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21.07.2015 Views

360na Economia; e Milton Santos na Geografia. Essa discussão foi aqui reduzida por serinterminável e fugir aos objetivos desse trabalho - ele restringe-se aos impactos positivos enegativos das dimensões da cultura na gestão da informação em saúde. Este estudo agradeceas contribuições de todos esses autores, em sua tentativa de incorporá-las ao campo daCiência da Informação.Para finalizar, cabe ressaltar que os problemas no campo da saúde não podem seratribuídos de maneira simples a uma única ou a poucas causas e, embora diferentes, e emdiferentes níveis, os problemas em saúde pública e os impasses da gestão da informação nessesetor não ocorrem exclusivamente no Brasil, nem mesmo apenas em países subdesenvolvidosou em desenvolvimento, como foi mencionado com relação aos problemas dessa área nosEUA. A crise da saúde pública nos países centrais, além de ser objeto de obras acadêmicas ecientíficas, pode ser exemplificada em um filme do cineasta Dennis Arcand, no qual analisa acrise do sistema de saúde canadense - ele chamou de “Invasões Bárbaras” o momentoposterior ao “Declínio do Império Americano” (filme que o antecedeu) – curiosamente avítima do sistema é um professor universitário, que havia lutado pelo serviço público de saúdee que encontra-se em um impasse ao ver-se forçado pelo filho a optar pelos serviços privados.Da mesma forma os dilemas entre indivíduo e cultura, desde as questões levantadas porGeoge Mead e resgatadas contemporaneamente por Habermas, pertencem a todas as culturas,assim como os dilemas da construção de uma sociedade solidária e saudável. A análise dessesdilemas ultrapassa a interdisciplinaridade aqui proposta, visto incluir a perspectiva dapsicologia, da pedagogia, da biologia e da ecologia humana – de Bateson a nossos dias.Tornando à especificidade do caso brasileiro, o livro da atriz francesa Toussaint-Samson (2003), mencionado no capítulo teórico, escrito no século XIX, em suas narrativahorroriza-se com o tratamento dados aos negros e outras características da cultura do país emque viveu por doze anos, mas, ao voltar para a França, a autora horrorizou-se com “amesquinharia”, o “jargão incompreensível” que se tornara a língua francesa, o hábito do fumoe as operetas superficiais que seus compatriotas aplaudiam, declarando-se decepcionada coma terra “do pensamento e do progresso”. Ela menciona que sempre sentia “saudade - comodizem os brasileiros” - da América do Sul, bem como vontade de “revê-la mais uma vez,antes de morrer”.E um mineiro otimista como o antropólogo Darcy Ribeiro (1995, última páginapublicada antes de morrer) - que conviveu tanto com indígenas brasileiros quanto com opoder federal em Brasília – prenunciou, conjugando análise antropológica e a esperançabrasileira:

361Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. OBrasil já é a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa asê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínioda tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, deprogresso auto-sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhãcomo uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre,porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Maisgenerosa, porque aberta à convivência de todas as raças e todas as culturas e porqueassentada na mais bela e luminosa província da Terra. (RIBEIRO, 1995).

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