20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008257ingênuo marca as estratégias <strong>de</strong> in<strong>se</strong>rção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> objetos artesanais no circuito <strong>de</strong>circulação simbólica/cultural. Não <strong>se</strong>ndo romântico para preten<strong>de</strong>r a pre<strong>se</strong>rvação <strong>de</strong> umaobjetualida<strong>de</strong> surda ou míope às tensões e fraturas que o cosmos recente impõe à culturapopular, acredito que esta atualização radical das narrativas populares, em função <strong>de</strong> <strong>se</strong>uconsumo como objeto <strong>de</strong> arte, gera o apagamento <strong>de</strong> dispositivos eficazes <strong>de</strong> crítica política, e<strong>de</strong>sloca igualmente espaços <strong>de</strong> circulação e discussão <strong>sobre</strong> as questões que influenciam a vidadas gentes e das coisas, ou <strong>se</strong>ja, elimina-<strong>se</strong> a praça pública como palco, palanque, cenário dasdisputas e integração societária. Todavia, sou levado a crer que, da mesma forma que aspersonagens da performance dramática do boi são questionadas por outras personagens que(re)aparecem na história, confirmando a potência do <strong>de</strong>stronamento e da crítica <strong>de</strong> si e do outro,o <strong>de</strong>stronamento das objetualida<strong>de</strong>s monológicas, estáticas e belas, em algum momentoacontecerá. Que <strong>se</strong>ja movimento recorrente, tenha po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mudança e possibilite a novida<strong>de</strong>.Certamente, estes movimentos pressionam a lógica interna das formas <strong>de</strong> produçãoartesanal, sua organização e constituição. Estes conflitos abrem (e abrirão) fraturas quepossibilitam às formas sociais <strong>de</strong> produção artesanal negociarem os tempos do costume e atransformação das tradições, inclusive criando outras (novas) formas <strong>de</strong> estar e viver o mundorecente. A<strong>de</strong>mais, este é o movimento <strong>de</strong><strong>se</strong>jado. Contudo, a partir da análi<strong>se</strong> dos <strong>de</strong>slocamento<strong>se</strong> fraturas que encontrei, <strong>de</strong>vo admitir (<strong>se</strong>ndo solidário a outros pesquisadores das culturaspopulares, como GOOD ESHELMAN) que não tenho certo <strong>se</strong> estas dinâmicas colaboram para asuperação da subordinação das culturas populares ou <strong>se</strong> são uma perversa forma <strong>de</strong>colonização das suas imaginações, agravando sua subordinação econômica, política e histórica.O que reconstruí como narrativas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong> expõem esta tensão <strong>de</strong> forma subterrânea.O que explicitei foi a agência <strong>de</strong>stes homens e mulheres na escolha <strong>de</strong> suas estratégias paraparticiparem do “admirável mundo novo” do capitalismo recente, sua abertura para a “diferença”e festiva euforia relacionada aos <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> hibridação com o popular (subalterno).Como falei no início, meu texto é ambivalente, ao mesmo tempo em que explicita,obscurece. Esta inexatidão do corpo do texto não é <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> uma esquizofrenia, mas meuprofundo abraçar a perspectiva do diálogo bakhtiniano. Assim, resta fechar (ou abrir) estas notasfinais, com algumas indicações que acredito <strong>se</strong>rem importantes. Reafirmo que <strong>se</strong> faz necessáriaa profunda revisão dos usos teóricos e i<strong>de</strong>ológicos das categorias artesanato, cultura popular efolclore. Junto a isso, a revisão das perspectivas teórico-metodológicas, utilizadas para a análi<strong>se</strong>e interpretação das gentes e coisas da cultura popular. E, o mapeamento, aprofundamento e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!