20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008601.2. Aproximações e classificaçõesUtilizo os termos ateliê ou oficina para caracterizar a unida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>fine a organização socialdas formas <strong>de</strong> produção artesanal encontradas no contexto da investigação. Esta categoria tempor função proporcionar uma chave <strong>de</strong> compreensão a respeito <strong>de</strong>sta indústria e,con<strong>se</strong>qüentemente, da materialida<strong>de</strong> dos circuitos envolvidos na economia simbólica doartesanato.Entendo esta categoria a partir da noção Bakhtiniana <strong>de</strong> cronotopo. Esta tem a função<strong>de</strong> realizar a “fusão dos índices espaciais e temporais em um todo inteligível e concreto” 83 .Todavia, o elemento privilegiado no cronotopo é o tempo, isso porque a concepção <strong>de</strong> tempocarrega uma concepção <strong>de</strong> homem, gerando a cada nova temporalida<strong>de</strong>, uma nova noção <strong>de</strong>homem. O cronotopo torna-<strong>se</strong> útil, visto que nos <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>, ou <strong>de</strong>experimentar a atualização das práticas poéticas, produtivas, discursivas e simbólicasartesanais, <strong>de</strong><strong>se</strong>mboca na radical transformação do sujeito coletivo/público (o artesãoromântico), no sujeito individual/privado (o artesão-artista-capitalista), cuja experiência estámediada por um tempo individualizado e fragmentado em múltiplas esferas, em função <strong>de</strong> suastambém múltiplas vivências.A transformação pelas quais passa este sujeito (o/a artesão/ã) e configura o conflitoalteração/i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, é materializada nas estratégias <strong>de</strong> construção do espaço-tempo ateliê. Esteconflito é impulsionado pelas temporalida<strong>de</strong>s dos circuitos <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> bens simbólicos epelas disputas travadas pelos diferentes atores envolvidos na legitimação da indústria artesanalem um circuito <strong>de</strong> consumo cultural. Esta percepção converte o ateliê no cronotopo, em que astransformações, conflitos, tensões e alterações <strong>se</strong> processam, permitindo configurá-lo, tal qualum espaço privilegiado <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> <strong>se</strong>ntido, a respeito do <strong>se</strong>r tradicionalmente mo<strong>de</strong>rno oumo<strong>de</strong>rnamente tradicional.Por indústria, compreendo o conjunto das técnicas, ferramentas, instrumentos emáquinas que formam o sistema técnico da produção artesanal. Como explicitado por Mauss 84 ,a noção <strong>de</strong> indústria <strong>se</strong>ria <strong>de</strong>finida a partir do conjunto <strong>de</strong> atos ou gestos, e <strong>se</strong>usrealizadores/agentes, formas <strong>de</strong> fazer e produtos, que têm por objetivo um efeito mecânico,físico ou químico, mas, também, estético e ético, i.é., atos ou gestos com intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>83 AMORIM, Marília. In: BRAIT, Beth (org.) (2006) op. cit. p. 102.84 MAUSS, Marcel (2006) op. cit.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!