculada a média <strong>de</strong>FC e SpO 2 ao final dos 5 minutos.Para a obtenção da freqüência respiratória (FR), foi utilizada a técnicamanual que consistiu <strong>em</strong> manter a mão do examinador sobre o diafragma dosujeito e contar o número <strong>de</strong> inspirações seguidas <strong>de</strong> expirações durante oúltimo minuto do registro da linha <strong>de</strong> base inicial dos sinais vitais.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II55• Registro da <strong>de</strong>glutiçãoFoi constituído pelo <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, pela ausculta cervical e peloregistro dos sinais vitais.O <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> água foi realizado com o participantesentado na ca<strong>de</strong>ira. Dois toques digitais rápidos sobre a h<strong>em</strong>iface inferior dosujeito, próximo à bochecha esquerda foram estabelecidos como o sinalpara realizar a <strong>de</strong>glutição. O participante foi instruído a abrir a boca e foiinstilado 1 ml <strong>de</strong> água filtrada sobre a língua, através da seringa <strong>de</strong>scartável<strong>de</strong> 20 ml. O participante foi instruído a fechar a boca e <strong>de</strong>glutir o conteúdo d<strong>em</strong>aneira natural, mediante o sinal. Esse procedimento foi repetido com osconteúdos <strong>de</strong> 3, 5, 10, 15 e 20 ml.A ausculta cervical foi realizada com um estetoscópio eletrônicoposicionado na borda lateral da traquéia, inferior à cartilag<strong>em</strong> cricói<strong>de</strong> 11,14para a gravação do som da <strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> cada volume ofertado. Oparticipante não soube sobre a gravação, visando evitar alteraçõescomportamentais.A análise dos sons foi realizada através do programa 3MLittmann Software para Análise <strong>de</strong> Sons, Versão 2.0, extraindo-se dados apartir da acústica e da visualização do espectograma colorido. Os sonsgravados foram registrados da seguinte forma:• som tipo 1: foram i<strong>de</strong>ntificados dois cliques audíveis seguidos dosopro expiratório 14 ;


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II56• som tipo 2: foram i<strong>de</strong>ntificados dois cliques audíveis seguidos dosom inspiratório 15, 16 ;• som tipo 3: foram i<strong>de</strong>ntificados dois cliques audíveis mas não foii<strong>de</strong>ntificada a expiração ou a inspiração;• som tipo 4: não foram i<strong>de</strong>ntificados os dois cliques da <strong>de</strong>glutiçãopor interferência <strong>de</strong> ruídos .O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição foi registrado através da medida<strong>em</strong> segundos apontada no espectograma e com uso do cursor. Ao seri<strong>de</strong>ntificado o som da <strong>de</strong>glutição, o cursor foi interrompido no ponto exatoon<strong>de</strong> o som começou. O cursor apontou a marcação dos segundos <strong>em</strong> queo som iniciou, sendo então essa marcação aceita como o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> respostada <strong>de</strong>glutição.O número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições foi registrado para cada volume ofertado,constituindo a <strong>de</strong>tecção do limite da disfagia 8 . Para isso foi analisado onúmero <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições durante oito segundos após o comando para<strong>de</strong>glutição.registrada.A presença <strong>de</strong> intercorrências como tosse e/ou engasgos foiO registro dos sinais vitais durante o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição para FC eSpO 2 após cada <strong>de</strong>glutição foi realizado através da oximetria <strong>de</strong> pulso.Os critérios <strong>de</strong> interrupção do protocolo foram: presença <strong>de</strong> dois


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II57engasgos consecutivos; alterações da SpO 2 com média <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> 4%comparado à linha <strong>de</strong> base inicial s<strong>em</strong> recuperação <strong>em</strong> dois minutos 17 .• Registro da linha <strong>de</strong> base final dos sinais vitaisFoi realizado através do procedimento <strong>de</strong>scrito no it<strong>em</strong> 1.Análise estatísticaO <strong>teste</strong> <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> duas proporções foi utilizado para comparara distribuição do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições, do tipo <strong>de</strong> som e dasintercorrências. O <strong>teste</strong> também foi utilizado para analisar a FR e a FC <strong>em</strong>relação ao número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições. O <strong>teste</strong> <strong>de</strong> Mann-Whitney foi utilizadopara comparar os grupos quanto aos resultados quantitativos referentes àFC e à SpO 2 na linha <strong>de</strong> base inicial, durante o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e na linha<strong>de</strong> base final. As diferenças foram consi<strong>de</strong>radas significantes quando p


