Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes
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138governamental, e pautam sua atuação em torno de reivindicações imediatistas. Por issoaponta-se que, embora seja um espaço de interlocução e articulação política, interferindodireta ou indiretamente na alocação dos recursos para o setor (ao menos pressionando osgestores no que diz respeito à transparência no acesso às informações) essa interferência tendea ser bastante limitada, tanto pela forma de apresentação (complexidade da prestação decontas, artifícios contábeis etc.) quanto pelo despreparo dos conselheiros para lidar com essasinformações. Na tradição política brasileira os bens públicos costumam ser tratados como“bens do governo”, e não da sociedade – o que leva à sua administração a, muitas vezes,privilegiar interesses clientelísticos ou não públicos. A possibilidade de controle social sobreas ações do Estado, incluindo a construção do orçamento e controle dos gastos financeirosassim ainda está, na grande maioria dos municípios, em estágios iniciais de construção. Mas aimportância estratégica da questão informacional para o correto exercício do controle social éenfatizada por Silva, Cruz e Melo (2007); e os eventos ligados à área, como ConferênciasMunicipais, Estaduais e Federais, bem como outros encontros, têm a finalidade de auxiliaressa construção.O arcabouço legal da área de saúde está praticamente concluído desde 1990, o que nãosignifica que os problemas do setor desapareceram – as intenções superam largamente asrealizações, como se pode depreender das estatísticas nacionais de moléstias e outros agravosà saúde. Embora muitos esforços tenham sido feitos o quadro sanitário brasileiro ainda ébastante precário. Exemplificando: na década de 80 a malária atingiu mais de 400.000brasileiros; o parasito da doença de Chagas está presente em 16 Estados, colocando cerca de20 milhões de pessoas em contato com o barbeiro; 6 milhões de pessoas são portadoras deesquistossomose. Os dados referentes aos agravos à saúde, além disso, apresentam extremavariabilidade, segundo as regiões do país e a renda dos seus habitantes. O SUS continuaevoluindo: as Normas Operacionais Básicas 93 e 96 (que começou a operar em janeiro de1998) reforçam princípios ligados à municipalização e a fixação de tetos financeiros, mas adinâmica do setor tem de ser compreendida dentro da lógica do Estado, que inclui diversosoutros problemas de ordem política, social e macroeconômica.Apesar dos resultados parcialmente relevantes, para alguns estudiosos da área o SUS“é uma idéia generosa, mas que não se materializou na prática social” (MENDES, 2006,p.93), devendo antes ser considerado, ainda, um processo social em construção. Para tanto,para esses é necessário deixar de sobrevalorizar os princípios de ordem político-ideológica, evalorizar a “economicidade” do sistema (MENDES, 2006).
139O conceito de sistemas de informação em saúde abrange um grande número deelementos, que vão desde a coleta, processamento, análise e disseminação das informaçõesrequeridas para a operação dos serviços de saúde até a definição de objetivos de melhoria,prevenção, planejamento e avaliação desses serviços.Do ponto de vista da tecnologia da informação o trabalho de Mascarenhas et al.(2005), analisando os resultados apresentados na modernização da gestão pública pelaintrodução deste tipo de tecnologia, afirma que as ações implementadas possibilitaminovações significativas, mas podem degenerar e perder a eficácia se as práticas não foremcomunicadas adequadamente e não convergirem para necessidades reais.Cândido e Abreu (2002) afirmam que a estratégia de implantação de novas tecnologiasde informação deve, assim, considerar o fato de que as organizações são um conjunto deindivíduos e grupos envolvidos em freqüentes e intensas relações internas e externas, o queleva à necessidade de considerar aspectos sócio-comportamentais como condição básica parao sucesso dessa implementação. Tanto o paradigma burocrático da gestão pública quanto oentendimento gerencial desconhecem essa compreensão, o que freqüentemente tem levado,segundo os autores, a experiências mal sucedidas.Hernandez e Caldas (2001) afirmam que as resistências internas são dos principaisfatores para o insucesso de implementações desse tipo, e propõem um modelo decompreensão que envolve a psicologia da percepção, o que contemplaria uma perspectiva deresistência individual à mudança, que teria impactos sócio-organizacionais. Esseentendimento representaria um patamar mais avançado na concepção de informação –significando um ponto de convergência entre o nível individual e o nível organizacional dagestão.No campo da saúde Moraes (1991) lembra que os sistemas de informação são sempreinstrumentos de uma política de saúde específica, que envolve interesses e conflitos eparticipa de uma dimensão de política maior que a da própria saúde. Villarosa, Tasca e Greco(1995) afirmam que a proposta de gestão dos sistemas de informação deve basear-se naflexibilidade para atender as especificidades do nível local aliada á capacidade de gerarinformações relevantes para a dimensão da gestão e à participação da sociedade organizada.Santos (1996) afirma que a participação dos diversos atores sociais significa umredimensionamento dos espaços de poder e que, portanto, as discussões acerca do controlesocial, visto que a saúde coletiva é um bem público, remete a uma discussão maior acerca dasrelações entre Estado e sociedade.
