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34e de outros membros do mesmo grupo social. Somente os seres humanos têm a capacidade decriar tradições e produtos culturais cuja complexidade se incrementa com o passar dasgerações. Segundo o autor, em cada geração, crianças crescem em meio a artefatos e práticasculturais que contêm toda a sabedoria acumulada de seu grupo social – o que significa dizerque a aquisição do conhecimento humano, embora tenha uma raiz biológica, só é possibilitadapela inserção dos indivíduos em uma dada cultura.O contexto da comunicação, assim, intra e intercultural é necessariamente interacionalem uma perspectiva social – o que sustenta o conceito proposto de “antropologia dainformação”.O trabalho de Avison e Myers (2006) busca a conexão dessas reflexões com aperspectiva dos sistemas de informação. Utilizando a expressão “anthropological perspectiveon information technology” argumentam que a Antropologia tem sido amplamentenegligenciada nos estudos acerca de sistemas de informação, e afirmam que a ligação entre aperspectiva da cultura organizacional e o olhar antropológico pode trazer bons resultados efacilitar a implementação de novas tecnologias.Considerando a interdisciplinaridade de ambos os campos – ciência da informação eantropologia, a proposição de uma conexão entre os dois configuraria-se, para além de umamultidisciplinaridade, em uma perspectiva transdisciplinar, que será esclarecida nasdiscussões de método deste trabalho.Avison e Myers (2006) celebram essa conexão como um aporte para estudosqualitativos na área, mas a multireferencialidade (que pode envolver aspectos quantitativos) ea triangulação dos dados podem representar um olhar mais plural e consistente, uma vez que acultura organizacional - embora possa gozar de relativa independência - certamente irárefletir, em maior ou menor grau, condicionantes mais gerais que vão do local ao global.2.2 Informação, interpretação e compreensão: uma ótica antropológicaMarteleto propõe estudar os fenômenos de informação[...] como fenômenos sociais, com uma metodologia que os inscreve em estruturaslocais de saber e comunicação. Trata-se de uma tarefa de percepção de como aspessoas representam seus mundos, suas experiências, para então enxergar arelevância da informação seja como sentido já dado, presente oficialmente naestruturas sociais, seja como matéria simbólica que alimenta suas ações e seussentidos de mundo. (MARTELETO, 2000, p.88).
35Tais assertivas aproximam tal proposta de certas matrizes teóricas das ciênciashumanas, como a chamada “antropologia interpretativa” da qual Geertz é o representante maisconhecido, mas também de um grande número de estudos sociológicos assentados sobre asbases da fenomenologia.Oliveira (1995), em artigo que analisa a trajetória da teoria antropológica, destaca queeste paradigma hermenêutico introduz um caráter de “desordem” na análise antropológica,inserindo-o no interior do discurso da pós-modernidade.Segundo Capurro e Hjørland (2004) o conceito de relevância na ciência da informaçãodeve ser considerado em relação a três processos hermenêuticos: a) uma hermenêutica dosusuários; b) uma hermenêutica da coleção que seja capaz de fundamentar os processos deseleção de documentos ou textos e a forma como esses são indexados e catalogados; c) umahermenêutica do sistema – onde devem situar-se as colocações associadas ao paradigma físicoda informação.Em campo tão diverso quanto a linguística pode-se encontrar fundamentos parasubsidiar a concepção hermenêutica na Ciência da Informação. Bronckart (2003) parte de umaexpressão genérica – o “interacionismo social” – designando uma posição epistemológicageral na qual podem ser reconhecidas diversas correntes das ciências humanas – para darsustentação ao pensamento de Habermas. Segundo este autor a cooperação dos indivíduos naatividade social é mediada por verdadeiras interações verbais – essa dimensão é, sendo esteautor, justamente o que Habermas chamou de agir comunicativo. A emergência do agircomunicativo é também, dessa maneira, também constitutiva do social, o que leva o mesmoautor a propor, resgatando também a articulação feita por Vigotsky entre o psicológico e osocial, um “interacionismo sócio-discursivo”. Bronckart (2003) prossegue analisando oestatuto da atividade social mediada pelo agir comunicativo e os efeitos dessa atividade edessa linguagem na transformação do meio em “mundos representados” – e abrindo assimdentro da sócio-linguística a possibilidade de uma hermenêutica sócio-discursiva.Essa proeminência do papel da hermenêutica na Ciência da Informação permitiria suacompreensão enquanto uma “antropologia da informação”, para usar o termo inaugurado porMarteleto (2000).Foi Ricoeur (1977) quem reivindicou primeiramente a hermenêutica como métodoantropológico e, segundo Oliveira (1995) a concepção hermenêutica, estabeleceu-se comofundante de um novo paradigma na antropologia. Porém o mesmo autor lembra que deve-sedescartar qualquer univocidade na concepção hermenêutica – ao contrário, o que se verifica éuma verdadeira dispersão de influências nessa antropologia que se pretende nova.