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II58RESULTADOSNeste estudo, o GP ficou constituído por 38 <strong>idosos</strong> sendo que 27eram homens (71%) e 11 eram mulheres (29%). A média da ida<strong>de</strong> foi 68anos. O GC ficou constituído por 30 <strong>idosos</strong>, sendo que 15 (50%) eramhomens e 15 (50%) eram mulheres. A média da ida<strong>de</strong> foi 70 anos. Nãohouve diferença significativa <strong>em</strong> relação ao sexo e à ida<strong>de</strong>. Todos osparticipantes realizaram o protocolo.Características da linha <strong>de</strong> base dos sinais vitaisA comparação dos sinais vitais nas linhas <strong>de</strong> base inicial e finalmostrou que houve diferença significativa entre os grupos nos valores <strong>de</strong>FC, sendo que valores mais altos ocorreram no GC (Tabela 1). Essadiferença manteve-se na linha <strong>de</strong> base inicial (p< 0,001) e na final (p 96%).A comparação entre os valores <strong>de</strong> FC durante o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutiçãotambém mostrou que GC apresentou valores mais altos <strong>em</strong> relação ao GP eessa diferença foi significativa (p< 0,003). Já <strong>em</strong> relação à SpO 2 , não houvediferença significativa na comparação da linha <strong>de</strong> base inicial com osvalores durante o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição. Em relação à FR, não houve diferençasignificativa na linha <strong>de</strong> base inicial e na final na comparação dos grupos(FR= 19 ipm <strong>em</strong> ambos os grupos).


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II59Características do registro da <strong>de</strong>glutiçãoQuanto ao número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições, houve predomínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutiçãoúnica <strong>em</strong> ambos os grupos, <strong>em</strong> todas as medidas exceto <strong>em</strong> 20 ml masnão houve diferença significativa.Quanto ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição, houve diferençasignificante entre os grupos quando foram comparados os participantes comFC< 60 (Tabela 2). Essa análise mostrou diferença significativa nas medidas<strong>de</strong> 3 ml (p< 0,035), 10 ml (p< 0,012), 15 ml (p< 0,012) e 20 ml (p< 0,033),havendo maior ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições <strong>de</strong> até 1 segundo no GP. Nosparticipantes com FC entre 60 e 100 bpm houve diferença significativa <strong>em</strong>10ml, sendo que houve maior ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições entre 1 a 2segundos no GC (p< 0,011).Quanto ao som da <strong>de</strong>glutição, não houve prevalência <strong>de</strong> um tipoespecífico <strong>de</strong> som na comparação entre os grupos (Tabela 3). O som do tipo1 é referido nos estudos como representativo da <strong>de</strong>glutição normal 14. Foramencontrados alguns achados isolados como a maior ocorrência do som tipo1 no GC <strong>em</strong> 5 ml (p< 0,048) e do som tipo 3 <strong>em</strong> 20 ml também no GC (p


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II60Tabela 1 - Comparação <strong>de</strong> FC nas linhas <strong>de</strong> base inicial e final e durante o <strong>teste</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>glutiçãoFCLinha <strong>de</strong> base Inicial Durante o <strong>teste</strong> Linha <strong>de</strong> base finalGP GC GP GC GP GCMédia 62,84 71,91 64,39 73,21 62,94 72,13Mediana 61,2 69,8 63,1 70,8 61,9 70,7Desvio Padrão 10,82 10,88 10,80 12,13 9,64 10,78CV 17,2% 15,1% 16,8% 16,6% 15,3% 14,9%Q1 55,0 63,4 56,1 63,1 55,6 65,0Q3 65,6 80,4 67,8 81,8 67,4 79,9N 38 30 38 30 38 30IC 3,44 3,89 3,44 4,34 3,06 3,86p-valor 2 0 0,0% 2 5,3% 0,2020-1 3 10,0% 9 23,7% 0,1421-2 1 3,3% 6 15,8% 0,093> 2 0 0,0% 0 0,0% - x -0-1 2 6,7% 12 31,6% 0,012*1-2 2 6,7% 3 7,9% 0,847>2 0 0,0% 0 0,0% - x -0-1 2 6,7% 12 31,6% 0,012*1-2 2 6,7% 3 7,9% 0,847>2 0 0,0% 0 0,0% - x -0-1 3 10,0% 12 31,6% 0,033*1-2 1 3,3% 2 5,3% 0,700> 2 0 0,0% 1 2,6% 0,371CV,coeficiente <strong>de</strong> variação; Q, quartil; N, número; IC, intervalo <strong>de</strong> confiança*significância estatística (p< 0,05)


