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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200894um casaco (corpo <strong>de</strong> valor) em equivalência com qualquer outra mercadoria ou moeda em umcircuito <strong>de</strong> consumo 153 . Este <strong>processo</strong>, não i<strong>se</strong>nto <strong>de</strong> muita <strong>se</strong>nsualida<strong>de</strong>, narrado por Marx temsua centralida<strong>de</strong> na transformação <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> uso em valor e <strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>sdobrado em valor <strong>de</strong>troca potencializado na fetichização <strong>de</strong>ste último.Meu argumento <strong>se</strong> solidariza ao <strong>de</strong> STALLYBRASS. Acredito, pois, que o fetichismo damercadoria po<strong>de</strong>ria <strong>se</strong>r encarado como uma estratégia discursiva intersubjetiva (ou dialógica)entre homens e mulheres com o mundo social e histórico que os cerca. Esta estratégiaencontraria nos objetos/mercadorias os suportes para materializar, narrar e confrontar comoutras narrativas igualmente materializadas em outros objetos/mercadorias as experiênciasvividas contextualmente e intercontextualmente, o que <strong>de</strong>slocaria a noção <strong>de</strong> alienação oumediação surda e fantasmagórica entre as interações sociais e o trabalho humano. Esteargumento relocaliza (ou mesmo <strong>de</strong>sloca) a formulação da noção <strong>de</strong> fetichismo realizada porMARX, a saber: “O misterioso da forma mercadoria consiste, portanto, simplesmente em queelas refletem aos homens as características sociais <strong>de</strong> <strong>se</strong>u próprio trabalho como característicasobjetivas dos produtos mesmo do trabalho, como proprieda<strong>de</strong>s naturais sociais <strong>de</strong>stas coisas e,daí, reflete também as relações sociais dos produtores com o trabalho conjunto como umarelação existente fora <strong>de</strong>les, entre objetos” 154 .Ao (re)configurar a relação <strong>de</strong> homens e mulheres com as mercadorias, ou <strong>se</strong>ja, ofetichismo da mercadoria marxiano, como instância performática das interações sociais, entendoa objetualida<strong>de</strong> das mercadorias (e sua objetivida<strong>de</strong>, objetivação e subjetivação 155 ) não somentecomo os topos e tropos mediáticos das relações sociais, mas, sim, como coisas em contínuosfluxos <strong>de</strong> mercantilização e <strong>de</strong>smercantilização. Explicito, pois, os <strong>se</strong>ntidos do <strong>de</strong>slocamento daforma objeto-como-mercadoria à sua forma <strong>de</strong> objetos-como-memória, e o retorno àquela e maisuma vez a esta, inúmeras vezes, como dispositivos que, <strong>de</strong> alguma forma, <strong>de</strong>finem a<strong>se</strong>stratégias <strong>de</strong> atualização biográfica <strong>de</strong> homens, mulheres e coisas.Neste contínuo mover-<strong>se</strong> no espaço social, naquele econômico e nas formas <strong>de</strong> uso,configuram-<strong>se</strong> as formas por meio das quais é possível contar histórias, explicitar fórmulas153 Todo este movimento é narrado por Marx no primeiro capítulo <strong>de</strong> “O Capital”, especialmente quando trata dasformas <strong>de</strong> valor e suas alterações <strong>de</strong> forma simples à forma dinheiro. I<strong>de</strong>m. p.33-67.154 I<strong>de</strong>m. p. 69.155 Com relação a estas noções <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong>, objetualida<strong>de</strong>, objetivação e subjetivação, ver MANDOKI, Katya.(2006) op. cit. Estas categorias <strong>se</strong>rão explicitadas no próximo capítulo, on<strong>de</strong> analiso a partir da objetualida<strong>de</strong>, ou<strong>se</strong>ja, o que MADOKI chama coisida<strong>de</strong>, a produção material dos artesãos (ãs) <strong>se</strong>us significados objetivos esubjetivos ou intersubjetivos.

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