Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes
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330é vista apenas como resposta, algo que é pedido, como prestação de contas.Para a maior parte dos entrevistados diferenças entre mineiros e outros não forampercebidas, porque muitos mal conhecem outros brasileiros que não mineiros, mas emcontatos breves percebem-se similaridades. Outra percepção seria o estágio mais avançado deMinas, segundo entrevistas no nível estadual.Sobre a cultura das secretarias municipais em Minas foi dito que é difícil generalizar,em virtude das diferenças regionais, mas no nível estadual (na Secretaria de Estado da Saúde)há uma cultura organizacional; nos municípios isso é indefinido, pois as prefeituras, não aárea da saúde, têm uma cultura mais forte, e faz parte dela copiar o que vêem em outras, porexemplo, a estrutura - e essa estrutura fica inadequada à realidade. Segundo um outroentrevistado do nível estadual os organogramas são inadequados, mas ninguém cobra isso, omunicípio permanece assim, são peças fictícias para resultados, mas reais para se montaremorçamentos – o que gera problemas.A cultura pessoal dos gestores, oriunda da família e da formação, gera um perfildiferenciado que influencia a gestão, pela contratação de pessoas com um perfilsemelhante a eles no uso e circulação da informação, inclusive no que diz respeitoao poder, o que pode gerar problemas para o sistema como um todo –são “áreas deinteligência” em um “sistema burro”; áreas que querem fazer cruzamento dedados, retroalimentar o sistema, discutir e transformar o modelo de atenção nomunicípio, mas as trocas constantes de secretários geram problemas para acontinuidade. (E/CES)Quanto à reação a isso (“burocracia”):[...] a cultura é burocrática, mas o que eu mais percebi foi pessoas que não tiveramantes uma preparação para lidar com a informação, pessoas escaldadas que dizemque “com o outro secretário eu me expus e levei ferro” e por isso ficam maisquietas. Quando você vê que isso é sistemático é que é o problema: cada um põe umtijolinho, mas não sabem se estão fazendo uma igreja ou uma casa, elas não sesentem parte de nada. Alguém tem que fazer um sistema que integre tudo, inclusivepara que haja um reconhecimento do trabalho que fazem com a informação.(E/CES)Com relação à condução do trabalho (direção e liderança):[...] gestão sem continuidade é completamente diferente, é preciso ter um líderpresente que faça a diferença para uma mudança na cultura, porque não se muda acultura em duas semanas, mas não é algo que não se possa mudar. Agora osmunicípios estão preocupados em diminuir a volatilidade, porque o cargo de gestoré basicamente político - eles não são escolhidos pela competência técnica, se nãotiver sustentação política saem logo [...]Se a secretaria é um sistema acéfalo só tem um comando, o político [...] vai verquem é que ele precisa agradar, onde tem apoio, às vezes é um “achismo” mesmo[...] a própria informação tem uma variável política [...] (E/CES)
331Não há, na maioria das secretarias, tratamento da informação – e o SUS não ajudamuito nesse trabalho:[...] quando alguém faz análise não se contextualiza, então a informação é semprepobre [...] Os sistemas do DATASUS são burros porque não conversam um com ooutro, você tem que alimentar vários, mas não são cruzados, o SIAB é um sistemamais inteligente um pouquinho [...] as estruturas das secretarias deveriam fazer otratamento e as análises, não o secretário, então os sistemas deveriam ser maissimples [...] Além disso há confusão, porque a informação financeira do SUS, porexemplo, não é algo que a área da saúde domine, é a área contábil que geralmenteestá ligada à Prefeitura , isso traz problema para discutir o planejamento, porque oorçamento é feito errado, mesmo em municípios maiores [...] Teria que investirmais em pessoal – porque acaba virando uma coisa que varia de gestor pra gestor,as pessoas que cercam cada um .(E/CES)Necessidades de informação são supridas de várias maneiras; muitas estão disponíveispróximas às secretarias, mas não são usadas:A gente vem dando passos que são irreversíveis, é uma coisa progressiva [...] Édifícil trabalhar com os aplicativos do DATASUS, mas as informações estão ficandoprogressivamente mais municipalizadas. Nos municípios pequenos você sabequando morre alguém, mas não nos maiores. O problema é que o DATASUS nãotem um detalhamento intra-municipal [...] Para tomar decisões, que envolvalocalização de territórios, o Prefeito ou o secretário, se quiser acaba pegandomapas do município da telefonia, da CEMIG, ou outros [...] tem mil mapas que elespodem buscar com outros parceiros, mas em geral nem buscam não, ninguém fazestudos territoriais [...] Critérios de alocação de recursos vão muito por critériospolíticos.Se ele buscar no DATASUS, os