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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200881equilíbrio e <strong>se</strong>renida<strong>de</strong>, na medida em que in<strong>se</strong>rem e pre<strong>se</strong>rvam, no ambiente tumultuoso dacida<strong>de</strong>, algo que dá amparo emocional e moral à sua personalida<strong>de</strong> 121 .Uma percepção similar a que ROUCH 122 lançou mão para explicar a reorganizaçãopsíquica <strong>de</strong> jovens migrantes no momento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização do Congo, na África, nos anos <strong>de</strong>1940 e 1950. Por meio da recriação <strong>de</strong> rituais, ou <strong>de</strong> uma memória ritual materializada em outraperformance que envolvia tanto elementos <strong>de</strong> cultos tradicionais quanto <strong>de</strong> cerimônias militarescoloniais, aqueles jovens (re)significavam a fragmentação experienciada pelo <strong>se</strong>u <strong>se</strong>lf,encenando uma violenta reor<strong>de</strong>nação da experiência urbana (mo<strong>de</strong>rnizada) vivida em códigossimbólicos possíveis, legíveis e <strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m (tradicionais).Ao que parece, FERNANDES narra o mesmo movimento <strong>de</strong> alteração/i<strong>de</strong>ntificaçãovivenciado pelas camadas populares paulistanas em um momento histórico. Para este autor, ofolclore (cultura popular) possuía potência criativa que estava longe da simples transmisão <strong>de</strong>formas <strong>de</strong> estar e atuar no mundo, mas para além <strong>de</strong>las, concorria – muitas vezes <strong>de</strong> formaimperceptível e acanhada – com as forças que (re)construía o novo cosmos social da cida<strong>de</strong>.Tanto em FERNANDES quanto em ROUCH, o que <strong>se</strong> percebe nos grupos investigados– jovens africanos e camadas populares paulistanas - foi a construção <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong>fortalecimento das disposições psicossociais <strong>de</strong> forma flexível e plástica, para com isso encarara renovação cultural. A sustentação para esta estratégia <strong>se</strong> <strong>de</strong>u, em ambos os exemplos,através da con<strong>se</strong>rvação e/ou (re)construção <strong>de</strong> aspectos “tradicionais” (ou da cultura popular)que permitiram alguma estabilida<strong>de</strong> em meio ao voraz movimento mo<strong>de</strong>rnizador.Outra fonte são as investigações <strong>sobre</strong> o folclore, arte e cultura popular brasileirarealizadas no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN e no Mu<strong>se</strong>u Nacionaldo Folclore 123 . Ambas as instituições são campos férteis para levantamentos bibliográficos erevisão críticas dos <strong>se</strong>us acervos e centros <strong>de</strong> documentação. Fato que nos ajudaria a i<strong>de</strong>ntificar121 FERNANDES, Florestan (2004) op. cit. p. 27.122 Conferir o belissimo filme etnográfico ROUCH, Jean (1955) Os mestres loucos. França. Cor. 16/35 mm. 30’.123 Remeto aos acervos mantidos por ambas as instituições. Estes acervos <strong>se</strong> constituem <strong>de</strong> te<strong>se</strong>s <strong>de</strong> doutorado emestrado, publicações <strong>de</strong> investigações financiadas pelas instituições, publicações estrangeiras <strong>sobre</strong> a temática dacultura popular e temas relacionados, somado a isso registros sonoros e visuais (fotografia e ví<strong>de</strong>o), ainda nãodivulgados intensamente, ou ainda por <strong>se</strong>rem analisados. Minhas incursões a estas instituições resumem-<strong>se</strong> aomaterial obtido via contato direto com a biblioteca do Mu<strong>se</strong>u do Folclore e com técnicos do IPHAN, especialmenteàs Revistas do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o número <strong>de</strong>dicado à Arte e Cultura Popular, Revista doPatrimônio Histórico Artístico Nacional. N. 28, 1999; e aos textos <strong>de</strong> VILHENA, Luís Rodolfo (1997) Projeto eMissão. O movimento folclórico brasileiro (1947-1964). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fundação Getúlio Vargas/Funarte; CNFCP;FUNARTE (2000) Cultura Material: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>processo</strong>s sociais. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FUNARTE: CNFCP. (SérieEncontros e Estudos; 3).

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