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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200849dos (as) narradores (as) e à forma conflitiva como estas experiências <strong>se</strong> refletem ou refratam naconstrução do conhecimento <strong>sobre</strong> as diferentes formas <strong>de</strong> viver, atuar e estar no mundocontemporâneo 61 .Nos capítulos <strong>de</strong>sta investigação, tenho por pretensão apre<strong>se</strong>ntar um texto dialógico, omáximo que a escritura formal da lingua portuguesa me permitir. Comento isso, por concordarcom OZ que a língua é, por sua estruturação lógica, um obstáculo à <strong>de</strong>scrição dos gestos/açõesque configuram ou organizam a experiência <strong>de</strong> construção do <strong>se</strong>lf. De forma a expor estaquestão este autor comenta: “As palavras precisam vir uma <strong>de</strong>pois da outra, ao passo que ariqueza <strong>de</strong> <strong>se</strong>nsações (...) acontecem uma <strong>de</strong>ntro da outra” 62 . Todavia, e ciente <strong>de</strong>staparticularida<strong>de</strong> do evento comunicativo materializado em palavras, acredito que a língua tambémé um meio privilegiado para tentar apreen<strong>de</strong>r este movimento interno às <strong>se</strong>nsações e <strong>se</strong>usconteúdos (<strong>se</strong>ntidos), como nos ensinou Bakhtin.Apre<strong>se</strong>ntarei, pois, fragmentos <strong>de</strong> narrativas; suas interpretações possíveis (minhas oudos próprios narradores), minhas ob<strong>se</strong>rvações (notas <strong>de</strong> campo), fragmentos <strong>de</strong> texto<strong>se</strong>tnográficos <strong>sobre</strong> o mesmo tema ou preocupações e os conceitos teóricos tomados <strong>de</strong> distintosautores e dos (as) próprios (as) narradores (as). Isso, inventando um esquema narrativo – ougênero - <strong>de</strong> um diálogo multivocal, ao modo Bakhtiniano. O texto, pois, não preten<strong>de</strong> <strong>se</strong>r umainterpretação plana, sob um ponto <strong>de</strong> vista, mas, sim, a justaposição <strong>de</strong> perspectivas queconcordam, e que também discordam; constroem possibilida<strong>de</strong>s, mas também as inviabilizam;produzem imagens, mas também as obscurecem; expõem, mas também exploram asdiscordâncias e tensões existentes.O exercício que me proponho po<strong>de</strong>ria <strong>se</strong>r resumido na forma <strong>de</strong> um (re)inventar-me naqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outro (um sujeito exotópico, permitindo a plasticida<strong>de</strong> da noção <strong>de</strong> exotopiabakhtiniana), ou <strong>se</strong>ja, situado em um lugar exterior e com a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “restituir ascondições <strong>de</strong> enunciação e <strong>de</strong> circulação que [conferem à narrativa] as múltiplas possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>se</strong>ntido” 63 . Aventuro, <strong>de</strong>sta maneira, numa estratégia que não emu<strong>de</strong>ça o (a) produtor (a) do61 Tenho por ba<strong>se</strong> as instigantes perguntas formuladas por GEERTZ em <strong>se</strong>u livro <strong>sobre</strong> a escrita antropológica ouainda aquelas propostas nos ensaios organizados por GROSSI <strong>sobre</strong> as experiências – subjetivas - <strong>de</strong> campo <strong>de</strong>três antropólogas. Remeto à GEERTZ, Clifford (2005) op.cit.; GROSSI, Miriam Pillar (org.) (1992) Trabalho <strong>de</strong>campo & subjetivida<strong>de</strong>. Florianópolis, SC: Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Antropologia Social PPGAS UFSC;conferir ainda BONETTI, Aline; FLEICHER, Soraya (orgs.) (2007) Entre saias justas e jogos <strong>de</strong> cintura.Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC.62 OZ, Amoz (2007) op. cit. p. 69.63 AMORIM, Marília. Cronotopo e exotopia. Im BRAIT, Beth (org.) (2006) op. cit. p. 98.

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