21.07.2015 Views

Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

Informação na Gestão Pública da saúde sob uma ótica ... - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

109variáveis com a <strong>saúde</strong>.Silveira (2000) investigando doenças nervosas entre as mulheres de <strong>uma</strong> comuni<strong>da</strong>depesqueira no Sul do Brasil em <strong>uma</strong> perspectiva que abrange o conceito de doença e a vi<strong>da</strong>social (<strong>uma</strong> “antropologia <strong>da</strong> <strong>saúde</strong>” ou “<strong>da</strong> medici<strong>na</strong>”) consegue abarcar as expressõescorporais e problemas com a vi<strong>da</strong> afetiva, em sua íntima relação com os problemas,majoritariamente femininos, de “ataque de nervos”. Segundo a autora a construção médicadessa doença não é simplesmente “técnica”, mas sócio-cultural. A compreensão antropológicadessa disfunção lança <strong>uma</strong> luz diferencia<strong>da</strong> em um fenômeno que os médicos cost<strong>uma</strong>mrotular genericamente como “histeria”, e a terapêutica usual são os “calmantes”. O método decoleta de informações – a <strong>na</strong>rrativa – compreende <strong>uma</strong> vertente clínica, sócio-cultural e,inevitavelmente, psicológica. O discurso <strong>da</strong> doença, contido nos relatos, pode ser tratado pelaciência <strong>da</strong> informação <strong>sob</strong> um olhar antropológico similar – informação não somentediscursiva, mas também corporal e sensível. A enfermi<strong>da</strong>de, <strong>uma</strong> somatização de problemasmanifesta<strong>da</strong>, segundo a autora, majoritariamente por mulheres, tem forte conexão com o meiosocial e cultural, percebendo o corpo como elemento não somente biológico, mas tambémsócio-cultural. Segundo a autora, a prática clínica e o corpo científico <strong>da</strong> medici<strong>na</strong>, baseadosno paradgima cartesiano, é incapaz de perceber em extensão e profundi<strong>da</strong>de, to<strong>da</strong>s asvariáveis envolvi<strong>da</strong>s no processo <strong>saúde</strong>-doença, como gênero, afetivi<strong>da</strong>de, representaçõessociais, preconceitos etc., à medi<strong>da</strong> que o cinismo (expressão de Carapinheiro, 1993) <strong>da</strong>profissão afasta o médico do paciente e o aproxima, ca<strong>da</strong> vez mais, <strong>da</strong> patologia.Bonet (2004) percebe a antropologia em outro momento <strong>da</strong> <strong>saúde</strong>: a formação domédico. Os “<strong>na</strong>tivos” a serem pesquisados são os estu<strong>da</strong>ntes de medici<strong>na</strong>, que posicio<strong>na</strong>m-seentre o “cinismo”, acima mencio<strong>na</strong>do, presente em sua formação, e o exercício <strong>da</strong> profissão,onde empatia, afeto e compaixão fazem-se presentes. O equilíbrio entre o “profissio<strong>na</strong>l” e o“h<strong>uma</strong>no” é deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> formação no modelo biomédico, onde o hospital, tanto comoinstituição de ensino como de tratamento, é um “teatro” no modelo interacionista de Goffman,e o período de residência médica, um momento de aprendizagem dessa representação.Para Silveira (2000) o olhar antropológico <strong>na</strong> questão <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> diferencia-se do olharbiomédico porque não universaliza a doença – ao contrário, a cultura a condicio<strong>na</strong>, assimcomo condicio<strong>na</strong> o modo de adoecer. A antropologia <strong>da</strong> <strong>saúde</strong>, segundo a autora oscila entreduas tendências: <strong>uma</strong>, hermenêutica, que privilegia a interpretação <strong>da</strong> doença; e outra, crítica,que discute prioritariamente a questão do poder e seus desdobramentos.No Brasil Monteiro e Maio (2005) discutindo as relações entre raça e etnia paracompreender, entre outras coisas, as deman<strong>da</strong>s acerca <strong>da</strong> “<strong>saúde</strong> <strong>da</strong> população negra”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!