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21.07.2015 Views

36Geertz (1978) tem sido apontado como um dos primeiros e mais influente autor atrabalhar a antropologia nessa perspectiva. Para Geertz (1978) a explicação interpretativacentra sua atenção no significado que as instituições, ações, imagens, etc. têm para quem aspossui ou vivencia. Conceber as instituições, ações, imagens, etc. como fenômenos “legíveis”,interpretáveis, supõe alterar nossa percepção do mundo humano assim como orientar osprocedimentos de estudo em direção a um novo campo. O significado dos símbolos seestabelece, para esse autor, em um meta-nível, assim, interpretar um texto converte quem ointerpreta em uma espécie de autor secundário - interpretar um texto é reescrevê-lo.Segundo este autor por detrás das culturas há linguagens de sentidos articulados como"visões de mundo" (cosmovisões), as quais representam nossos valores projetados. Estasvisões do mundo são realmente mitologias e, portanto, constituem-se em imagináriosprojetados por nós a partir de nossas experiências simbólicas no mundo. As visões de mundoconfiguram as autênticas implicações de sentido que "explicam" ou deixam compreendernossas atitudes fundamentais, as pautas existenciais, as chaves da conduta coletiva ouindividual. Na realidade toda nossa trama cultural (arte e ciência, religião e direito, filosofía epolítica) é "mitológica" no sentido de que resulta de nossa projeção humana, de modo que háque se proceder a seu estudo hermenêutico para relativizar seu presumido caráter absoluto,bem como para expor sua intencionalidade secreta, seus aspectos latentes, obscuros ouobscurantistas, ou emancipadores e libertadores.A chamada escola pós-moderna na Antropologia tem como característica principalformular uma crítica ao texto etnográfico clássico, considerando questões como suascondições de produção, o papel do autor, os recursos retóricos utilizados e a ausência, no textotradicional, de uma perspectiva crítica mediando a cultura descrita (do informante) em funçãoda cultura para qual se escreve (do autor). Oliveira (1995), no entanto, adverte para o usoindiscriminado que se faz da expressão “pós-modernidade” visto que tem sido aplicada acontextos tão diferentes quanto a ficção científica, a arquitetura, a geografia etc. Para Silva(2004) a chamada geração pós-moderna da antropologia Norte-americana, representada porautores como J.Clifford, G..Marcus, James Boon, Paul Rabinow, entre outros, tem recebidoforte inspiração teórica de pensadores europeus como Bakhtin, Foucault, Barthes e Bourdieuem análises concernentes à filosofia da linguagem e à epistemologia das ciências. O contextosocial não se reduz, entretanto, a sobredeterminar a estrutura da enunciação (forma e estilo,por exemplo) enquanto sua causa externa (a situação extraverbal), configurando, antes, umelemento necessário e constituinte da própria estrutura semântica gerada no e através doenunciado.

37Uma outra vertente de estudos que considera a dimensão social e cultural, em umentendimento “micro”, é aquela que contempla a chamada “microssociologia”. De certa formanascida do estudo de pequenos grupos nos Estados Unidos, a partir da década de 40 do séculoXX, a perspectiva microssocial vai privilegiar a interação social – e essa interação pode sercompreendida como um fenômeno informacional. A construção do sentido nela vai ocuparpapel preponderante.A sociologia dos pequenos grupos faz parte de uma tradição de estudos que remontaao funcionalismo. Embora vá desaguar numa microssociologia que se opõe aos estudosmacrossociológicos, pode-se observar essa filiação na problemática da construção da ordemsocial – terminando por construir uma sociologia das organizações sob a perspectiva dos seusatores. A razão de estudar os pequenos grupos é, primeiramente, segundo Mills (1970)pragmática: a necessidade de entender os pequenos grupos dá-se não somente pelo grandenúmero de pequenos grupos existente, mas também porque suas decisões têm efeitospoderosos na história das comunidades, bem como sua dinâmica influencia a forma de viverdos indivíduos. Mas além da compreensão sociológica não pragmática – o simples ato deconhecer - há uma outra razão, de natureza sócio-psicológica – eles são pontos deconvergência das pressões sociais e individuais. Mills (1970) ainda aponta uma quarta razão,de natureza sistêmica: os pequenos grupos são microcosmos do sistema social, apresentandoaspectos societários e culturais do seu entorno. O efeito do grupo sobre os indivíduoscomeçou então a ser notado e estudado desde a educação de jovens em gangues criminosasaté a melhoria de pacientes tuberculosos participantes de grupos de auxílio mútuo ediscussões.A teoria funcionalista reduziu a complexidade dos grupos a modelos mais ou menossimples, como “mecânicos”, “organísmicos”, “de equilíbrio” ou “cibernéticos”. Mas essaabordagem não esgotou a temática, antes abriu a discussão para tópicos relevantes, tais como:como pode se dar a observação dos pequenos grupos (familiaridade, participação etc.); comofazer a obtenção sistemática de dados (entrevistas, colaboração etc) ; análise do processo deinteração; processos executivos; relações emocionais; dinâmicas de grupo; relações deautoridade; e processos de experimentação. Esta temática foi abraçada pela nascente teoria daAdministração, via estudos psicológicos, como os de Lewin, analisada pelo prisma dapsicologia social e, finalmente, retomada pela sociologia sob diversas perspectivas queprivilegiam diversas instâncias de análise – a sociologia compreensiva - de inspiraçãoweberiana - de Schutz (1970), o interacionismo simbólico e os trabalhos de Goffman (1974) ea etnometodologia de Garfinkel (2002).

