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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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60cordiali<strong>da</strong>de brasileira não exclui a violência: pelo contrário, o homem cordial é um homem<strong>da</strong>do a atitudes extremas e capaz de agir com extrema violência: extrema por que trata-se de<strong>uma</strong> violência que atua fora dos meios legais de coerção, e extrema porque é a expressão deum comportamento incapaz de mol<strong>da</strong>r-se à padrões legais e à ordem pública. A tal ordem ohomem cordial contrapõe a lógica <strong>da</strong> esfera priva<strong>da</strong>, e seus códigos particulares que são oscódigos desta esfera. E sua violência, que não é a violência weberia<strong>na</strong>, monopoliza<strong>da</strong> peloEstado. É a violência priva<strong>da</strong>, sancio<strong>na</strong><strong>da</strong> pelos códigos do homem cordial.A construção de <strong>uma</strong> teoria <strong>da</strong> ação social do brasileiro, de inspiração weberia<strong>na</strong>,calca<strong>da</strong> em Freyre e <strong>na</strong>s sistematizações de Holan<strong>da</strong> seria capaz de explicar tanto a cultura doprivilégio quanto a extraordinária desigual<strong>da</strong>de <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira, a partir do acessodiferenciado a certo capital social de relações pessoais.O fun<strong>da</strong>mento genético <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l é nossa matriz portuguesa e, paraBuarque de Holan<strong>da</strong>, o fracasso <strong>da</strong> proposta empreendedora de Mauá, atesta aimpossibili<strong>da</strong>de de adoção, no Brasil, do espírito do capitalismo, funcio<strong>na</strong>ndo como indício <strong>da</strong>radical incompatibili<strong>da</strong>de entre, por um lado, o padrão <strong>da</strong>s <strong>na</strong>ções socialmente maisavança<strong>da</strong>s e, por outro, o patriarcalismo e perso<strong>na</strong>lismo, fixados entre nós por <strong>uma</strong> tradiçãoque remonta ao período colonial (HOLANDA, 2006).Assim como a colonização inglesa demonstra <strong>uma</strong> ausência <strong>da</strong> plastici<strong>da</strong>de quecaracteriza o processo colonial português, exibe, por outro lado, um forte espíritoempreendedor e empresarial. No caso português esse espírito é quase inexistente, assim comoa fraca capaci<strong>da</strong>de de trabalho e de coesão social são características que definem acolonização.Segundo Prado Júnior (1983) a capaci<strong>da</strong>de empreendedora portuguesa exercita-se deforma pre<strong>da</strong>tória, gerando ciclos econômicos que se esgotam rapi<strong>da</strong>mente. Gil (2004) resumeo espírito português em <strong>uma</strong> expressão utiliza<strong>da</strong> no cotidiano e que, segundo ele, atesta oimobilismo <strong>da</strong> cultura portuguesa frente à dinâmica <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l einter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l: “É a vi<strong>da</strong>.” Esta expressão, segundo ele, adequa-se ao que ele chama de“televiver”, que supõe <strong>uma</strong> harmonia pré-estabeleci<strong>da</strong>, em relação à qual a ação individual ousocial é relativamente inócua. Colocando-se dentro do que chama de estudo “<strong>da</strong>smentali<strong>da</strong>des” o autor recorre a apontamentos etnográficos e conceitos extraídos tanto docotidiano quanto de outras ciências para definir forças sedimenta<strong>da</strong>s no campo social e noscomportamentos que caracterizam o “ethos” português – que ele chama de “portugali<strong>da</strong>de”.Caracteriza<strong>da</strong> por um sentimento de impotência e não-inscrição (“não produção do real”) quefaz com que os indivíduos busquem o espaço de tolerância <strong>da</strong> lei para não cumpri-la, essa

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