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28aspectos tecnológicos-computacionais e outros especificamente informacionais (qualidade dainformação, formas de indexação e classificação etc.).Para Paim e Nehmy a “tematização do usuário faz parte da tendência, hojepredominante, do deslocamento da atenção sobre o paradigma objetivista, centrado no ladotécnico da eficácia da recuperação da informação e na natureza da informação, em direção aum paradigma centrado no usuário” (PAIM; NEHMY, 1998, p. 89). A tendência mais fortenesse sentido é o projeto cognitivo, oriundo da perspectiva psicológica, que contradiz aperspectiva comportamentalista-positivista que vê o usuário como indivíduo racional quebusca informações para tomada de decisão em situações de incerteza. A “virada” originadapela compreensão de Belkin de “estado anômalo de conhecimento” vai centrar suaspreocupações nas estruturas mentais do conhecimento - ainda num sentido individual.A abordagem proposta por Dervin (1998) adotou a postura cognitiva como ponto departida, focalizando a atenção sobre a questão da necessidade e uso da informação.Essa abordagem encontra certa consonância com uma perspectiva interpretativa emCiência da Informação. O chamado Sense-Making - desenvolvido por Dervin - compreende anoção de interpretação com relação aos conteúdos informacionais – embora não privilegie aimportância da dimensão sócio-cultural desse fenômeno. Os estudos centrados no usuário têmpassado de uma perspectiva de estudar quem usa os sistemas de informação e com quefreqüência para investigar de forma mais ampla como os sistemas são utilizados e como elesefetivamente auxiliam o usuário. O trabalho de Dervin procura identificar quais são osindicadores potenciais do comportamento de busca e uso da informação sob a ótica dousuário, com ênfase nas mudanças temporais e espaciais que ocorrem no seu cotidiano.Não obstante os novos meios de comunicação possuírem uma enorme flexibilidadecomparados aos antigos, ainda continuam pouco explorados para benefício dos usuários. Osnovos sistemas eletrônicos agilizam a informação em grande quantidade e enorme velocidade,mas as evidências parecem mostrar que os responsáveis por esses sistemas continuam, emgrande parte, fazendo as coisas da mesma maneira que nos sistemas tradicionais deinformação, isto é, perpetua-se a percepção de que as pessoas são incapazes de atuar frente àestrutura de informação estabelecida. A perspectiva que o Sense-Making oferece paraentender os processos de informação/comunicação tem como principal elemento a dinâmica eos processos. Sempre procurar o "gap" ou a ponte entre a situação e a ajuda, significa olharpara a situação problemática como um momento de decisão que expressa confusão, idéias,emoções, sentimentos, perguntas e conclusões.Estas considerações são muito úteis ao tratar de usuários de sistemas de informação no

29momento em que a informação é buscada. O procedimento pode iniciar-se na narração daúltima vez que o sistema foi acessado e na identificação da situação (o que está semanifestando), o "gap" (aquilo sobre o qual se deseja ter uma resposta) e a ajuda (o que sepode fazer).Para Weick (1995) o Sense-Making é um conceito mais abrangente que simplesmenteinterpretação, pois está relacionado a um processo e não a um produto – o Sense-Makingenvolve a construção do objeto a ser analisado, não o considerando um dado. Weick (1995)argumenta ainda que esta construção está ancorada em uma identidade – baseada por sua vezem uma satisfação cognitiva e afetiva em relação à realidade observada, evitando e“acomodando” imagens negativas. Na vida organizacional, segundo este mesmo autor, aspessoas são responsáveis pela produção de parte de seu ambiente – na realidade, emborapossa sugerir uma análise individual, este autor afirma ser o Sense-Making um processosocial, sem início demarcado, que ocorre em consonância com variáveis culturais erepresentações sociais – estando ainda diretamente vinculado ao processo de tomada dedecisões.A abordagem do Sense-Making pretende avaliar como os usuários percebem, sentem ecompreendem suas interações com instituições, mídias, mensagens e situações e usam ainformação e outros recursos nesses processos. Embora tenha partido de uma perspectivaindividual Dervin (1989b) termina por definir que esta atividade tem ligações tanto no nívelinterno (cognitivo) quanto no nível externo (social).Para Ferreira (1996) a abordagem do Sense-Making está firmemene associada àsteorias da comunicação; mas os novos paradigmas que incluem o usuário dizem respeito tantoà teoria psicológica e ao cognitivismo de Piaget, quanto à teoria crítica de Habermas, em suadimensão comunicativa. A mesma autora aponta ainda que essa abordagem tem sidoamplamente utilizado em estudos de vários tipos inclusive acerca da comunicação na área dasaúde.A compreensão da relevância da dimensão social na Ciência da Informação, assim, foisendo progressivamente aumentada. Um autor contemporâneo, como Davenport (2002)afirma que o comportamento informacional refere-se ao modo como os indivíduos lidam coma informação, o que inclui a busca, o uso, a alteração, a troca, o acúmulo e mesmo o ato deignorá-la. No entanto, enquanto o comportamento informacional está centrado em atosindividuais, o conceito de cultura envolve grupos ou organizações – suas crenças e valores.Para Davenport (2002) “as empresas continuam a planejar sistemas complexos e caros deinformação que não podem funcionar a não ser que as pessoas modifiquem o que fazem”.