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II61Tabela 3 - Comparação do som tipo 1 entre GP e GCVolumeGCGPN % N %p-valor1ml 6 20,0% 5 13,2% 0,4473ml 7 23,3% 11 28,9% 0,6025ml 13 43,3% 8 21,1% 0,048*10ml 7 23,3% 12 31,6% 0,45215ml 11 36,7% 16 42,1% 0,64920ml 9 30,0% 15 39,5% 0,417N, número*significância estatística (p< 0,05)DISCUSSÃONeste estudo, as análises realizadas mostraram s<strong>em</strong>elhanças entre ogrupo <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> <strong>cardiopatas</strong> e o grupo <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> saudáveis quanto àsaturação <strong>de</strong> oxigênio antes, durante e após o <strong>teste</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição.Entretanto, a FC mostrou-se menor no GP antes, durante e após o<strong>teste</strong> e isso po<strong>de</strong> estar relacionado à doença cardíaca. No presente estudo,a FC abaixo <strong>de</strong> 60 batimentos por minuto (bpm) ocorreu <strong>em</strong> 39% dos<strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong> e isso parece ter influenciado o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, jáque tais indivíduos apresentaram o t<strong>em</strong>po diminuído para a ocorrência da<strong>de</strong>glutição <strong>em</strong> quase todos os volumes <strong>de</strong> água, quando comparado ao GC.A comparação entre os grupos na condição <strong>de</strong> FC entre 60 e 100 bpm nãomostrou diferença significativa.Portanto, no presente estudo, o efeito do aumento do volume sobre ot<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição não foi encontrado entre os <strong>cardiopatas</strong>com FC baixa. Esse dado po<strong>de</strong> estar relacionado com a presença da


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II62cardiopatia uma vez que difere dos estudos com indivíduos normais 18 e com<strong>idosos</strong> saudáveis on<strong>de</strong> o aumento do volume ocasionou a diminuição dot<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta da <strong>de</strong>glutição 19 .A interpretação <strong>de</strong>sse achado po<strong>de</strong> ser favorecida pelos estudossobre o mecanismo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação entre a respiração e a <strong>de</strong>glutição. Comoo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ocorrência da <strong>de</strong>glutição manteve-se constante nos indivíduoscom FC diminuída, é possível sugerir que aqueles <strong>cardiopatas</strong> apresentaramalterações na <strong>de</strong>glutição para promover o trânsito orofaríngeo rápido dosvolumes ofertados. Esse dado sugere a existência <strong>de</strong> maior velocida<strong>de</strong> parao início da <strong>de</strong>glutição, com o objetivo <strong>de</strong> preservar a duração curta da pausarespiratória 18,19 .Dessa forma, é possível afirmar que as características dacoor<strong>de</strong>nação entre as funções da <strong>de</strong>glutição e da respiração são diferentesnos <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong> quando comparados aos <strong>idosos</strong> saudáveis. Umamudança na coor<strong>de</strong>nação t<strong>em</strong>poral entre essas funções parece estarenvolvida e um dos motivos seria a necessida<strong>de</strong> do retorno respiratóriorápido, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da cardiopatia.De fato, estudos mostraram a existência <strong>de</strong> uma redução na funçãopulmonar na presença <strong>de</strong> DAC, mas a natureza <strong>de</strong>ssa relação não é b<strong>em</strong>esclarecida. As pesquisas apontam para a presença <strong>de</strong> causas comunsentre a função pulmonar reduzida e a cardiopatia, o que po<strong>de</strong> refletir asinterações entre os sist<strong>em</strong>as cardiovascular e pulmonar 20 .De forma s<strong>em</strong>elhante, o exato mecanismo envolvido na coor<strong>de</strong>nação


