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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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85ouro <strong>da</strong> região.Segundo Souza (2004) os mineiros foram “massacrados pelos tributos enquanto houveouro para extrair <strong>da</strong> terra” (SOUZA, 2004, p. 185), sendo to<strong>da</strong>s as formas de arreca<strong>da</strong>ção,segundo ela, injustas. A incrível pobreza <strong>da</strong> capitania <strong>na</strong> época <strong>da</strong> mineração foi tambémrelata<strong>da</strong> por Freyre (1981), quando a<strong>na</strong>lisou o mobiliário (casas onde havia <strong>uma</strong> só cama paratodos os moradores), a indumentária e alimentação <strong>da</strong> população, caracterizando <strong>uma</strong>situação-limite de penúria totalmente oposta à celebração do ouro que se fazia no período.Freyre (1981) a<strong>na</strong>lisa ain<strong>da</strong> a miscige<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> população em Mi<strong>na</strong>s Gerais citandorelatos de viajantes que afirmavam que, se no litoral era possível aos colonos casarem suasfilhas com europeus ou seus descendentes, essa prática - o “mulatismo” - em Mi<strong>na</strong>s Geraistornou-se “um mal necessário”, por ausência de alter<strong>na</strong>tivas.O “continente rústico” de que fala Meneses (2000) resgata a história <strong>da</strong> agricultura edo abastecimento alimentar em Mi<strong>na</strong>s Gerais,no século XVIII, ofusca<strong>da</strong> pela literatura queprivilegia a mineração. Questio<strong>na</strong>ndo a visão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de mineira como flui<strong>da</strong> edesenraiza<strong>da</strong> – visão <strong>da</strong>s Mi<strong>na</strong>s Gerais <strong>da</strong> mineração, <strong>da</strong>s artes e do comércio, Meneses(2000) afirma <strong>uma</strong> outra, centra<strong>da</strong> <strong>na</strong> estabili<strong>da</strong>de, familiar e calca<strong>da</strong> <strong>na</strong> previdência e temorao risco. A presença de produtos importados (inclusive o chocolate) convivia com formas bemmais simples de produção e <strong>sob</strong>revivência de grande parte <strong>da</strong> população, formando <strong>uma</strong>cultura “rústica” que ain<strong>da</strong> <strong>sob</strong>revive no interior do Estado e se manifesta não somente noshábitos alimentares, mas em concepções de mundo. A visão do Brasil como o “país <strong>da</strong>scomodi<strong>da</strong>des” contrasta com a vi<strong>da</strong> de lavradores negros e brasileiros. O requinte ocasio<strong>na</strong>lnão esconde a rustici<strong>da</strong>de cotidia<strong>na</strong>, apesar <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> economia mineira no período.A<strong>na</strong>stasia (2005), em um trabalho acerca <strong>da</strong> imprevisibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ordem social, gera<strong>da</strong>pela desorganização político-administrativa <strong>da</strong> capitania de Mi<strong>na</strong>s Gerais do século XVIII,resgata <strong>na</strong> Ciência Política e <strong>na</strong> Sociologia matrizes teóricas conceituais para o seu estudo,que investiga tipos específicos de banditismo nos locais fora do alcance <strong>da</strong> Coroa – atosviolentos de escravos, negros forros e mestiços, que levavam a pairar <strong>sob</strong>re a capitania “apossibili<strong>da</strong>de de <strong>uma</strong> revolta de negros bem sucedi<strong>da</strong>” (ANASTASIA, 2005, p. 15). Talfenômeno inclusive levou ao controle do consumo de aguardente por viajantes, bem como aocomércio <strong>da</strong> pólvora fora dos arraiais. A autora cita levantamentos documentais <strong>da</strong>s tentativasde assassi<strong>na</strong>to, defloramentos, incêndios, arrombamentos e destruições provocados porbandos de negros armados, afirmando que quanto maior a autonomia e/ou ausência <strong>da</strong>sautori<strong>da</strong>des, e menor o grau de institucio<strong>na</strong>lização política, maior era a possibili<strong>da</strong>de degeneralização de atos de violência <strong>na</strong>s áreas denomi<strong>na</strong><strong>da</strong>s pelo autora como de “non-droit”.

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