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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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84O trabalho de Furtado (2006), ao propor <strong>uma</strong> revisão <strong>da</strong>s interpretações <strong>da</strong>s históricasrelações entre Portugal e Brasil durante os tempo <strong>da</strong> colônia, estu<strong>da</strong> o que chamou de“interiorização <strong>da</strong> metrópole”. Segundo este autor o comércio em Mi<strong>na</strong>s Gerais, durante oséculo XVIII pautou-se pela identificação dos súditos com o mo<strong>na</strong>rca português – criandolaços de fideli<strong>da</strong>de mais fortes que o desejo de alteri<strong>da</strong>de (que existia com <strong>uma</strong> ênfasemenor). A<strong>na</strong>lisando a correspondência de comerciantes a linguagem que <strong>sob</strong>ressai privilegiaconceitos tais como amizade, liberali<strong>da</strong>de, gratidão, magnificência e cari<strong>da</strong>de – aju<strong>da</strong>ndo ademonstrar a conformação de <strong>uma</strong> mentali<strong>da</strong>de pouco ousa<strong>da</strong> ou empreendedora, no sentidocapitalista <strong>da</strong> expressão. Assim, apesar <strong>da</strong> existência de <strong>uma</strong> cultura de caixeiros-viajantes emascates, e mesmo rebeldes separatistas, a cultura de “fi<strong>da</strong>lgos e lacaios” era preponderante.Se Antonil (1966), falando <strong>da</strong> mineração do ouro revela que “mais de trinta mil almas”se ocupam de “catar e negociar”, Dias diz que no “fardo do homem branco” a base <strong>da</strong>domi<strong>na</strong>ção era a aceitação generaliza<strong>da</strong> do poder real, num lento enraizamento dos costumesportugueses através de múltiplas interações formais e informais. A <strong>na</strong>tureza mais livre <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong>de comercial era fator de tensão e gerou revoltas, mas, segundo Furtado (2006), omesmo sujeito histórico oscilava <strong>na</strong> afirmação simultânea, <strong>na</strong> mesma pessoa, do súdito fiel edo colono rebelde.Souza (2004) a<strong>na</strong>lisa a pobreza <strong>da</strong> capitania mineira no século XVIII fazendo uso dematrizes <strong>da</strong> ciência social, utilizando o conceito de “desclassicação” em lugar demargi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de – conceito mais adequado para tratar <strong>da</strong> sua flui<strong>da</strong> inserção <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> econômicae inclusive sua utili<strong>da</strong>de e funcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de no sistema – quando essa funcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de deixava deexistir, eram presos e executados. Ela a<strong>na</strong>lisa o envolvimento <strong>da</strong> administração <strong>na</strong>s práticas decontrabando e outras ilegali<strong>da</strong>des, mostrando como as redes de que fala Faoro (1958),oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> precoce centralização e legislação do Estado português e que estendiam o poder<strong>da</strong> Metrópole aos sertões, pelo uso de prepostos (bandeirantes e caudilhos), usavam o poderem proveito próprio. A mesma autora a<strong>na</strong>lisa ain<strong>da</strong> a repressão ao comportamento dos negros– que viviam, segundo relatos, em <strong>uma</strong> “liber<strong>da</strong>de licenciosa” (SOUZA, 2004, p. 157) masfuncio<strong>na</strong>l ao sistema, e aos quilombos, que poderiam significar focos perigosos desublevação. A autora ain<strong>da</strong> descreve o mundo de infrações e crimes liga<strong>da</strong>s às relaçõesamorosas, <strong>uma</strong> vez que grande parte <strong>da</strong> população vivia em concubi<strong>na</strong>to, que eranormalmente aceito; o mundo <strong>da</strong> prostituição, numeroso, conquanto a população femini<strong>na</strong> nãoera estável; a impuni<strong>da</strong>de, mesmo dos crimes mais bárbaros; os padres infratores, já que osclérigos, a maior parte seculares, eram vistos desde o início <strong>da</strong> colonização como elementosperturbadores; e os falsários e ladrões de residências - também muito comuns, atraídos pelo

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