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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200883justifica a permanência <strong>de</strong> uma noção <strong>de</strong> “essência popular tradicional”. Uma vez que os homen<strong>se</strong> mulheres que “povoam” estes textos são fantasmagóricos ou alegóricos.Esta instauração <strong>de</strong> significados historicamente atribuídos aos sistemas <strong>de</strong> objetosartesanais e legitimados por uma teoria social, ata as manifestações artesanais especialmente eas da cultura popular <strong>de</strong> uma forma geral, a conteúdos irremovíveis e homogêneos. Estesconteúdos, que configuram a repre<strong>se</strong>ntação artesanal e dirigem uma performativida<strong>de</strong> popular,anula suas possibilida<strong>de</strong>s transformadoras, como expostas por FERNANDES, ROUCH e outros.Resulta disso, o or<strong>de</strong>namento e a hierarquização das suas partes, dando à cultrua popular – e,especialmente ao artesanato - forma e direção. Ou <strong>se</strong>ja, distanciando o (a) autor (a) das práticassociais, ou o agente das formas sociais <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> objetos, da historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>se</strong>u estar nomundo, aqueles or<strong>de</strong>namentos imprimiem tanto na carne <strong>de</strong>stes sujeitos quanto na matéria dosobjetos um conteúdo inalterável, universal. Este <strong>processo</strong> permite, <strong>de</strong>veras, somente sondar “na”alma do povo! Isso, talvez, possa <strong>se</strong>r uma possível chave <strong>de</strong> entendimento <strong>sobre</strong> a fragilida<strong>de</strong><strong>de</strong>sta indústria, e, <strong>sobre</strong>tudo da pouca investigação a respeito do fenômeno econômico artesanalno Brasil, ainda hoje.Como uma aproximação às manifestações culturais brasileiras sob a perspectiva <strong>de</strong> umapossível economia simbólica do artesanato – como reivindico, cito o texto <strong>de</strong> RIBEIRO 127 <strong>sobre</strong>as políticas públicas para a in<strong>se</strong>rção da produção artesanal indígena em um circuito <strong>de</strong> consumocultural e suas con<strong>se</strong>qüências. Neste texto, RIBEIRO analisa as políticas que o Serviço <strong>de</strong>Proteção ao Índio, Orgão do Governo Brasileiro, lançou mão para resolver a questão <strong>de</strong>empobrecimento material e cultural <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s Karajá, no Centro-Oeste brasileiro.A proposta adotada pela FUNAI foi estimular a industrialização da boneca Karajá eviabilizar sua circulação e consumo através das lojas Arteíndia – lojas <strong>de</strong> “arte indigena” ouétnica organizadas/gerenciadas pela FUNAI, localizadas nos mais importantes aeroportosinternacionais brasileiros durante as décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980 128 . O objetivo <strong>se</strong>ria o estímulo àprofissionalização da produção, somado à valorização <strong>de</strong>stes objetos e sua venda com alto valor127 RIBEIRO, Berta. Artesanato Indígena: para que, para quem? In: FUNARTE (1983) O Artesão Tradicional e <strong>se</strong>uPapel na Socieda<strong>de</strong> Contemporânea. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FUNARTE/Instituto Nacional do Folclore.128 Este projeto <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um circuito <strong>de</strong> circulação e consumo do sistema <strong>de</strong> objetos artesanaisindígenas/étnicos com abrangência Fe<strong>de</strong>ral foi replicado no âmbito das políticas culturais/públicas nos EstadosBrasileiros. Guardando as especificida<strong>de</strong>s regionais, surgiram as lojas estatais <strong>de</strong> artesanato indígena, ou centros<strong>de</strong> arte/artesanato regionais. Este <strong>se</strong>ria um importante tema para a investigação <strong>sobre</strong> as políticas públicasrelacionadas à economia simbólica do artesanato. Um exemplo é a loja <strong>de</strong> artesanato Waimiri-Atroari em Manaus,Estado do Amazonas, Brasil, criada em meados da década <strong>de</strong> 1980, como uma política estatal para incrementar acirculação da produção <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong>sta etnia <strong>de</strong>slocada pelos projetos <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimentistas para geração <strong>de</strong>energia hidro-elétrica no norte do país.

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