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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200842artesãos (ãs) entrevistados, apesar <strong>de</strong> <strong>se</strong> apre<strong>se</strong>ntarem como “<strong>de</strong> Florianópolis”, eramoriginários <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s ou mesmo <strong>de</strong> outros Estados brasileiros.O pertencimento ou i<strong>de</strong>ntificação com Florianópolis nestes (as) narradores (as) <strong>se</strong> <strong>de</strong>uem con<strong>se</strong>qüência do <strong>processo</strong> migratório, ou <strong>se</strong>ja, da modificação <strong>de</strong> performances do (a)migrante ao não migrante. Este <strong>processo</strong> vivido através <strong>de</strong> diferentes estratégias e em função <strong>de</strong>distintas motivações, como, por exemplo, os anos já vividos na cida<strong>de</strong>, do estabelecimento <strong>de</strong>laços familiares com nativos (casamento e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes) e do acesso a melhores oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> educação e trabalho, entre outros.Outra questão relacionada à origem dos entrevistados recai na manutenção dopertencimento relacionado a uma territorialida<strong>de</strong> geográfica original ou, ainda, doobscurecimento daquele pertencimento. Um exemplo do primeiro caso é Dona Maricota, nascidano continente, don<strong>de</strong> orgulhosamente olha para a Ilha. É curioso verificar que as peças <strong>de</strong>staartesã sustentam, nos meios <strong>de</strong> circulação e consumo (especialmente o cultural), o status <strong>de</strong><strong>se</strong>rem consi<strong>de</strong>radas as mais autênticas repre<strong>se</strong>ntações das “manifestações culturais” da Ilha.Mesmo ela não tendo vivido lá um só dia <strong>de</strong> sua vida. Ob<strong>se</strong>rvação que sugere uma maioratenção à questão da autencicida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>sta vinculada a uma territorialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida geograficae i<strong>de</strong>ologicamente.Com relação ao obscurecimento <strong>de</strong> um pertencimento originário, cito Dona Olinda e SeuPetrolino, para quem Florianópolis é o lugar (topos) da memória, por mais que Dona Olindatenha morado nesta cida<strong>de</strong> somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua infância e Seu Petrolino <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar amarinha. No entanto, para estes dois artesãos-artistas, as personagens, temas mo<strong>de</strong>lados e asmemórias, são <strong>de</strong>ste lugar escolhido e vivido muito mais visceralmente que para Edwilson, quemtem toda a vida passada em Florianópolis, e que obscurece este repertório <strong>de</strong> experiências,como uma estratégia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>.O estabelecimento ou esvaziamento do pertencimento a uma geografia origináriarelaciona-<strong>se</strong> conflitivamente a uma genealogia do fazer artesanal 52 e, expõe uma dinâmica entreo Continente e a Ilha que engloba artesãos (ãs) em outra espacialida<strong>de</strong> que transpassa asfronteiras geográficas municipais. Ao modo <strong>de</strong> aproximar dois movimentos <strong>de</strong>52 Ao refletir <strong>sobre</strong> uma genealogia do fazer artesanal relacionado a um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sterritorialização tenho em mentea reiterada afirmação <strong>de</strong> que Dona Maricota é a primeira e mais antiga artesã <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem folclórica, <strong>se</strong>ndoEdwilson e Resplendor, Olinda e Petrolino <strong>se</strong>us sucessores nesta linhagem ou genealogia da mo<strong>de</strong>lagem emFlorianópolis. Esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhagem é construída por diferentes atores da arena <strong>de</strong> disputas da economiapolítica e simbólica do artesanato/cultura popular, como os gestores <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> circulação cultural, os própriosartesãos (ãs), os meios massivos, entre outros.

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