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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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76plásticas o “movimento modernista” explicitou essa tendência, assim como <strong>na</strong> literatura foitambém exalta<strong>da</strong>. Andrade (1990), em suas incursões pelo Movimento Antropofágico advogaum “canibalismo modernista” que busca, pelo primitivismo, a afirmação de <strong>uma</strong> culturabrasileira que reconhece as múltiplas contribuições de todos os povos que a constituem – aAntropofagia como “visão de mundo”. No Manifesto Pau-Brasil reafirma a origi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de<strong>na</strong>tiva <strong>na</strong> valorização dos “estados brutos <strong>da</strong> alma” que resgata aspectos étnicos, lingüísticos,culinários em <strong>uma</strong> expressão simultaneamente ingênua e irônica, sentimental e intelectual,que apresentou à Sorbonne, em <strong>uma</strong> palestra em 1923. Os textos buscam a compreensão dofato de que “ [...] nunca fomos catequizados. Fizemos Cristo <strong>na</strong>scer <strong>na</strong> Bahia” . A “utopiaantropofágica” levou ao engajamento de Oswald de Andrade <strong>na</strong> militância política deesquer<strong>da</strong>, mas também a <strong>uma</strong> perspectiva de modernização que, não somente <strong>na</strong> perspectivaartística, levaria o país a um lugar privilegiado <strong>na</strong> História - lugar que seria alcançado pelaresolução de “um problema – o <strong>da</strong> conquista do ócio” – a “fase paradisíaca do matriarcado”.A visão do ócio como objetivo social marca a visão antropofágica <strong>da</strong> cultura brasileira.No caso <strong>da</strong>s elites essa afirmação do ócio lembra a afirmação de Holan<strong>da</strong> de teremsido as Mi<strong>na</strong>s Gerais, no fi<strong>na</strong>l do século XVIII o “país <strong>da</strong>s comodi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>” - “e só oouro o fez assim” (HOLANDA, 1960, p. 293), diferentemente de outras culturas maispurita<strong>na</strong>s onde a ética do trabalho foi traduzi<strong>da</strong> em modos de vi<strong>da</strong> mais frugais, como aAlemanha ou certas regiões dos Estados Unidos. A cultura brasileira manifesta-se ain<strong>da</strong> emmanifestações individuais e sociais que incluem, por exemplo, o riso – estu<strong>da</strong>do porRodrigues e Collinson (1995) como forma de “resistência” à precarie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> existência, bemcomo às desigual<strong>da</strong>des existentes <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> organizacio<strong>na</strong>l.Fi<strong>na</strong>lizando esse tópico é dig<strong>na</strong> de menção a análise que faz Ribeiro (1995) domomento atual <strong>da</strong> cultura popular brasileira, envolta pela deterioração urba<strong>na</strong>, pelocrescimento <strong>da</strong>s favelas e do crime organizado, vistas pelo autor como “soluções” provisóriase criativas construí<strong>da</strong>s pela população para <strong>sob</strong>reviver. Essas soluções, no entanto, sãoacompanha<strong>da</strong>s, segundo o autor, por um processo de “deculturação”. Isto significa que, <strong>uma</strong>vez que as organizações oficiais (igreja, escola, partidos) não conseguem cumprir seuobjetivo, deixando <strong>uma</strong> grande massa de pessoas entregue ao crime, ao alcoolismo, à <strong>da</strong>nça -a “funkificação” do Rio, de que fala SOUZA (2006) - e ao futebol, pois “o que opera é ummonstruoso sistema de comunicação de massa” que impõe “padrões de consumo i<strong>na</strong>tingíveis[...] aprofun<strong>da</strong>ndo mais a margi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de dessas populações e seu pendor à violência.”(RIBEIRO, 1995, p. 207).

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