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II63entre a respiração e a <strong>de</strong>glutição não é b<strong>em</strong> conhecido. Estudos mostrarama interação <strong>de</strong>ssas funções através das propostas experimentais para<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar o reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição durante a fase faríngea da <strong>de</strong>glutição.O reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição foi avaliado através da instilação <strong>de</strong> pequenosvolumes <strong>de</strong> água ou solução salina diretamente na faringe, sendoregistrados o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ocorrência da resposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e o número <strong>de</strong><strong>de</strong>glutições21-23 . Usando esta técnica, um estudo mostrou que acoor<strong>de</strong>nação da respiração e da <strong>de</strong>glutição po<strong>de</strong> ser influenciada pelovolume pulmonar. A indução do aumento do volume pulmonar <strong>em</strong> 11indivíduos saudáveis provocou prolongamento do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> início da<strong>de</strong>glutição e diminuiu o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições. Tal fato foi associado àresposta <strong>de</strong> inibição do reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, revelando a complexida<strong>de</strong> dasinformações neurais para a coor<strong>de</strong>nação entre respiração e <strong>de</strong>glutição 22 .De acordo com os autores, é possível que os receptores pulmonaresparticip<strong>em</strong> da inibição da <strong>de</strong>glutição sendo que os impulsos chegam aotronco cerebral através do nervo vago. O exato mecanismo que<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou essa resposta não foi b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finido no estudo.Outro estudo avaliou a coor<strong>de</strong>nação entre a respiração e <strong>de</strong>glutição<strong>em</strong> 25 pacientes com doença <strong>de</strong> Parkinson. Através da pletismografia foii<strong>de</strong>ntificada a duração da apnéia da <strong>de</strong>glutição e fase da respiração <strong>em</strong> quea <strong>de</strong>glutição ocorreu (inspiração ou expiração). Os pacientes apresentarammaior ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição durante a inspiração e também durante apresença do volume pulmonar baixo. Essas condições mostraram-se


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II64ina<strong>de</strong>quadas para a <strong>de</strong>glutição, prejudicando a coor<strong>de</strong>nação da apnéia efavorecendo a aspiração 24 .Por outro lado, as questões sobre os motivos para uma parceria entrea função respiratória e a <strong>de</strong>glutição têm sido discutidas. Po<strong>de</strong> ser que ocontrole neural atue para que a <strong>de</strong>glutição ocorra <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada fase darespiração on<strong>de</strong> o fluxo aéreo seja minimamente interrompido. Dessa forma,a manutenção da ventilação é obtida durante a <strong>de</strong>glutição 23,25 .Essa hipótese po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada, já que vários estudosmostraram que a maioria das <strong>de</strong>glutições <strong>em</strong> indivíduos saudáveis ocorreuna fase expiratória da respiração 26-29 .Entretanto, po<strong>de</strong> ser que a <strong>de</strong>glutição interfira com a respiração. Umestudo verificou que a <strong>de</strong>glutição ocorrida na fase expiratória causou oprolongamento da duração <strong>de</strong>ssa mesma fase. Mas quando houveinterrupção da fase inspiratória, então a expiração subseqüente à <strong>de</strong>glutiçãotornou-se mais curta 30 . Esses resultados suger<strong>em</strong> que as mudanças nopadrão respiratório também pod<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>correntes da presença da<strong>de</strong>glutição.A partir da averiguação da relação entre a <strong>de</strong>glutição e a respiraçãovários autores referiram a importância do controle neural que permite mantera ventilação a<strong>de</strong>quada na presença da <strong>de</strong>glutição. Os estudos mostraramque esse controle atua regulando a <strong>de</strong>glutição e isso continua a ocorrermesmo na existência <strong>de</strong> d<strong>em</strong>andas respiratórias maiores, como porex<strong>em</strong>plo, na presença <strong>de</strong> patologias pulmonares 22,25,30 .


