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44consideração aos laços criados no tempo de estudantes, ou por acordos de divisão dehonorários, fato que jamais assumiriam perante clientes.Todas essas perspectivas guardam alguma similaridade com a perspectivaantropológica – desde a eleição de alguns objetos de estudos (guetos, desvios, microculturas)até a necessidade de compreensão do outro segundo uma perspectiva que abandona apretensão de neutralidade e, ao contrário, quer percebê-lo segundo suas próprias motivações.A análise microssocial não guarda semelhança com os clássicos “grandes ramos” daantropologia (como o estruturalismo, por exemplo – embora a antropologia de Lévi-Strauss váalém da dualidade macro/micro ao propor um entendimento da mente humana), mas com asabordagens da antropologia interpretativa, que elege os seus objetos em uma perspectivainclusive multicultural, e percebe a ciência como busca de significados específicos por gruposdeterminados, contrastando com a busca de macrointerpretações sociais ou culturais. (umarevalorizaação das abordagens etnográficas da antropologia, que possuem, de certa forma, umenfoque microsociológico). A “descrição densa” da antropologia interpretativa, assim,guardaria convergências com os estudos sociológicos “etnográficos” ou “microetnográficos”,demonstrando as similaridades existentes, apesar das discordâncias, entre vários autores comoBlumer, Schutz e Goffman – e diferentes análises, como a sócio-linguística e o entendimentosemiótico da cultura – de Eco a Geertz.Os estudos mais contemporâneos, como Giddens (2003) vão além, e buscam fazer asconexões entre os principais conceitos da teoria da estruturação social e uma interpretação danatureza do inconsciente, procurando as bases psicológicas do entrelaçamento do consciente edo inconsciente e, para isso, servindo-se do estudo do caráter rotinizado da vida cotidiana e assituações críticas onde essas rotinas são radicalmente rompidas – o que acontece às vezes navida organizacional. As tipologias dos contornos da interação social (reuniões, encontros,inclusive episódicos etc.) levam à análise dos propósitos comunicativos em contextos de copresença,às relações entre a cultura oral e os veículos de comunicação, as crenças falsas quesão sustentadas por indivíduos de uma sociedade sobre essa mesma sociedade – fatores queinfluenciam não somente os estoques de conhecimento, mas também, conforme Giddens(2003), os tipos de conhecimento produzidos. Daí sua afirmação de que Goffman tem umvasto público “que não se limita a seus colegas profissionais de sociologia” (GOFFMAN,2003, p. 108).Em uma revisão do estado da teoria social hoje Giddens e Turner (1999) reconhecemque o empreendimento é muito variado mas que, em estado de “fermentação intelectual”, ascontribuições dos autores acima mencionados ainda são muito importantes e geram diversas
45possibilidades de entendimento, quando parte-se da noção de que a teoria deve serdesenvolvida a partir das observações das interações pessoais no contexto da vida real(GIDDENS; TURNER, 1999). No contexto contemporâneo, quando fenômenos de mudançasocial, política, tecnológica, legal – entre outros, acontecem de maneira turbulenta, essapostura mostra-se adequada para a compreensão das dinâmicas individual, grupal,organizacional e social.2.3 As várias dimensões da CulturaDesde a década de 80 a cultura vem se tornando um tema importante em diversos tiposde estudos organizacionais. No entanto trata-se de um conceito que tem sido apropriado demaneira muitas vezes pouco crítica, desconhecendo-se o alcance do seu significado original.Segundo Schwartzman (1997) a sociologia sempre evitou o uso da cultura como fatorexplicativo dos fenômenos sociais porque afirmar que cada povo tem sua cultura seria deixarde lado a análise de quaisquer diferenças, justificando-as pelas diferenças culturais. Damesma forma, afirmar que as culturas são únicas e incomparáveis seria aceitar comoinevitável a desigualdade, e recusar o princípio de que a humanidade é uma só. Num extremoo culturalismo tornou-se a base para nacionalismos exacerbados, ou então seguiu a expansãodos impérios coloniais. Em outro extremo, politizou-se para defender minorias étnicasameaçadas e grupos sociais cuja identidade ia sendo desfeita pela massificação da sociedademoderna. As limitações dos modelos explicativos de tipo racionalista, em contraste com ariqueza e densidade das descrições culturais de cunho fenomenológico ou literário pareciamconfirmar o fracasso do projeto