20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200827que marcam a (re)elaboração simbólica e material daqueles objetos e <strong>de</strong> práticas sociais <strong>de</strong>produção-circulação-consumo.Ou <strong>se</strong>ja, configuro a partir <strong>de</strong>sta caracterização o “espaço” on<strong>de</strong> as disputas entredistintos repertórios políticos e culturais exigem (re)elaborações simbólicas, materiais,produtivas, estéticas e éticas das práticas artesanais recentes. Esta arena converte-<strong>se</strong>, assim,no “espaço” on<strong>de</strong> o (a) artesão (ã) negocia com diferentes agentes (artistas, críticos <strong>de</strong> arte,marchands, agentes governamentais, repre<strong>se</strong>ntantes dos meios massivos, intelectuais, entreoutros atores), às vezes ganhando, mas também per<strong>de</strong>ndo, questões relacionadas com aqualida<strong>de</strong> plástica das peças, quantida<strong>de</strong>s, preços, temas e tipos <strong>de</strong> peças a <strong>se</strong>rem produzidas.Estas questões disputadas funcionam como dispositivos, que legitimam e autorizam aparticipação do sistema <strong>de</strong> objetos artesanais em um tipo <strong>de</strong> história da arte “oci<strong>de</strong>ntal” 21 .Por outro lado, são igualmente negociadas as disputas pela mobilização e organizaçãopolítica, a constituição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s ou individualida<strong>de</strong>s autorais ou, ainda, a instituição <strong>de</strong> sua(<strong>de</strong>s)vinculação ao anonimato e a um tipo <strong>de</strong> tradição. Uma tradição entendida como dispositivotirânico <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento e estabilida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>fine as formas <strong>de</strong> fazer e obscurecem as escolha<strong>se</strong>stéticas individuais.Esta caracterização da arena <strong>de</strong> disputas, que configuram o fenômeno econômicoartesanal, possibilita entendê-lo ampliado a um campo aqui <strong>de</strong>nominado economia simbólica doartesanato. Na forma <strong>de</strong> fluxos, ou melhor, <strong>de</strong> circuitos 22 <strong>de</strong> trocas em que sua interpretação e21 Sobre a questão relacionada a instituição <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>s Tradições Artisticas ou mesmo a uma história da arteoci<strong>de</strong>ntal, estou <strong>de</strong> acordo com PRICE, e sua caracterização, a saber: “Po<strong>de</strong>riamos caracterizar o estudoacadêmico da arte como enfocando a vida e a obra <strong>de</strong> indivíduos específicos e a sucessão histórica <strong>de</strong> movimentosartísticos distintos. Assim, como a música, a literatura e o teatro, a história das artes visuais é apre<strong>se</strong>ntada como ummosaico <strong>de</strong> contribuições feitas por indivíduos criativos cujos nomes são lembrados, cujas obras sãoindividualizadas e cujas vidas pessoais e relação com um específico período histórico merecem nossa atenção.Igualmente notável é o <strong>de</strong>staque dado à dimensão histórica no estudo da arte visual; a maioria dos catálogosuniversitários que listam <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> música ou literatura comparada trazem a palavra ‘história’ no verbeterelativo à pintura, escultura ou arquitetura. Nossa própria conceituação <strong>de</strong> arte não po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r <strong>se</strong>parada <strong>de</strong> suacronologia histórica; com poucas exceções, o conhecimento abarcado pela rubrica ‘belas artes’ está situado na<strong>se</strong>qüência temporal <strong>de</strong> escolas sucessivas, <strong>de</strong>signadas em termos <strong>de</strong> séculos, e na progressão or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> estilo<strong>se</strong> interes<strong>se</strong>s estéticos”. PRICE, Sally (2000) Arte primitiva em centros civilizados. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora UFRJ.p.87.22 A referência ainda in<strong>se</strong>gura à noção <strong>de</strong> circuito no lugar daquela já utilizada pelos estudiosos das teorias daglobalização e do consumo, a saber: fluxo, tem por suporte minha a<strong>de</strong>são à proposta do Prof. Dr. Emili Prado, daUniversitat Autónoma <strong>de</strong> Barcelona, Espanha, para quem os fluxos comunicacionais e <strong>de</strong> consumo entre contextosglobais, estariam estabelecendo circuitos plásticos, todavia mapeáveis (<strong>se</strong>ndo possível inclusive sua cartografia) emlugar da expansão “livre” pensada e problematizada nos já clássicos estudos <strong>sobre</strong> a globalização e um tipo <strong>de</strong>consumo global. Conferir PRADO, Emili (2007) Comunicación entre hispanohablantes: mercados y políticasculturales (España, América Latina y Estados Unidos). Ponencia proferida no marco do Taller-Diálogos: “ConflictosInterculturales” que <strong>se</strong> <strong>de</strong>u no Centro Cultural <strong>de</strong> España – México, nos dias 25 e 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007, na Cida<strong>de</strong>do México (notas pessoais).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!