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II65Deste modo, a relação t<strong>em</strong>poral na coor<strong>de</strong>nação entre respiração e<strong>de</strong>glutição é fator crucial para evitar a aspiração. De fato, um estudo mostroua precocida<strong>de</strong> do fechamento das vias aéreas na <strong>de</strong>glutição como umprovável mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa das vias aéreas 31 . O controle neuralnovamente foi relacionado a essa apnéia precoce, pois parece atuar nainibição da respiração enquanto o bolo é transportado pela faringe 28 .Assim, os dados do presente estudo suger<strong>em</strong> a existência d<strong>em</strong>odificações na coor<strong>de</strong>nação t<strong>em</strong>poral entre <strong>de</strong>glutição e respiração. Essefato po<strong>de</strong> estar relacionado a uma possível disfunção respiratória associadaà DAC.Entretanto, não foi possível <strong>de</strong>terminar <strong>em</strong> qual fase da respiraçãoocorreu a <strong>de</strong>glutição dos <strong>cardiopatas</strong>. Esse dado seria interessante paraavaliar melhor a coor<strong>de</strong>nação entre respiração e <strong>de</strong>glutição e a d<strong>em</strong>andarespiratória durante o <strong>teste</strong> aplicado.Outro dado importante foi a classificação dos sons da <strong>de</strong>glutição. Osdois grupos foram s<strong>em</strong>elhantes na distribuição dos sons do tipo 1, 2 e 3.Alguns achados isolados foram encontrados como a predominância do somtipo 1 no GC <strong>em</strong> 5 ml e do tipo 3 <strong>em</strong> 20 ml no mesmo grupo. Portanto,parece que os dois grupos são s<strong>em</strong>elhantes, não havendo prevalência <strong>de</strong>um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> som.É possível que esse dado esteja relacionado à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>captação dos sons respiratórios nos dois grupos.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II66De fato, um estudo mostrou que a avaliação clínica não é capaz <strong>de</strong><strong>de</strong>tectar mudanças na função pulmonar. Isso só po<strong>de</strong> ser feito através dosmétodos objetivos com a gravação do padrão respiratório e com a análisedos valores das capacida<strong>de</strong>s pulmonares 32 .No presente estudo não houve o uso <strong>de</strong>sses instrumentos. Portanto,é possível concluir que o estetoscópio não foi o melhor instrumento parai<strong>de</strong>ntificar traços <strong>de</strong> sonorida<strong>de</strong> representativa da coor<strong>de</strong>nação entrerespiração e <strong>de</strong>glutição.Além disso, a dificulda<strong>de</strong> na captação do som da respiração atravésdo estetoscópio po<strong>de</strong> ter sido influenciada pela respiração característica dosindivíduos <strong>idosos</strong>. Tal fato po<strong>de</strong> estar associado às mudanças fisiológicascomo o <strong>de</strong>créscimo da força diafragmática e da força expiratória <strong>em</strong><strong>idosos</strong> 33 .Assim, a ausculta cervical, no presente estudo, não po<strong>de</strong> trazeresclarecimentos sobre a coor<strong>de</strong>nação entre respiração e <strong>de</strong>glutição. Estudosmostraram análise satisfatória da expiração ou inspiração na <strong>de</strong>glutiçãoquando o direcionamento do fluxo aéreo foi captado por cânula nasal epletismografia 34 .Mas a ausculta cervical favoreceu do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições <strong>em</strong>ostrou a predominância da <strong>de</strong>glutição única nos <strong>cardiopatas</strong>. Esse dado fois<strong>em</strong>elhante ao grupo <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> saudáveis. Portanto, é possível ter ocorridoa coor<strong>de</strong>nação entre as funções mesmo com o t<strong>em</strong>po curto <strong>de</strong> resposta das<strong>de</strong>glutições.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II67Em relação ao uso da oximetria <strong>de</strong> pulso e da ausculta cervical, essastécnicas foram muito importantes para a análise dos dados do presenteestudo.A monitorização da FC e da SpO 2 favoreceu a aplicação do protocolopossibilitando i<strong>de</strong>ntificar se esses parâmetros permaneceram <strong>de</strong>ntro doslimites <strong>de</strong>sejáveis para a ida<strong>de</strong> 35 . A existência <strong>de</strong>sses dados continuamentetrouxe suporte para a aplicação do protocolo <strong>em</strong> todos os participantes.Além disso, a oximetria <strong>de</strong> pulso i<strong>de</strong>ntificou os <strong>idosos</strong> com FCdiminuída e favoreceu as conclusões sobre as possíveis mudanças nacoor<strong>de</strong>nação entre a respiração e a <strong>de</strong>glutição nesse subgrupo.A ausculta cervical, por sua vez, propiciou a <strong>de</strong>tecção do t<strong>em</strong>po daocorrência da <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> forma objetiva <strong>de</strong>vido à possibilida<strong>de</strong> do registrográfico das informações e comprovou o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutições ocorridas <strong>em</strong>cada volume.CONCLUSÃOO t<strong>em</strong>po diminuído para a ocorrência da <strong>de</strong>glutição nos participantescom FC baixa foi o principal achado entre os <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong>. Tal fatoisoladamente não po<strong>de</strong> ser indicador da presença DO, mas po<strong>de</strong> sermarcador <strong>de</strong> risco para DO. Então, esse marcador <strong>de</strong>ve ser melhorinvestigado já que a incoor<strong>de</strong>nação entre respiração e <strong>de</strong>glutição po<strong>de</strong> geraraspiração na presença <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> ou mesmo na gravida<strong>de</strong> dacardiopatia .


