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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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64negros e índios seriam os únicos responsáveis pela “indolência” que é causa do atrasoeconômico.Matta (1981) opõe a perspectiva sociológica às doutri<strong>na</strong>s deterministas, tanto nocampo erudito quanto no popular. Os estudos “clássicos” <strong>da</strong> constituição <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>debrasileira são por esse autor colocados como fun<strong>da</strong>dos no determinismo e no positivismo – e ahistória do Brasil, vista por <strong>uma</strong> perspectiva reacionária, de <strong>uma</strong> história de “raças” que semiscige<strong>na</strong>ram - o que, segundo as conclusões racistas do conde Gobineau, levou à criação de<strong>uma</strong> sub-raça fa<strong>da</strong><strong>da</strong> ao subdesenvolvimento. Segundo Matta (1981) essa concepção leva a<strong>uma</strong> varie<strong>da</strong>de de interpretações <strong>da</strong> mesma “fábula <strong>da</strong>s três raças” – desde versões maisracistas (Sílvio Romero e Ni<strong>na</strong> Rodrigues), “delirante” (a criação de <strong>uma</strong> “meta-raça branca”,em Gilberto Freyre) ou mesmo otimista e mais igualitária (em Darcy Ribeiro queinconscientemente, segundo afirma Matta <strong>na</strong> mesma obra, não escapa à mesma fábula).Matta (1981) busca referências <strong>na</strong> literatura dos estudos brazilianistas para encontrar odesprezo pelas interpretações brasileiras repletas de gra<strong>da</strong>ções e tipos raciais intermediários,ao mesmo tempo que trazem interpretações independentes de fatos <strong>da</strong> historiografia clássica(por exemplo, a visão <strong>da</strong> Abolição como evento progressivo e aberto, enquanto que aproclamação <strong>da</strong> República seria fecha<strong>da</strong> e reacionária, desti<strong>na</strong><strong>da</strong> a manter o poder dos donos<strong>da</strong> terra (GRAHAN, 1979).O “racismo à brasileira” que inclui a invenção do mulato como “válvula de escape” e osistema do preconceito racial “de marca” (em oposição ao “de origem”, como o americano) éfunção de “um sistema abrangente de classificação social fun<strong>da</strong>do <strong>na</strong> hierarquia” (MATTA,1981, p. 83), relegado a um plano secundário pela literatura <strong>sob</strong>re o assunto que sempreprivilegiou, classicamente, o estudo <strong>da</strong>s raças e não a discussão <strong>da</strong>s suas relações em <strong>uma</strong>perspectiva sócio-antropológica, no contexto histórico, cultural e econômico – caracterizandoa “permanente miopia em relação à nossa possibili<strong>da</strong>de de autoconhecimento” (MATTA,1981, p. 85). Vem dessa perspectiva, segundo o autor, inclusive para as cama<strong>da</strong>s médias <strong>da</strong>população, a elaboração não científica em que raça é igual à etnia, que é igual à cultura –levando a alg<strong>uma</strong>s concepções genéricas como, por exemplo, um racismo disfarçado e, poroutro lado, “o elogio claro e aberto <strong>da</strong> mulataria, <strong>sob</strong>retudo no seu ângulo feminino(MATTA, 1981, p. 84).Para alguns autores as características <strong>da</strong> cultura brasileira não são tão específicas <strong>da</strong><strong>na</strong>ção brasileira, e sim, seriam características <strong>da</strong> “latini<strong>da</strong>de”. Feres Júnior (2005) a<strong>na</strong>lisandoo conceito de Latin America conclui que a importância crescente de estudos que tem comotema o multiculturalismo tem levado, nos Estados Unidos, ao banimento de expressões como

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