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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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58status derivado de seu <strong>na</strong>scimento: havia baianos, mineiros, paulistas, mazombos, mamelucos.Mas ain<strong>da</strong> não havia “brasileiros” tais como os conhecemos hoje: brasileiros eram,simplesmente, os comerciantes de pau-brasil. A criação ou descoberta <strong>da</strong> condição debrasileiros por parte destes diferentes colonos foi um processo longo; <strong>uma</strong> metamorfose quesitua-se no cerne <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Se remontarmos à origem do debate <strong>sob</strong>re aidenti<strong>da</strong>de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, portanto, seria necessário buscarmos sua gênese no período colonial.Entre os autores que buscaram investigar a questão <strong>da</strong> formação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l destacam-se Gilberto Freyre, Sílvio Romero, Câmara Cascudo e Euclides <strong>da</strong> Cunha,a<strong>na</strong>lisados <strong>na</strong> obra de Souza (2007), bem como Sérgio Buarque de Holan<strong>da</strong>.Segundo Souza (2007), para Romero a formação <strong>da</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de brasileira deu-se apartir de um processo de miscige<strong>na</strong>ção - um processo sócio-cultural e não ape<strong>na</strong>s racial - quedeveria ser completado pelo branqueamento, mas ele é pessimista quanto às suas premissas equanto à sua conclusão, exatamente devido ao fato de a miscige<strong>na</strong>ção negar os pressupostosde hierarquia racial que fun<strong>da</strong>mentam seu pensamento. Sua obra é, então, <strong>uma</strong> demonstração<strong>da</strong>s razões de seu pessimismo. Por outro lado, seu assumido provincianismo pode ser lidocomo <strong>uma</strong> apologia de tradições por ele identifica<strong>da</strong>s com a cultura popular.Souza (2007) a<strong>na</strong>lisa a obra de Euclides <strong>da</strong> Cunha e percebe que ele adota os mesmospressupostos raciais de Romero, mas, ao mesmo tempo, busca subvertê-los. Segundo esteautor, com respeito à miscige<strong>na</strong>ção entre o branco e o negro, sua ocorrência não penetrou osertão. Ali, predomi<strong>na</strong> o sertanejo, descendente do branco e do indíge<strong>na</strong> e, valorizando-o, elebusca resgatar e valorizar a formação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Mas o sertanejo é, ao mesmo tempo, umrepresentante <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, um símbolo do atraso a ser superado e alguém a serintroduzido <strong>na</strong> moderni<strong>da</strong>de por elites muito pouco interessa<strong>da</strong>s em cumprir seu papel.Euclides dialoga com Romero, mas não resolve suas contradições; aprofun<strong>da</strong>-as. Ressaltar aslinhas de continui<strong>da</strong>de entre ambos os autores não implica, evidentemente, <strong>na</strong> negação <strong>da</strong>origi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obra euclidea<strong>na</strong>, que transformou os tormentos e obsessões do autor emdramas <strong>da</strong> cultura brasileira.Para Souza (2007) a tradição não é problematiza<strong>da</strong> em Câmara Cascudo; suapreocupação é ape<strong>na</strong>s valorizá-la e resgatá-la. O universo estu<strong>da</strong>do é feito de hábitos, crençase gestos vivenciados no cotidiano e - sufocado pela moderni<strong>da</strong>de - algo que estariadesaparecendo. Cascudo registra sua existência, mas sua decadência também, e a crítica àmoderni<strong>da</strong>de e o lamento pelas tradições perdi<strong>da</strong>s se dão <strong>na</strong> vivência diária.Câmara Cascudo propõe, enfim, <strong>uma</strong> saí<strong>da</strong> eminentemente conservadora. Trata-se nãode buscar caminhos para a moderni<strong>da</strong>de, mas de preservar tradições deriva<strong>da</strong>s do processo de

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