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasEstudo II68Outros estudos são necessários para o esclarecimento sobre o efeitoda cardiopatia na <strong>de</strong>glutição visando a <strong>de</strong>tecção precoce da DO nesse grupo<strong>de</strong> pacientes, tanto no período pré como no pós-operatório <strong>de</strong> RM, visando otratamento a<strong>de</strong>quado.REFERÊNCIAS1. Giffhorn H. Avaliação <strong>de</strong> uma escala <strong>de</strong> risco <strong>em</strong> pacientes submetidosà cirurgia <strong>de</strong> revascularização do miocárdio: análise <strong>de</strong> 400 casos. RevBras Ter Intensiva. 2008; 20(1): 6-17.2. Lima R, Diniz R, Césio A, Vasconcelos F, Gesteira M, Menezes A et al.Revascularização miocárdia <strong>em</strong> pacientes octogenários: estudoretrospectivo e comparativo entre pacientes operados com e s<strong>em</strong>circulação extra-corpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2005; 20(1): 8-13.3. Ferraris VA, Ferraris SP, Moritz DM, Welch S. Oropharyngeal dysphagiaafter cardiac operations. Ann Thorac Surg. 2001; 71: 1792-6.4. Rousou JA, Tighe DA, Garb J, Krasner H, Engelman RM, Flack JE,Deaton DW. Risk of dysphagia after transesophageal echocardiographyduring cardiac operations. Ann Thorac Surg. 2000; 69: 486-90.5. Hogue CW, Lappas GD, Creswell LL, Ferguson B, Sample M, Pugh D etal. Swallowing dysfunction ater cardiac operations. J Thorac CardiovascSurg. 1995; 110: 517-22.


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Consi<strong>de</strong>rações Finais


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasConsi<strong>de</strong>rações Finais754 CONSIDERAÇÕES FINAISA presente pesquisa permitiu caracterizar a <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> um grupo<strong>de</strong> <strong>idosos</strong> <strong>cardiopatas</strong> portadores <strong>de</strong> DAC e um grupo <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> saudáveis.Os grupos se ass<strong>em</strong>elharam <strong>em</strong> vários aspectos da <strong>de</strong>glutição, mashouve uma diferença significativa nos <strong>cardiopatas</strong> com FC diminuída <strong>em</strong>relação à coor<strong>de</strong>nação da respiração e <strong>de</strong>glutição. Esses dados revelamque os <strong>cardiopatas</strong> com DAC têm alterações da <strong>de</strong>glutição e que essasalterações não pod<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>correntes apenas do envelhecimento.Os poucos estudos que referiram a presença <strong>de</strong> disfagia <strong>em</strong><strong>cardiopatas</strong> permitiram a inclusão <strong>de</strong> sujeitos com vários diagnósticos e comhistória <strong>de</strong> diferentes cirurgias cardíacas prévias. A presente pesquisa,então, priorizou o estudo <strong>de</strong> pacientes com critérios <strong>de</strong> inclusão b<strong>em</strong><strong>de</strong>finidos. Dessa forma, os resultados foram mais representativos ecolaboraram com o conhecimento sobre a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição entre <strong>idosos</strong>com DAC.A ausência <strong>de</strong> estudos prévios não permitiu a comparação dosresultados aqui obtidos. No entanto, os dados <strong>de</strong>sta pesquisa são inéditos ecolaboram com as futuras investigações sobre os distúrbios da <strong>de</strong>glutição<strong>em</strong> <strong>cardiopatas</strong> <strong>idosos</strong>.Em <strong>de</strong>corrência do aumento na expectativa <strong>de</strong> vida no Brasil e nomundo, é possível afirmar que um número crescente <strong>de</strong> <strong>idosos</strong> será portador<strong>de</strong> DAC e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> excelentes tratamentos clínicos ou cirúrgicos