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34e de outros membros do mesmo grupo social. Somente os seres h<strong>uma</strong>nos têm a capaci<strong>da</strong>de decriar tradições e produtos culturais cuja complexi<strong>da</strong>de se incrementa com o passar <strong>da</strong>sgerações. Segundo o autor, em ca<strong>da</strong> geração, crianças crescem em meio a artefatos e práticasculturais que contêm to<strong>da</strong> a sabedoria acumula<strong>da</strong> de seu grupo social – o que significa dizerque a aquisição do conhecimento h<strong>uma</strong>no, embora tenha <strong>uma</strong> raiz biológica, só é possibilita<strong>da</strong>pela inserção dos indivíduos em <strong>uma</strong> <strong>da</strong><strong>da</strong> cultura.O contexto <strong>da</strong> comunicação, assim, intra e intercultural é necessariamente interacio<strong>na</strong>lem <strong>uma</strong> perspectiva social – o que sustenta o conceito proposto de “antropologia <strong>da</strong>informação”.O trabalho de Avison e Myers (2006) busca a conexão dessas reflexões com aperspectiva dos sistemas de informação. Utilizando a expressão “anthropological perspectiveon information technology” argumentam que a Antropologia tem sido amplamentenegligencia<strong>da</strong> nos estudos acerca de sistemas de informação, e afirmam que a ligação entre aperspectiva <strong>da</strong> cultura organizacio<strong>na</strong>l e o olhar antropológico pode trazer bons resultados efacilitar a implementação de novas tecnologias.Considerando a interdiscipli<strong>na</strong>ri<strong>da</strong>de de ambos os campos – ciência <strong>da</strong> informação eantropologia, a proposição de <strong>uma</strong> conexão entre os dois configuraria-se, para além de <strong>uma</strong>multidiscipli<strong>na</strong>ri<strong>da</strong>de, em <strong>uma</strong> perspectiva transdiscipli<strong>na</strong>r, que será esclareci<strong>da</strong> <strong>na</strong>sdiscussões de método deste trabalho.Avison e Myers (2006) celebram essa conexão como um aporte para estudosqualitativos <strong>na</strong> área, mas a multireferenciali<strong>da</strong>de (que pode envolver aspectos quantitativos) ea triangulação dos <strong>da</strong>dos podem representar um olhar mais plural e consistente, <strong>uma</strong> vez que acultura organizacio<strong>na</strong>l - embora possa gozar de relativa independência - certamente irárefletir, em maior ou menor grau, condicio<strong>na</strong>ntes mais gerais que vão do local ao global.2.2 <strong>Informação</strong>, interpretação e compreensão: <strong>uma</strong> <strong>ótica</strong> antropológicaMarteleto propõe estu<strong>da</strong>r os fenômenos de informação[...] como fenômenos sociais, com <strong>uma</strong> metodologia que os inscreve em estruturaslocais de saber e comunicação. Trata-se de <strong>uma</strong> tarefa de percepção de como aspessoas representam seus mundos, suas experiências, para então enxergar arelevância <strong>da</strong> informação seja como sentido já <strong>da</strong>do, presente oficialmente <strong>na</strong>estruturas sociais, seja como matéria simbólica que alimenta suas ações e seussentidos de mundo. (MARTELETO, 2000, p.88).