cadernos do DATASUS por municípios, ou emparceiros, ou na Universidade, na Fundação João Pinheiro, no IBGE com ummonte de dados, ele teria dados para fazer uma boa gestão; mas tem municípiosfazendo uma gestão por resultados, até com salários com uma parte variável, porresultados [...] (E/CES)O controle social é frágil – fazendo referências a um comportamento cultural, arespondente comparou o descompromisso com o controle social com o desinteresse usual daspessoas pelas reuniões de condomínio – nos conselhos municipais de saúde as posturas sãoingênuas e despreparadas, ou muito politizadas, com bandeiras e slogans [...] Para a mesmarespondente o controle social é uma área onde não percebe avanços, tem alguma coisaerrada [...]O comportamento informacional nas secretarias seria decorrência do jeitomineiro/brasileiro de ser, pois se você não se abre pro outro, como é que você vai trabalhar ecompartilhar a informação?As secretarias estão se preparando, inclusive quanto ao espaço físico: “[...] porenquanto ainda tem de tudo [...] não há uma visão da importância do espaço físico, cada um
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330é vista ape<strong>na</strong>s como resposta, algo que é pedido, como prestação de contas.Para a maior parte dos entrevistados diferenças entre mineiros e outros não forampercebi<strong>da</strong>s, porque muitos mal conhecem outros brasileiros que não mineiros, mas emcontatos breves percebem-se similari<strong>da</strong>des. Outra percepção seria o estágio mais avançado deMi<strong>na</strong>s, segundo entrevistas no nível estadual.Sobre a cultura <strong>da</strong>s secretarias municipais em Mi<strong>na</strong>s foi dito que é difícil generalizar,em virtude <strong>da</strong>s diferenças regio<strong>na</strong>is, mas no nível estadual (<strong>na</strong> Secretaria de Estado <strong>da</strong> Saúde)há <strong>uma</strong> cultura organizacio<strong>na</strong>l; nos municípios isso é indefinido, pois as prefeituras, não aárea <strong>da</strong> <strong>saúde</strong>, têm <strong>uma</strong> cultura mais forte, e faz parte dela copiar o que vêem em outras, porexemplo, a estrutura - e essa estrutura fica i<strong>na</strong>dequa<strong>da</strong> à reali<strong>da</strong>de. Segundo um outroentrevistado do nível estadual os organogramas são i<strong>na</strong>dequados, mas ninguém cobra isso, omunicípio permanece assim, são peças fictícias para resultados, mas reais para se montaremorçamentos – o que gera problemas.A cultura pessoal dos gestores, oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> família e <strong>da</strong> formação, gera um perfildiferenciado que influencia a gestão, pela contratação de pessoas com um perfilsemelhante a eles no uso e circulação <strong>da</strong> informação, inclusive no que diz respeitoao poder, o que pode gerar problemas para o sistema como um todo –são “áreas deinteligência” em um “sistema burro”; áreas que querem fazer cruzamento de<strong>da</strong>dos, retroalimentar o sistema, discutir e transformar o modelo de atenção nomunicípio, mas as trocas constantes de secretários geram problemas para acontinui<strong>da</strong>de. (E/CES)Quanto à reação a isso (“burocracia”):[...] a cultura é burocrática, mas o que eu mais percebi foi pessoas que não tiveramantes <strong>uma</strong> preparação para li<strong>da</strong>r com a informação, pessoas escal<strong>da</strong><strong>da</strong>s que dizemque “com o outro secretário eu me expus e levei ferro” e por isso ficam maisquietas. Quando você vê que isso é sistemático é que é o problema: ca<strong>da</strong> um põe umtijolinho, mas não sabem se estão fazendo <strong>uma</strong> igreja ou <strong>uma</strong> casa, elas não sesentem parte de <strong>na</strong><strong>da</strong>. Alguém tem que fazer um sistema que integre tudo, inclusivepara que haja um reconhecimento do trabalho que fazem com a informação.(E/CES)Com relação à condução do trabalho (direção e liderança):[...] gestão sem continui<strong>da</strong>de é completamente diferente, é preciso ter um líderpresente que faça a diferença para <strong>uma</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>na</strong> cultura, porque não se mu<strong>da</strong> acultura em duas sema<strong>na</strong>s, mas não é algo que não se possa mu<strong>da</strong>r. Agora osmunicípios estão preocupados em diminuir a volatili<strong>da</strong>de, porque o cargo de gestoré basicamente político - eles não são escolhidos pela competência técnica, se nãotiver sustentação política saem logo [...]Se a secretaria é um sistema acéfalo só tem um comando, o político [...] vai verquem é que ele precisa agra<strong>da</strong>r, onde tem apoio, às vezes é um “achismo” mesmo[...] a própria informação tem <strong>uma</strong> variável política [...] (E/CES)