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasConsi<strong>de</strong>rações Finais76Para os fonoaudiólogos que atuam com a reabilitação da <strong>de</strong>glutição<strong>de</strong> <strong>idosos</strong> internados <strong>em</strong> hospitais, é importante conhecer as característicasespecíficas na <strong>de</strong>glutição dos <strong>idosos</strong> <strong>cardiopatas</strong>, as quais difer<strong>em</strong> dos<strong>idosos</strong> saudáveis e possivelmente são <strong>de</strong>correntes das alteraçõescardiorrespiratórias. O uso <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> avaliação objetiva comooximetria <strong>de</strong> pulso e ausculta cervical facilita a aplicação dos protocolos <strong>em</strong>beira <strong>de</strong> leito e auxilia a análise objetiva dos dados da <strong>de</strong>glutição. O registrodos sons da <strong>de</strong>glutição representa uma alternativa mais realista e funcionalna prática clínica. Dessa forma a avaliação da <strong>de</strong>glutição torna-se maisprecisa, acelerando a inclusão dos <strong>idosos</strong> nos programas fonoaudiológicos<strong>de</strong> reintrodução oral dos alimentos, se houver função a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong><strong>de</strong>glutição. Assim, haverá diminuição da ocorrência <strong>de</strong> complicações,redução do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> internação e melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.Uma possível continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta pesquisa seria a aplicação doprotocolo PADTC <strong>em</strong> pacientes com DAC nas fases pré-cirúrgica e póscirúrgica.O estudo futuro com a monitorização da respiração po<strong>de</strong>rá elucidaros padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e respiração no cardiopata e o risco <strong>de</strong> aspiração.Se houver esse conhecimento, então os fonoaudiólogos po<strong>de</strong>rão<strong>de</strong>senvolver estratégias para melhorar a interação entre a <strong>de</strong>glutição erespiração. Quanto à presença da DO no pós-operatório <strong>de</strong> RM, somentecom a análise comparativa dos dados nas fases pré e pós-cirúrgica serápossível investigar o efeito do procedimento cirúrgico <strong>de</strong> RM sobre a<strong>de</strong>glutição.


Anexos


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasAnexos785 ANEXOS APROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DO RISCO DE DISFAGIA POR TESTECOMBINADO DE DEGLUTIÇÃO E MONITORIZAÇÃO DOS SINAIS VITAISMonitorizaçãoSinais VitaisRegistro da <strong>de</strong>glutiçãoVolume SPO2 FC1 ML3 ML5 ML10 ML15 ML20 MLAusculta CervicalIntercorrênciaN. <strong>de</strong>gl. Som T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> resposta Tosse e/ ou engasgoREGISTRO DA LINHA DE BASE DOS SINAIS VITAISSinais Vitais Minuto 1 Minuto 2 Minuto 3 Minuto 4 Minuto 5 MédiaSPO2 inicialSPO2 finalFC inicialFC finalFR inicialFR final


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasAnexos795 ANEXO BAPROVAÇÃO CAPPESQ- HCFMUSP


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasAnexos805 ANEXO CHOSPITAL DAS CLÍNICAS DAFACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOTERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO(Instruções para preenchimento no verso)I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVELLEGAL1.NOME DO PACIENTE ______________________________________________________________DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº: ______________________ SEXO : .M F DATA NASCIMENTO: _____/_____/_____ENDEREÇO:_________________________________________________Nº _______APTO: _____BAIRRO:_____________________________________ CIDADE ____________________________CEP:______________________ TELEFONE: DDD ( ) ________________2.RESPONSÁVEL LEGAL ____________________________________________________________NATUREZA (grau <strong>de</strong> parentesco, tutor, curador etc.) ______________________________________DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº: ______________________ SEXO : .M F DATA NASCIMENTO: _____/_____/_____ENDEREÇO:_________________________________________________Nº _______APTO: _____BAIRRO:_____________________________________ CIDADE ____________________________CEP:______________________ TELEFONE: DDD ( ) ________________II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA:DISFAGIA EM CARDIOPATAS IDOSOS: TESTE COMBINADO DE DEGLUTIÇÃO EMONITORIZAÇÃO DOS SINAIS VITAIS.2. PESQUISADOR: MARA DE OLIVEIRA RODRIGUES LUIZ DANTASCARGO/FUNÇÃO: FONOAUDIÓLOGA INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 6805UNIDADE DO HCFMUSP: INCOR- FUNDAÇÃO ZERBINI3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:SEM RISCO RISCO MÍNIMO x RISCO MÉDIO RISCO BAIXO RISCO MAIOR (probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o indivíduo sofra algum dano como consequência imediata ou tardia do estudo)4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 24 MESES


