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26“quiçá trans-ciência”. A autora faz referências, nessa reformulação, à epistemologia socialproposta por Shera (1971) – que foi inclusive saudada inicialmente como o nascimento deuma “ciência da comunicação” que compreenderia o comportamento de homens em grupos e,mais que isso, as dimensões social e cultural dos empreendimentos informacionais ecomunicacionais nas diferentes nações.Segundo Zandonade (2003) o projeto da “epistemologia social” de Shera recebeu,quando da sua formulação, escasso apoio de bibliotecários e acadêmicos na área da ciência dainformação apesar da extensa literatura produzida por seu autor durante mais de meio séculode vida profissional. Segundo Zandonade (2003) esse projeto foi em grande parte ignoradoexatamente pelo seu caráter mais filosófico e científico, enquanto que os bibliotecários daépoca, em sua maioria, não estavam preparados para dedicar-se aos fundamentos teóricos deuma área acadêmica e profissional cujas técnicas e mecanismos funcionavam a contento paraa orientação prática que a profissão havia conquistado empiricamente.Este programa foi retomado a partir do final da década de 1980 por Fuller (1991), apartir da idéia original de Shera de pesquisar a ciência como uma empresa coletiva e nãocomo projeto individual (SHERA, 1971). Fuller (1991) entendeu o conceito de epistemologiasocial em uma acepção filosófica algo similar à sociologia do conhecimento, nos moldes dasdefinições de Mannheim (1976), como “organização social do conhecimento”. A partir desse“renascimento” novos desenvolvimentos surgiram para a epistemologia social - a relevânciadas relações, interesses e instituições sociais para o conhecimento, ou o estudo das dimensõessociais do conhecimento ou da informação. Fuller (1991) entende a epistemologia socialcomo um movimento intelectual amplamente interdisciplinar e que tenta reconstruir osproblemas da epistemologia na medida em que o conhecimento é visto como intrinsecamentesocial. Nesse ponto diverge do pensamento de Shera, que via a epistemologia social comouma “disciplina” que pudesse contribuir para a jovem ciência da biblioteconomia. Além dasua origem nos estudos da produção acadêmica do conhecimento, os projetos decorrentes davisão de Fuller (1991) passaram a abranger também o conhecimento em ambientesmulticulturais e públicos, bem como a conversão do conhecimento em tecnologia dainformação e em propriedade intelectual. Fuller (1991) , além disso, apontou sua proximidadeaos estudos derivados de certas tradições filosóficas francesas e alemãs que têm enfatizado ocaráter partilhado da episteme em contraposição à epistemologia clássica, como Foucault eHabermas.Os autores citados demarcam uma fundamentação social para a ciência da informação.Nesse contexto é legítimo afirmar o paralelismo da teoria crítica de Habermas, conforme

27assinalam Gomez (2001), Capurro e Hjørland (2004) e Marteleto (1987). Segundo Freitag(1974) para Habermas a preocupação com os problemas do conhecimento não é umapreocupação geral e formal no nível da lógica; ela consiste muito mais em analisar as relaçõesexistentes entre conhecimento e interesse – o que inclui a dimensão social. O autor tambémfaz uso do método hermenêutico, ao procurar ao mesmo tempo compreender e explicar osprocessos sociais em sua dimensão histórica. É dentro desse quadro, em uma perspectivadialética, que são analisadas as relações entre ciência, política e a opinião pública.Para Marteleto (1987) diferentemente da visão sistêmica da informação, as abordagenscríticas do fenômeno informacional ocorrem no contexto das relações sociais, seja comocondição para a criação de condições de diálogo entre cidadãos ou entre as instânciascientíficas, políticas e o grande público. E, nessa perspectiva, a informação é tomada comfator de mudança e não de manutenção de estruturas.As concepções mencionadas anteriormente com relação ao conceito de ciência dainformação, abriram (e mantêm aberto) um amplo campo de estudos que compreende asdimensões sociais das tarefas associadas a esse empreendimento científico. Os estudos deusuários e seu comportamento de busca da informação, bem como de uso da mesma fazemparte desse nível de preocupações.Quando trata-se de uma análise que compreende organizações, seja do nível públicoou privado, entre os usuários estarão gerentes, funcionários e clientes (ou cidadãos atendidos).A compreensão do uso da informação e do comportamento informacional, entendido comomodo compartilhado – em maior ou menor grau - de ação com relação à informaçãonecessariamente fará parte dos estudos de eficácia no alcance dos objetivos, eficiência notrato com os meios para atingi-los e efetividade dos resultados para com um objetivo socialmais amplo. O comportamento informacional pode ser entendido também como parte da“cultura informacional” das organizações; esta por sua vez compõe a “culturaorganizacional”, que está inserida nos níveis local, regional, nacional e, hoje, global dacultura. Estudos de avaliação de políticas públicas não têm por tradição incluírem umaavaliação do comportamento informacional dos gerentes ou funcionários – como usuários dainformação, embora a Ciência da Informação venha acumulando progressivamente umaliteratura sobre a temática. Estudos de usuários, assim entendidos clientes de organizaçõesprivadas ou cidadãos, também compõem um campo crescente de estudo, contemplado desdeos primórdios da Biblioteconomia (usuários de bibliotecas) com relação ao acesso e uso deinformações específicas, ajudando a compor o desenho do sistema juntamente com os

