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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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68instituições político-administrativas em voga no estrangeiro e em poucos notou, como emAlberto Torres e sua obra “O Problema Nacio<strong>na</strong>l Brasileiro”, o reconhecimento <strong>da</strong>sespecifici<strong>da</strong>des do país. Citando os estudos <strong>sob</strong>re o empresariado <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de Cardoso (1964),observa que a empresa industrial brasileira ain<strong>da</strong> carrega os traços de “família” ou “clã”, comobservações de que o êxito depende “do olhar do dono” ou que quando a administração éimpessoal, “a empresa começa a decair”, o que faz com que administradores profissio<strong>na</strong>issejam admitidos não por critérios técnicos, mas porque são “homens de confiança”. Essamentali<strong>da</strong>de patrimonialista tem raízes <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza <strong>da</strong> formação do capitalismo no Brasil – eremonta, <strong>na</strong> reali<strong>da</strong>de, aos tempos <strong>da</strong> colônia.Escrevendo <strong>sob</strong>re o mesmo período <strong>da</strong> história brasileira que Ramos (1993) a<strong>na</strong>lisou,Carvalho (2005) identifica entre as déca<strong>da</strong>s de 1950 e 1970 um período que presenciou areorde<strong>na</strong>ção econômica do país, em um salto capitalista que abrigou o capital multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmas, simultaneamente, identifica aí também um reorde<strong>na</strong>mento cultural. No campo <strong>da</strong> <strong>saúde</strong>,por exemplo, no período citado, as práticas populares de <strong>saúde</strong> - que incluem benzedeiras,ervas, charlatanismo e outras formas de medici<strong>na</strong> popular - foram inicialmente proibi<strong>da</strong>s, paradepois serem somente cercea<strong>da</strong>s e, depois, tolera<strong>da</strong>s – tolerância condizente com o espírito <strong>da</strong><strong>na</strong>ção, a<strong>na</strong>lisado por diversos autores, como Sérgio Buarque de Holan<strong>da</strong> e outros. Aperseguição às práticas ilícitas de <strong>saúde</strong> deixaram, segundo o autor, de concentrar-se noscurandeiros, passando a focalizar a prática ilegal <strong>da</strong> medici<strong>na</strong>, <strong>da</strong> odontologia, <strong>da</strong> enfermageme <strong>da</strong> farmácia, campos de conhecimento instituídos e domínio <strong>da</strong>s classes médias, e não <strong>da</strong>sclasses baixas, que usavam a “feitiçaria”. E, à medi<strong>da</strong> que a medici<strong>na</strong> “erudita” absorviaconteúdos <strong>da</strong> medici<strong>na</strong> popular, esta era progressivamente esvazia<strong>da</strong> pelo aumento <strong>da</strong>legitimi<strong>da</strong>de dos procedimentos científicos junto às cama<strong>da</strong>s populares.Ain<strong>da</strong> nessa temática – traços <strong>da</strong> cultura brasileira <strong>na</strong> modernização <strong>da</strong>s organizaçõesno país - investigando os traços culturais presentes <strong>na</strong> administração pública Martins (1997)também ressaltou o patrimonialismo, definindo-o como a cultura de apropriação <strong>da</strong>quilo queé público pelo privado. Segundo este autor a administração pública brasileira foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>sob</strong>a influência de um ethos fortemente patrimonialista, presente <strong>na</strong> herança cultural lusita<strong>na</strong>.Acrescenta que, mesmo com alto grau de formalismo, a modernização <strong>da</strong> administraçãopública tenta a implementação de formas antipatrimonialistas, mas que a dissociação <strong>da</strong>política e <strong>da</strong> gestão, isto é, democracia e burocracia, indica a persistência de <strong>uma</strong> cultura demodernização patrimonialista. Isto levaria à conclusão de que a busca <strong>da</strong> excelência <strong>na</strong>administração pública só se <strong>da</strong>ria pela exclusão <strong>da</strong> política, portadora de característicaspatrimonialistas.

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