iluminista da sociologia.Segundo Schwartzman (1997) nas últimas décadas do século XX novas perguntasafloraram, como indagar porque algumas sociedades, como o Japão e a Coréia foram capazesde se reerguer de guerras devastadoras e construir sistemas econômicos poderosos, enquantooutras, como a Argentina, dilapidaram passo a passo a riqueza acumulada - ou porque algunsgrupos imigrantes, nos Estados Unidos, adaptaram-se à cultura dominante e ascenderamsocialmente, enquanto outros, como as minorias negras nos subúrbios das grandes cidades,não conseguiram fazê-lo na mesma proporção. Segundo o mesmo autor, para entender essasquestões “existem duas respostas insatisfatórias, e um terreno pantanoso a ser explorado. As
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44consideração aos laços criados no tempo de estu<strong>da</strong>ntes, ou por acordos de divisão dehonorários, fato que jamais assumiriam perante clientes.To<strong>da</strong>s essas perspectivas guar<strong>da</strong>m alg<strong>uma</strong> similari<strong>da</strong>de com a perspectivaantropológica – desde a eleição de alguns objetos de estudos (guetos, desvios, microculturas)até a necessi<strong>da</strong>de de compreensão do outro segundo <strong>uma</strong> perspectiva que abando<strong>na</strong> apretensão de neutrali<strong>da</strong>de e, ao contrário, quer percebê-lo segundo suas próprias motivações.A análise microssocial não guar<strong>da</strong> semelhança com os clássicos “grandes ramos” <strong>da</strong>antropologia (como o estruturalismo, por exemplo – embora a antropologia de Lévi-Strauss váalém <strong>da</strong> duali<strong>da</strong>de macro/micro ao propor um entendimento <strong>da</strong> mente h<strong>uma</strong><strong>na</strong>), mas com asabor<strong>da</strong>gens <strong>da</strong> antropologia interpretativa, que elege os seus objetos em <strong>uma</strong> perspectivainclusive multicultural, e percebe a ciência como busca de significados específicos por gruposdetermi<strong>na</strong>dos, contrastando com a busca de macrointerpretações sociais ou culturais. (<strong>uma</strong>revalorizaação <strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens etnográficas <strong>da</strong> antropologia, que possuem, de certa forma, umenfoque microsociológico). A “descrição densa” <strong>da</strong> antropologia interpretativa, assim,guar<strong>da</strong>ria convergências com os estudos sociológicos “etnográficos” ou “microetnográficos”,demonstrando as similari<strong>da</strong>des existentes, apesar <strong>da</strong>s discordâncias, entre vários autores comoBlumer, Schutz e Goffman – e diferentes análises, como a sócio-linguística e o entendimentosemiótico <strong>da</strong> cultura – de Eco a Geertz.Os estudos mais contemporâneos, como Giddens (2003) vão além, e buscam fazer asconexões entre os principais conceitos <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> estruturação social e <strong>uma</strong> interpretação <strong>da</strong><strong>na</strong>tureza do inconsciente, procurando as bases psicológicas do entrelaçamento do consciente edo inconsciente e, para isso, servindo-se do estudo do caráter rotinizado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidia<strong>na</strong> e assituações críticas onde essas roti<strong>na</strong>s são radicalmente rompi<strong>da</strong>s – o que acontece às vezes <strong>na</strong>vi<strong>da</strong> organizacio<strong>na</strong>l. As tipologias dos contornos <strong>da</strong> interação social (reuniões, encontros,inclusive episódicos etc.) levam à análise dos propósitos comunicativos em contextos de copresença,às relações entre a cultura oral e os veículos de comunicação, as crenças falsas quesão sustenta<strong>da</strong>s por indivíduos de <strong>uma</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>sob</strong>re essa mesma socie<strong>da</strong>de – fatores queinfluenciam não somente os estoques de conhecimento, mas também, conforme Giddens(2003), os tipos de conhecimento produzidos. Daí sua afirmação de que Goffman tem umvasto público “que não se limita a seus colegas profissio<strong>na</strong>is de sociologia” (GOFFMAN,2003, p. 108).Em <strong>uma</strong> revisão do estado <strong>da</strong> teoria social hoje Giddens e Turner (1999) reconhecemque o empreendimento é muito variado mas que, em estado de “fermentação intelectual”, ascontribuições dos autores acima mencio<strong>na</strong>dos ain<strong>da</strong> são muito importantes e geram diversas