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138gover<strong>na</strong>mental, e pautam sua atuação em torno de reivindicações imediatistas. Por issoaponta-se que, embora seja um espaço de interlocução e articulação política, interferindodireta ou indiretamente <strong>na</strong> alocação dos recursos para o setor (ao menos pressio<strong>na</strong>ndo osgestores no que diz respeito à transparência no acesso às informações) essa interferência tendea ser bastante limita<strong>da</strong>, tanto pela forma de apresentação (complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> prestação decontas, artifícios contábeis etc.) quanto pelo despreparo dos conselheiros para li<strong>da</strong>r com essasinformações. Na tradição política brasileira os bens públicos cost<strong>uma</strong>m ser tratados como“bens do governo”, e não <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de – o que leva à sua administração a, muitas vezes,privilegiar interesses clientelísticos ou não públicos. A possibili<strong>da</strong>de de controle social <strong>sob</strong>reas ações do Estado, incluindo a construção do orçamento e controle dos gastos fi<strong>na</strong>nceirosassim ain<strong>da</strong> está, <strong>na</strong> grande maioria dos municípios, em estágios iniciais de construção. Mas aimportância estratégica <strong>da</strong> questão informacio<strong>na</strong>l para o correto exercício do controle social éenfatiza<strong>da</strong> por Silva, Cruz e Melo (2007); e os eventos ligados à área, como ConferênciasMunicipais, Estaduais e Federais, bem como outros encontros, têm a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de auxiliaressa construção.O arcabouço legal <strong>da</strong> área de <strong>saúde</strong> está praticamente concluído desde 1990, o que nãosignifica que os problemas do setor desapareceram – as intenções superam largamente asrealizações, como se pode depreender <strong>da</strong>s estatísticas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de moléstias e outros agravosà <strong>saúde</strong>. Embora muitos esforços tenham sido feitos o quadro sanitário brasileiro ain<strong>da</strong> ébastante precário. Exemplificando: <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> de 80 a malária atingiu mais de 400.000brasileiros; o parasito <strong>da</strong> doença de Chagas está presente em 16 Estados, colocando cerca de20 milhões de pessoas em contato com o barbeiro; 6 milhões de pessoas são portadoras deesquistossomose. Os <strong>da</strong>dos referentes aos agravos à <strong>saúde</strong>, além disso, apresentam extremavariabili<strong>da</strong>de, segundo as regiões do país e a ren<strong>da</strong> dos seus habitantes. O SUS continuaevoluindo: as Normas Operacio<strong>na</strong>is Básicas 93 e 96 (que começou a operar em janeiro de1998) reforçam princípios ligados à municipalização e a fixação de tetos fi<strong>na</strong>nceiros, mas adinâmica do setor tem de ser compreendi<strong>da</strong> dentro <strong>da</strong> lógica do Estado, que inclui diversosoutros problemas de ordem política, social e macroeconômica.Apesar dos resultados parcialmente relevantes, para alguns estudiosos <strong>da</strong> área o SUS“é <strong>uma</strong> idéia generosa, mas que não se materializou <strong>na</strong> prática social” (MENDES, 2006,p.93), devendo antes ser considerado, ain<strong>da</strong>, um processo social em construção. Para tanto,para esses é necessário deixar de <strong>sob</strong>revalorizar os princípios de ordem político-ideológica, evalorizar a “economici<strong>da</strong>de” do sistema (MENDES, 2006).