36Geertz (1978) tem sido apontado como um dos primeiros e mais influente autor atrabalhar a antropologia nessa perspectiva. Para Geertz (1978) a explicação interpretativacentra sua atenção no significado que as instituições, ações, imagens, etc. têm para quem aspossui ou vivencia. Conceber as instituições, ações, imagens, etc. como fenômenos “legíveis”,interpretáveis, supõe alterar nossa percepção do mundo h<strong>uma</strong>no assim como orientar osprocedimentos de estudo em direção a um novo campo. O significado dos símbolos seestabelece, para esse autor, em um meta-nível, assim, interpretar um texto converte quem ointerpreta em <strong>uma</strong> espécie de autor secundário - interpretar um texto é reescrevê-lo.Segundo este autor por detrás <strong>da</strong>s culturas há linguagens de sentidos articulados como"visões de mundo" (cosmovisões), as quais representam nossos valores projetados. Estasvisões do mundo são realmente mitologias e, portanto, constituem-se em imagináriosprojetados por nós a partir de nossas experiências simbólicas no mundo. As visões de mundoconfiguram as autênticas implicações de sentido que "explicam" ou deixam compreendernossas atitudes fun<strong>da</strong>mentais, as pautas existenciais, as chaves <strong>da</strong> conduta coletiva ouindividual. Na reali<strong>da</strong>de to<strong>da</strong> nossa trama cultural (arte e ciência, religião e direito, filosofía epolítica) é "mitológica" no sentido de que resulta de nossa projeção h<strong>uma</strong><strong>na</strong>, de modo que háque se proceder a seu estudo hermenêutico para relativizar seu presumido caráter absoluto,bem como para expor sua intencio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de secreta, seus aspectos latentes, obscuros ouobscurantistas, ou emancipadores e libertadores.A chama<strong>da</strong> escola pós-moder<strong>na</strong> <strong>na</strong> Antropologia tem como característica principalformular <strong>uma</strong> crítica ao texto etnográfico clássico, considerando questões como suascondições de produção, o papel do autor, os recursos retóricos utilizados e a ausência, no textotradicio<strong>na</strong>l, de <strong>uma</strong> perspectiva crítica mediando a cultura descrita (do informante) em função<strong>da</strong> cultura para qual se escreve (do autor). Oliveira (1995), no entanto, adverte para o usoindiscrimi<strong>na</strong>do que se faz <strong>da</strong> expressão “pós-moderni<strong>da</strong>de” visto que tem sido aplica<strong>da</strong> acontextos tão diferentes quanto a ficção científica, a arquitetura, a geografia etc. Para Silva(2004) a chama<strong>da</strong> geração pós-moder<strong>na</strong> <strong>da</strong> antropologia Norte-america<strong>na</strong>, representa<strong>da</strong> porautores como J.Clifford, G..Marcus, James Boon, Paul Rabinow, entre outros, tem recebidoforte inspiração teórica de pensadores europeus como Bakhtin, Foucault, Barthes e Bourdieuem análises concernentes à filosofia <strong>da</strong> linguagem e à epistemologia <strong>da</strong>s ciências. O contextosocial não se reduz, entretanto, a <strong>sob</strong>redetermi<strong>na</strong>r a estrutura <strong>da</strong> enunciação (forma e estilo,por exemplo) enquanto sua causa exter<strong>na</strong> (a situação extraverbal), configurando, antes, umelemento necessário e constituinte <strong>da</strong> própria estrutura semântica gera<strong>da</strong> no e através doenunciado.

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