28aspectos tecnológicos-computacio<strong>na</strong>is e outros especificamente informacio<strong>na</strong>is (quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>informação, formas de indexação e classificação etc.).Para Paim e Nehmy a “tematização do usuário faz parte <strong>da</strong> tendência, hojepredomi<strong>na</strong>nte, do deslocamento <strong>da</strong> atenção <strong>sob</strong>re o paradigma objetivista, centrado no ladotécnico <strong>da</strong> eficácia <strong>da</strong> recuperação <strong>da</strong> informação e <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza <strong>da</strong> informação, em direção aum paradigma centrado no usuário” (PAIM; NEHMY, 1998, p. 89). A tendência mais fortenesse sentido é o projeto cognitivo, oriundo <strong>da</strong> perspectiva psicológica, que contradiz aperspectiva comportamentalista-positivista que vê o usuário como indivíduo racio<strong>na</strong>l quebusca informações para toma<strong>da</strong> de decisão em situações de incerteza. A “vira<strong>da</strong>” origi<strong>na</strong><strong>da</strong>pela compreensão de Belkin de “estado anômalo de conhecimento” vai centrar suaspreocupações <strong>na</strong>s estruturas mentais do conhecimento - ain<strong>da</strong> num sentido individual.A abor<strong>da</strong>gem proposta por Dervin (1998) adotou a postura cognitiva como ponto departi<strong>da</strong>, focalizando a atenção <strong>sob</strong>re a questão <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de e uso <strong>da</strong> informação.Essa abor<strong>da</strong>gem encontra certa consonância com <strong>uma</strong> perspectiva interpretativa emCiência <strong>da</strong> <strong>Informação</strong>. O chamado Sense-Making - desenvolvido por Dervin - compreende anoção de interpretação com relação aos conteúdos informacio<strong>na</strong>is – embora não privilegie aimportância <strong>da</strong> dimensão sócio-cultural desse fenômeno. Os estudos centrados no usuário têmpassado de <strong>uma</strong> perspectiva de estu<strong>da</strong>r quem usa os sistemas de informação e com quefreqüência para investigar de forma mais ampla como os sistemas são utilizados e como elesefetivamente auxiliam o usuário. O trabalho de Dervin procura identificar quais são osindicadores potenciais do comportamento de busca e uso <strong>da</strong> informação <strong>sob</strong> a <strong>ótica</strong> dousuário, com ênfase <strong>na</strong>s mu<strong>da</strong>nças temporais e espaciais que ocorrem no seu cotidiano.Não obstante os novos meios de comunicação possuírem <strong>uma</strong> enorme flexibili<strong>da</strong>decomparados aos antigos, ain<strong>da</strong> continuam pouco explorados para benefício dos usuários. Osnovos sistemas eletrônicos agilizam a informação em grande quanti<strong>da</strong>de e enorme veloci<strong>da</strong>de,mas as evidências parecem mostrar que os responsáveis por esses sistemas continuam, emgrande parte, fazendo as coisas <strong>da</strong> mesma maneira que nos sistemas tradicio<strong>na</strong>is deinformação, isto é, perpetua-se a percepção de que as pessoas são incapazes de atuar frente àestrutura de informação estabeleci<strong>da</strong>. A perspectiva que o Sense-Making oferece paraentender os processos de informação/comunicação tem como principal elemento a dinâmica eos processos. Sempre procurar o "gap" ou a ponte entre a situação e a aju<strong>da</strong>, significa olharpara a situação problemática como um momento de decisão que expressa confusão, idéias,emoções, sentimentos, perguntas e conclusões.Estas considerações são muito úteis ao tratar de usuários de sistemas de informação no

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