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasAnexos81III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEUREPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:1. justificativa e os objetivos da pesquisa: “O senhor (a senhora) está sendo convidado aparticipar <strong>de</strong>sse estudo para que possamos conhecer como será a reação dos músculos queajudam a engolir alimentos <strong>de</strong>pois que as pessoas faz<strong>em</strong> cirurgia do coração.”2. procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a i<strong>de</strong>ntificação dosprocedimentos que são experimentais: “ O senhor (a senhora) fará um <strong>teste</strong> para quepossamos verificar se já existe alguma dificulda<strong>de</strong> para engolir antes da cirurgia. Para a pesquisanós vamos colocar no seu <strong>de</strong>do um aparelhinho que t<strong>em</strong> um fio para mostrar quantosbatimentos seu coração está fazendo e quanto <strong>de</strong> oxigênio o senhor ( a senhora) está respirando.Esse aparelho chama-se oxímetro e não dói nada. Para avaliarmos se o senhor (a senhora)engole b<strong>em</strong> será preciso engolir um pouco <strong>de</strong> água que vou oferecer na seringa.. O senhor (asenhora) <strong>de</strong>verá engolir a água somente quando eu disser para fazer isso. Outro aparelho serácolocado <strong>em</strong> seu pescoço, mas somente vai encostar b<strong>em</strong> <strong>de</strong> leve. Esse aparelho é oestetoscópio e não dói nada.”3. <strong>de</strong>sconfortos e riscos esperados: “Essa avaliação é b<strong>em</strong> simples, não oferece risco e o senhor(a senhora) não precisa ficar nervoso ou com vergonha <strong>de</strong> engolir a água. Po<strong>de</strong> ser que ocorraalgum engasgo mas se isso acontecer, o senhor (a senhora) vai tossir e logo vai se recuperar. Sósairei do seu lado se estiver se sentindo b<strong>em</strong> e se <strong>de</strong>sejar parar a avaliação o seu <strong>de</strong>sejo serárespeitado.”4. benefícios que po<strong>de</strong>rão ser obtidos: “Todos os participantes <strong>de</strong>sse estudo vão receberpor escrito os resultados da avaliação da musculatura que participa dos movimentos <strong>de</strong>engolir”.5. procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: “Aqueles que precisar<strong>em</strong>do tratamento fonoaudiológico para engolir melhor receberão gratuitamente a assistência durantea internação hospitalar.”IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIASDO SUJEITO DA PESQUISA:O senhor ( a senhora) terá:1. acesso, a qualquer t<strong>em</strong>po, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados àpesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas.2. liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar seu consentimento a qualquer momento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> participar do estudo,s<strong>em</strong> que isto traga prejuízo à continuida<strong>de</strong> da assistência.3. salvaguarda da confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>, sigilo e privacida<strong>de</strong>.4. disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência no HCFMUSP, por eventuais danos à saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>correntes dapesquisa.5. viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização por eventuais danos à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>correntes da pesquisa.


Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz DantasAnexos82V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOSRESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATOEM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.Prof. Dr. José Otávio Costa Auler Junior e Mara <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues Luiz Dantas – Rua Dr. Enéias<strong>de</strong> Carvalho Aguiar, 44 Bloco I, 2 º andar, secretaria do Serviço <strong>de</strong> Anestesiologia e UTI Cirúrgicado InCor- HCFMUSP – Tel 3069 5232/5012VI. OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDODeclaro que, após convenient<strong>em</strong>ente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foiexplicado, consinto <strong>em</strong> participar do presente Protocolo <strong>de</strong> PesquisaSão Paulo, _____<strong>de</strong> _____________<strong>de</strong> ______assinatura do sujeito da pesquisa ou responsável legalassinatura do pesquisador(carimbo ou nome Legível)INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO(Resolução Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 196, <strong>de</strong> 10 outubro 1996)1. Este termo conterá o registro das informações que o pesquisador fornecerá ao sujeito da pesquisa,<strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> clara e accessível, evitando-se vocábulos técnicos não compatíveis com o grau <strong>de</strong>conhecimento do interlocutor.2. A avaliação do grau <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>ve ser minuciosa, levando <strong>em</strong> conta qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>intervenção e <strong>de</strong> dano à integrida<strong>de</strong> física do sujeito da pesquisa.3. O formulário po<strong>de</strong>rá ser preenchido <strong>em</strong> letra <strong>de</strong> forma legível, datilografia ou meios eletrônicos.4. Este termo <strong>de</strong>verá ser elaborado <strong>em</strong> duas vias, ficando uma via <strong>em</strong> po<strong>de</strong>r do paciente ou seurepresentante legal e outra <strong>de</strong>verá ser juntada ao prontuário do paciente.5. A via do Termo <strong>de</strong> Consentimento Pós-Informação submetida à análise da Comissão <strong>de</strong> Ética paraAnálise <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Pesquisa -CAPPesq <strong>de</strong>verá ser idêntica àquela que será fornecida ao sujeitoda pesquisa.


Referências


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