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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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113A particulari<strong>da</strong>de cultural pode ser observa<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> linguagem, mediadora porexcelência <strong>da</strong>s concepções de mundo. E é através dessa linguagem – sintética, objetiva,orde<strong>na</strong>dora – que a visão unidimensio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> medicaliza<strong>da</strong> se faz hegemônica. Porémessa visão ignora as condições de produção <strong>da</strong> linguagem – também um fenômeno social.Para Araújo (2003), <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, as visões do médico e do leigo se interpenetram, masem <strong>uma</strong> perspectiva em que a segun<strong>da</strong> – ain<strong>da</strong> que incorpora<strong>da</strong>, é margi<strong>na</strong>liza<strong>da</strong>. Seria lícito,portanto, afirmar que as representações <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> se configuram em um campo de luta política,que extrapola a dimensão individual ou os aspectos biopsicofisiológicos. Trata-se de <strong>uma</strong>representação que atinge o nível <strong>da</strong> abrangência social, bem como <strong>uma</strong> dimensão histórica.Oliveira (2003) afirma que a relação entre ciência e senso comum remete à questão <strong>da</strong>divulgação do conhecimento científico para um público além <strong>da</strong>quele estritamenteespecializado. Na área <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> a divulgação dos saberes compreende todos os processos decomunicação que ocorrem no contato entre o médico e os demais atores envolvidos noprocesso – o que envolve desde outros profissio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> até a mídia de massa e asocie<strong>da</strong>de em geral. Entre os campos envolvidos estão desde a prescrição individual até achama<strong>da</strong> educação sanitária ou educação para a <strong>saúde</strong> (ARAÚJO, 2003)Essa discussão não pode, no entanto, prescindir de <strong>uma</strong> reflexão acerca <strong>da</strong>smetodologias de produção e formas de apropriação do conhecimento científico. De fato, élícito supor que exista <strong>uma</strong> tensão entre a regulação e a emancipação social como decorrênciadesse conhecimento. A ca<strong>da</strong> dia a ciência está mais inseri<strong>da</strong> no cotidiano <strong>da</strong>s pessoas,passando também a compor sua cultura e seu arse<strong>na</strong>l cognitivo.Dessa forma o conceito antropológico de experiência <strong>da</strong> enfermi<strong>da</strong>de, discutido notópico acima ganha um novo significado, implicando em um determi<strong>na</strong>do status para oindivíduo doente. Morais (2004) adverte que se tomarmos o exemplo <strong>da</strong> divulgação científica,um sem número de problemas podem ser apontados, tanto pela especifici<strong>da</strong>de do tema quantopela visão sacraliza<strong>da</strong> que se criou em torno <strong>da</strong> ciência, o que implica em tecnicismo e emdecisões de poder disfarça<strong>da</strong>s de comunicação institucio<strong>na</strong>l.Desta maneira a racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de instrumental se apropria <strong>da</strong> linguagem dentro de <strong>uma</strong>lógica que compreende relações de poder. A ativi<strong>da</strong>de política transforma-se em “tarefastécnicas resolúveis administrativamente” (HABERMAS, 1988).Assim, segundo este autor, tor<strong>na</strong>-se necessária <strong>uma</strong> razão que não seja instrumento dedomi<strong>na</strong>ção, mas de democracia: a razão comunicativa. A razão comunicativa alcança a esfera<strong>da</strong> interação entre sujeitos, marca<strong>da</strong> por simbolismo e subjetivismo, experiências pessoais e acontextualização dialógica de agentes lingüísticos.

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