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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200875cordial e mestiço, comenta que os ofícios no Brasil colonial sofriam pela falta <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, eao contrário do que acontecia na Europa, on<strong>de</strong> eram passados <strong>de</strong> geração a geração, aqui a“infixi<strong>de</strong>z” era a característica dos trabalhos rurais e isso motivado pela atração dostrabalhadores brasileiros pelo ganho fácil 108 .BUARQUE DE HOLANDA, ao comentar <strong>sobre</strong> a circulação e consumo <strong>de</strong> bens, afirmaque estes – circulação e consumo - apre<strong>se</strong>ntavam um panorama caótico e não especializado,visto que era possível comprar tanto ferraduras em um boticário como vomitórios em um ferreiro.É certo que este intelectual tem sua visão marcada/limitada pelas teorias sociológicas <strong>de</strong> <strong>se</strong>utempo, como um tipo <strong>de</strong> evolucionismo cultural e a confiança em uma ciência positiva. O queexige distanciamento teórico e epistemológico a respeito do que <strong>se</strong> po<strong>de</strong>ria enten<strong>de</strong>r pori<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s laborais, como a <strong>de</strong> artesão (ã), ou sistemas <strong>de</strong> objetos, como o artesanato, oumesmo <strong>sobre</strong> suas formas <strong>de</strong> produção-circulação-consumo, em um país como o Brasil colonial,ao <strong>se</strong>r interpretado nas primeiras décadas do século XX.A partir dos anos da década <strong>de</strong> 1920 e consolidando-<strong>se</strong> naqueles das décadas <strong>de</strong> 1930e 1940, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, ao atuar como folclorista amador (como ele mesmo dizia),empreen<strong>de</strong>u importantes contribuições para o entendimento da cultura popular no Brasil e,con<strong>se</strong>qüentemente, para a história do folclore brasileiro, a saber: assumiu a postura <strong>de</strong>pesquisador erudito, foi influenciador/animador, e, muitas vezes, orientador <strong>de</strong> jovens folclorista<strong>se</strong> longe <strong>de</strong> uma limitada e romântica visão a respeito das coisas do povo (sua poesia, literatura emúsica especialmente), ensaiou os métodos para a ob<strong>se</strong>rvação, catalogação e interpretação <strong>de</strong>temas distintos, como o folclore musical, o infantil, o negro, a escatologia popular, entre outros.Entre 1927 e 1929, Andra<strong>de</strong> aventura-<strong>se</strong> a<strong>de</strong>ntro do território brasilerio, no que elechamou <strong>de</strong> “colheita folclórica”. De acordo com SANDRONI, foi durante a <strong>se</strong>gunda viagem (<strong>de</strong>1929) quando Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, uma vez no Recife, Estado <strong>de</strong> Pernambuco, batiza suaaventura <strong>de</strong> “etnográfica” e, nesta oportunida<strong>de</strong>, toma nota “com todo o escrúpulo [<strong>de</strong>] centenas<strong>de</strong> melodias cantadas (e, em alguns casos, repetidas inúmeras vezes a <strong>se</strong>u pedido) por pessoas107 BUARQUE <strong>de</strong> HOLANDA, Sergio (1995) Raizes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras.108 “poucos indivíduos sabiam <strong>de</strong>dicar-<strong>se</strong> a vida inteira a um só mister <strong>se</strong>m <strong>se</strong> <strong>de</strong>ixarem atrair por outro negócioaparentemente lucrativo. E ainda mais raros <strong>se</strong>riam os casos em que um mesmo ofício perdurava na mesmafamília por mais <strong>de</strong> uma geração, como acontecia normalmente em terras on<strong>de</strong> a estratificação social alcançavamaior grau <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>. Era este um dos sérios empecilhos à constituição, entre nós, não só <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iroartesanato, mas ainda <strong>de</strong> oficiais suficientemente habilitados para trabalhos que requerem vocação <strong>de</strong>cidida e longotirocínio” BUARQUE DE HOLANDA, Sergio (1995) op. cit. p. 59

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