27assi<strong>na</strong>lam Gomez (2001), Capurro e Hjørland (2004) e Marteleto (1987). Segundo Freitag(1974) para Habermas a preocupação com os problemas do conhecimento não é <strong>uma</strong>preocupação geral e formal no nível <strong>da</strong> lógica; ela consiste muito mais em a<strong>na</strong>lisar as relaçõesexistentes entre conhecimento e interesse – o que inclui a dimensão social. O autor tambémfaz uso do método hermenêutico, ao procurar ao mesmo tempo compreender e explicar osprocessos sociais em sua dimensão histórica. É dentro desse quadro, em <strong>uma</strong> perspectivadialética, que são a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s as relações entre ciência, política e a opinião pública.Para Marteleto (1987) diferentemente <strong>da</strong> visão sistêmica <strong>da</strong> informação, as abor<strong>da</strong>genscríticas do fenômeno informacio<strong>na</strong>l ocorrem no contexto <strong>da</strong>s relações sociais, seja comocondição para a criação de condições de diálogo entre ci<strong>da</strong>dãos ou entre as instânciascientíficas, políticas e o grande público. E, nessa perspectiva, a informação é toma<strong>da</strong> comfator de mu<strong>da</strong>nça e não de manutenção de estruturas.As concepções mencio<strong>na</strong><strong>da</strong>s anteriormente com relação ao conceito de ciência <strong>da</strong>informação, abriram (e mantêm aberto) um amplo campo de estudos que compreende asdimensões sociais <strong>da</strong>s tarefas associa<strong>da</strong>s a esse empreendimento científico. Os estudos deusuários e seu comportamento de busca <strong>da</strong> informação, bem como de uso <strong>da</strong> mesma fazemparte desse nível de preocupações.Quando trata-se de <strong>uma</strong> análise que compreende organizações, seja do nível públicoou privado, entre os usuários estarão gerentes, funcionários e clientes (ou ci<strong>da</strong>dãos atendidos).A compreensão do uso <strong>da</strong> informação e do comportamento informacio<strong>na</strong>l, entendido comomodo compartilhado – em maior ou menor grau - de ação com relação à informaçãonecessariamente fará parte dos estudos de eficácia no alcance dos objetivos, eficiência notrato com os meios para atingi-los e efetivi<strong>da</strong>de dos resultados para com um objetivo socialmais amplo. O comportamento informacio<strong>na</strong>l pode ser entendido também como parte <strong>da</strong>“cultura informacio<strong>na</strong>l” <strong>da</strong>s organizações; esta por sua vez compõe a “culturaorganizacio<strong>na</strong>l”, que está inseri<strong>da</strong> nos níveis local, regio<strong>na</strong>l, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e, hoje, global <strong>da</strong>cultura. Estudos de avaliação de políticas públicas não têm por tradição incluírem <strong>uma</strong>avaliação do comportamento informacio<strong>na</strong>l dos gerentes ou funcionários – como usuários <strong>da</strong>informação, embora a Ciência <strong>da</strong> <strong>Informação</strong> venha acumulando progressivamente <strong>uma</strong>literatura <strong>sob</strong>re a temática. Estudos de usuários, assim entendidos clientes de organizaçõespriva<strong>da</strong>s ou ci<strong>da</strong>dãos, também compõem um campo crescente de estudo, contemplado desdeos primórdios <strong>da</strong> Biblioteconomia (usuários de bibliotecas) com relação ao acesso e uso deinformações específicas, aju<strong>da</strong>ndo a compor o desenho do sistema juntamente com os

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