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178comunitário e a equipe de saúde bucal – sendo mencionado apenas lateralmente, quandonecessário, o trabalho das equipes de saúde bucal.Embora o esforço empreendido na definição dessas categorias (esforço que carrega adificuldade intrínseca de encaixá-las em campos específicos) tenha sido acompanhado por umtrabalho similar na análise das entrevistas, o resultado no momento da análise foi mais livre,uma vez que as categorias articulam-se nos discursos de modo genérico e interdependente, talcomo ocorre na realidade cotidiana do trabalho – isto é, as idéias, as categorias e os conceitosapresentam-se sincrônica e diacronicamente emaranhados. Aqueles que têm uma dimensãoum pouco independente dos objetivos deste trabalho (como a gestão financeira, por exemplo)foram excluídos, para tornar o estudo menos exaustivo. Nem todos, à medida que surgiam,puderam ser extraídos continuamente, de forma consistente, do discurso de todos osentrevistados, pois não eram reconhecidos por alguns respondentes. No momento da análise,quando não explicitados no texto, foram colocadas entre parênteses, antes ou depois detranscrições de trechos de entrevistas. Outras categorias e conceitos foram surgindoespontaneamente até o final da pesquisa – e foram considerados na análise. A Ciência daInformação demonstrou de maneira clara a sua transdisciplinaridade ao possibilitar ocruzamento de tantos campos diferentes.Mesmo tendo sido buscada uma transcrição fiel das entrevistas, perderam-se nesteprocesso entonações, gestos, ironias - o que remete à posição de Bourdieu (2001) quandoafirma que:[...] transcrever é, necessariamente, escrever, no sentido de reescrever. Como apassagem do escrito para o oral que o teatro faz, a passagem do oral ao inscritoimpõe, com a mudança de base, infidelidades que são sem dúvida a condição de umaverdadeira fidelidade (BOURDIEU, 2001, p. 710).Em virtude da natureza específica da perspectiva antropológica, embora não tenha sidoutilizada nenhuma técnica de análise do discurso, sua intenção básica foi mantida, tal comodefinido por Minayo (2000):O objetivo básico da Análise do Discurso é realizar uma reflexão geral sobre ascondições de produção e apreensão da significação de textos produzidos nos maisdiferentes campos: religioso, filosófico, jurídico e sócio-político. Ela visa acompreender o modo de funcionamento, os princípios da organização e as formas deprodução social do sentido [...] ela pretende inferir, a partir dos efeitos de superfície(a linguagem e sua organização), uma estrutura profunda [...] (MINAYO, 2000, p.211-212).
179Todas as categorias foram buscadas em todas as entrevistas, o que não significa dizerque em todas foram obtidas. A partir do roteiro deixou-se o entrevistado falar com liberdade,sendo solicitadas suas percepções sem necessidade de “fundamentação científica”. Ascategorias foram analisadas segundo o grau de importância dado a elas nos discursos, segundoa frequência com que foram mencionadas, em relação a outras categorias e conceitos às quaisforam associadas, em relação aos sujeitos/organizações que as enunciaram e aossujeitos/organizações aos (às) quais foram relacionadas. A hermenêutica para essainterpretação foi construída sob princípios antropológicos – busca de sentido pela percepçãodo olhar do “outro” e desvelamento do simbólico segundo uma perspectiva compreensiva e“fora do paradigma de Durkheim”, para usar a expressão de Garfinkel (1967). No entanto,observou-se que a quase totalidade dos entrevistados não considera a dimensão informacionalcomo uma dimensão que possa ser analisada de maneira relativamente independente. Por issouma pergunta sobre a “cultura informacional” sempre era seguida de um “Como assim?” – oque levou à reformulação das indagações, direcionando-as para questões práticas eoperacionais; para tanto foram privilegiadas “categorias empíricas” (MINAYO, 2000). Istomarcou um diferencial significativo da dimensão informacional com relação às dimensõesadministrativas, sociológicas, político-econômicas etc.: conceitos como “classe social”,“neoliberalismo”, “eficiência” e “eficácia”, “políticas sociais” ou “políticas públicas”,“controle social” e mesmo “cultura” (no sentido antropológico) eram utilizados comdesenvoltura por quase todos os respondentes, mesmo desvinculados do trabalho daSecretaria. A reorganização das perguntas levou a um aprofundamento da perspectivaantropológica, visto que o pesquisador passava a ser um interlocutor sobre o cotidiano, e nãoum “acadêmico” munido de livros ou “pesquisador” munido de um gravador ou caderno.Somente as entrevistas com os Secretários