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Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

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111Gomez (2001) ressalta que para Foucault a máqui<strong>na</strong> epistemológica e suas operaçõesde demarcação tiveram <strong>uma</strong> esfera de ação bem maior que os espaços formais <strong>da</strong>s academiase as instituições de pesquisa. Para Foucault (1982), o que em Bakhtin foi definido comocondições de produção do discurso resvalou para a análise <strong>da</strong>s instituições discursivas(privilegiando seus aparelhos).É nesse contexto que Moraes (2002) afirma que as atuais bases informacio<strong>na</strong>is <strong>na</strong> área<strong>da</strong> <strong>saúde</strong> constituem o efeito de <strong>uma</strong> ampliação do olhar médico <strong>sob</strong>re o corpo dos indivíduos,instituindo o que é desig<strong>na</strong>do, <strong>sob</strong> a base teórica de Foucault (1980), de “biopoder”. Ostrabalhos em Ciência <strong>da</strong> <strong>Informação</strong> no campo <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> ain<strong>da</strong> não teriam incorporado demaneira satisfatória essas reflexões.Barreto (1994) caminha nesse sentido quando afirma: [...] ”estoques institucio<strong>na</strong>is deinformação, processados, gerenciados e controlados para uso político e econômico constituem<strong>uma</strong> infocontextura que convive e permeia <strong>uma</strong> superestrutura de informação [...] Assim,quem detém a proprie<strong>da</strong>de dos estoques de informação determi<strong>na</strong> a sua distribuição econdicio<strong>na</strong> potencialmente a produção do conhecimento”. Foucault (1982) chama a atençãopara essa dimensão. Para este autor, no entanto, poder não é “algo que se tem ou não” – sãopráticas e relações que se exercem de forma complexa <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de.Para Moraes (2002) a constituição organizativa <strong>da</strong> informação em <strong>saúde</strong> é – nessesentido, expressão desse complexo processo de micropoderes, tendo um papel importante <strong>na</strong>fun<strong>da</strong>mentação de dispositivos de vigilância, materializando-se em técnicas de domi<strong>na</strong>çãomais ou menos sutis. Para essa autora saber quantos <strong>na</strong>scem, de qual sexo, quantos filhos têm,de qual sexo, como adoecem e morrem, etc. constituem exemplos de constituição dedispositivos informacio<strong>na</strong>is <strong>sob</strong>re o corpo dos indivíduos, <strong>uma</strong> tecnologia de controledissemi<strong>na</strong><strong>da</strong> pelas práticas de ca<strong>da</strong>stramento e qualificação. Assim, as instituições de <strong>saúde</strong>ampliam e <strong>da</strong>talham seus acervos informacio<strong>na</strong>is <strong>sob</strong>re a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas, constituindo-sepotencialmente em um dispositivo discipli<strong>na</strong>r.Para Bourdieu (1983) o discurso científico deveria referen<strong>da</strong>r suas condições sociaisde produção através <strong>da</strong> noção de campo científico enquanto locus de disputa pelo monopólio<strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de científica – o que envolve legitimi<strong>da</strong>de, capaci<strong>da</strong>de técnica e poder social.A problemática <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> pública coloca em evidência essa questão no que diz respeitoà informação e ao conhecimento. Essa discussão diz respeito ao tipo de discurso tor<strong>na</strong>do“oficial” pela prática médica e tor<strong>na</strong>do “político” pela Epidemiologia – ramo <strong>da</strong> ciênciamédica que subsidia as ações em <strong>saúde</strong> <strong>na</strong> esfera social. Trata-se <strong>da</strong> “cientifização” <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> –isto é, do discurso médico tor<strong>na</strong>do objetivo e <strong>na</strong>tural – e suas possíveis consequências <strong>sob</strong>re

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