e com os envolvidos no nível estadual da gestãoforam gravadas e transcritas, para serem analisadas segundo as categorias acima mencionadas.As demais foram registradas em “diários de campo” construídos por anotações no estiloetnográfico tradicional, que foram analisadas posteriormente segundo os mesmos parâmetros,mas compreendidas por um “olhar antropológico”.Seguindo as etapas sugeridas por Minayo (2000), foram feitos os seguintesprocedimentos:a) englobação dos dados: reunião de todas as entrevistas realizadas, incluindo as etapas detranscrição na íntegra das falas que foram gravadas, a releitura do material, o recorte dasfalas e sua organização de acordo com a pertinência das falas transcritas e com a proposta
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179To<strong>da</strong>s as categorias foram busca<strong>da</strong>s em to<strong>da</strong>s as entrevistas, o que não significa dizerque em to<strong>da</strong>s foram obti<strong>da</strong>s. A partir do roteiro deixou-se o entrevistado falar com liber<strong>da</strong>de,sendo solicita<strong>da</strong>s suas percepções sem necessi<strong>da</strong>de de “fun<strong>da</strong>mentação científica”. Ascategorias foram a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s segundo o grau de importância <strong>da</strong>do a elas nos discursos, segundoa frequência com que foram mencio<strong>na</strong><strong>da</strong>s, em relação a outras categorias e conceitos às quaisforam associa<strong>da</strong>s, em relação aos sujeitos/organizações que as enunciaram e aossujeitos/organizações aos (às) quais foram relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s. A hermenêutica para essainterpretação foi construí<strong>da</strong> <strong>sob</strong> princípios antropológicos – busca de sentido pela percepçãodo olhar do “outro” e desvelamento do simbólico segundo <strong>uma</strong> perspectiva compreensiva e“fora do paradigma de Durkheim”, para usar a expressão de Garfinkel (1967). No entanto,observou-se que a quase totali<strong>da</strong>de dos entrevistados não considera a dimensão informacio<strong>na</strong>lcomo <strong>uma</strong> dimensão que possa ser a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong> de maneira relativamente independente. Por isso<strong>uma</strong> pergunta <strong>sob</strong>re a “cultura informacio<strong>na</strong>l” sempre era segui<strong>da</strong> de um “Como assim?” – oque levou à reformulação <strong>da</strong>s in<strong>da</strong>gações, direcio<strong>na</strong>ndo-as para questões práticas eoperacio<strong>na</strong>is; para tanto foram privilegia<strong>da</strong>s “categorias empíricas” (MINAYO, 2000). Istomarcou um diferencial significativo <strong>da</strong> dimensão informacio<strong>na</strong>l com relação às dimensõesadministrativas, sociológicas, político-econômicas etc.: conceitos como “classe social”,“neoliberalismo”, “eficiência” e “eficácia”, “políticas sociais” ou “políticas públicas”,“controle social” e mesmo “cultura” (no sentido antropológico) eram utilizados comdesenvoltura por quase todos os respondentes, mesmo desvinculados do trabalho <strong>da</strong>Secretaria. A reorganização <strong>da</strong>s perguntas levou a um aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> perspectivaantropológica, visto que o pesquisador passava a ser um interlocutor <strong>sob</strong>re o cotidiano, e nãoum “acadêmico” munido de livros ou “pesquisador” munido de um gravador ou caderno.Somente as entrevistas com os Secretários e com os envolvidos no nível estadual <strong>da</strong> gestãoforam grava<strong>da</strong>s e transcritas, para serem a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s segundo as categorias acima mencio<strong>na</strong><strong>da</strong>s.As demais foram registra<strong>da</strong>s em “diários de campo” construídos por anotações no estiloetnográfico tradicio<strong>na</strong>l, que foram a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s posteriormente segundo os mesmos parâmetros,mas compreendi<strong>da</strong>s por um “olhar antropológico”.Seguindo as etapas sugeri<strong>da</strong>s por Mi<strong>na</strong>yo (2000), foram feitos os seguintesprocedimentos:a) englobação dos <strong>da</strong>dos: reunião de to<strong>da</strong>s as entrevistas realiza<strong>da</strong>s, incluindo as etapas detranscrição <strong>na</strong> íntegra <strong>da</strong>s falas que foram grava<strong>da</strong>s, a releitura do material, o recorte <strong>da</strong>sfalas e sua organização de acordo com a pertinência <strong>da</strong>s falas transcritas e com a proposta